Na Lua Cheia de maio, que acontecerá no próximo dia 12, se comemora, na tradição budista, o nascimento, iluminação e morte de Siddharta Gautama, o Buda. Conhecido como Lua Cheia de Wesak ou Vesak, Buddha’s Day, Buddha Purnima ou Buddha Jayanti, a época é auspiciosa, de caridade e reflexão.
Mas antes de falar mais sobre, queria adiantar uma curiosidade. Há mais de duas décadas, esta data não é somente especial para budistas ou espiritualistas, pois é importante, hoje, tanto no contexto geopolítico quanto energético. No artigo, vou te explicar o porquê.
A vida de Buda na Terra
O nascimento do Buda, foi um momento, provavelmente, em que a Terra recebeu muita luz. Frequências irradiadas por esse espírito que trouxe, em sua jornada de evolução, muitas bençãos e ensinamentos relacionados ao desenvolvimento pessoal de cada um.
Sua passagem por este plano durou 80 anos e ocorreu há mais de dois mil e quinhentos anos, mais precisamente, no ano de 683 A.C. Assim, deixou sua marca profunda em muitos corações e, por isso, na Lua Cheia do mês de Vaisakha, celebramos seu nascimento.
Importância da data
Nele, de maneira geral, se adotam práticas como meditação, canto de mantras, oferendas, doações, prática da caridade, leitura de textos e reflexão sobre os ensinamentos da figura tão importante. Milhões de budistas ao redor do mundo celebram e honram a presença, ensinamentos, e seu serviço à humanidade. Buda em sua imensa benevolência e amor, nos ensinou, e ainda nos ensina, as virtudes da compaixão, tolerância e paz interior. Não é isso que buscamos enquanto seres humanos coletivamente?
Quando acontece?
Apesar de existirem diversos calendários hindu, lunares, solares, lunissolares, quando a Índia conquistou a independência, um dos objetivos era unir todas as tradições presentes em um único calendário. Dessa forma, seguindo o calendário lunar hindu, o mês gregoriano de abril ou maio marca o instante tão importante. Já o período do nascimento de Buda (Vaisakha) acontece no mês lunar. Vesak, por sua vez, deriva da palavra Pali (língua clássica Indo-ariana, sagrada no budismo Theravada) vesākha, ou do sânscrito vaiśākha, que é o segundo mês do calendário.
Purnima – como já falamos em um artigo sobre o Maha Shivaratri – é a palavra em sânscrito para Lua Cheia. Por fim, Jayanti significa, em sânscrito, vitória ou triunfo, mas em outros casos, denota o nascimento de uma deidade ou de uma figura importante para a tradição. Exemplo disso é o Durga Jayanti, o nascimento e manifestação de Durga (deusa Hindu), que é o Durga Puja, o festival mais conhecido como Navaratri. Ou o Shiv Jayanti, feriado que celebra o aniversário de nascimento do rei Shivaji Maharaj no estado indiano de Maharashtra.
A importância
Energeticamente, esse dia é auspicioso, a Lua está mais próxima da Terra, podemos receber naturalmente mais insights em luas cheias, mas essa, em especial, carrega toda a egrégora coletiva de pensamentos em Buda. Por isso, é excelente para acessar conhecimentos mais virtuosos, ter um espertar espiritual e trilhar o caminho da Verdade. Podemos nos sentir mais inspirados a fazer o bem de alguma forma, ou sermos provocados a isso. Como um teste de paciência, ou de fé.
O que fazer neste dia de Lua Cheia de maio?
Se eu fosse você, que não é budista, mas anda experimentando a meditação, o yoga e essa busca pelo seu propósito, sentaria por alguns minutos para observar o que sente. Se ainda estiver muito agitado, você pode experimentar a meditação ativa. Por exemplo, com uma folha em branco, faça desenhos. Eu gosto de sugerir as mandalas – pelo vasto estudo que Jung nos revelou sobre a mandala e o inconsciente – ou pintar também em algum daqueles cadernos de colorir.
Importância geopolítica
Passemos, por fim, para a geopolítica desse dia. As Nações Unidas, em 1999, na resolução 54/115 da Assembleia Geral, reconheceu internacionalmente o Dia de Wesak. Isso foi um recado político de como a ONU se estrutura, em valores e imagem social. Esse marco foi uma construção de anos do antigo Secretário geral, Javier Perez de Cuellar. Em 1986, no dia de Wesak, ele ressaltou sua importância e refletiu sobre como a filosofia budista compartilha valores com a própria Carta da ONU: “Esta filosofia está no cerne da Carta das Nações Unidas e deve ser proeminente em todo o nosso pensamento, especialmente, durante este Ano Internacional da Paz. É um reconhecimento do budismo como tradição e a valorização da mesma para a espiritualidade humana, promoção de paz e harmonia no mundo”.
Ele, no mesmo evento, deixou claro o quanto a ONU valoriza a tradição budista no que tange a paz mundial: “Para os budistas em todos os lugares, esta é, de fato, uma oportunidade feliz, ao comemorar o nascimento, a iluminação e a morte de Gautama Buda, de celebrar sua mensagem de compaixão e devoção ao serviço da humanidade. Esta é hoje, talvez, mais relevante do que nunca”.
Por isso, desde 2000, em todas as Sedes e escritórios da ONU comemoram esse dia com mensagens de paz, reflexões e encontros. “Neste momento de conflito, os ensinamentos do Buda sobre tolerância, compaixão e serviço à humanidade são uma fonte de consolo e força. À medida que trilhamos o caminho para um futuro melhor, vamos desfrutar do espírito do Vesak”, declarou o Secretário Geral da ONU, António Guterres.
Momento de reflexão
Seja do ponto de vista energético, ou pensando na humanidade, e coletivamente no que estamos construindo enquanto sociedade, esse dia é importante para refletir sobre compaixão, tolerância e amor ao próximo. Não são somente palavras bonitas, virtudes impossíveis de alcançar. Pensar sobre aquele que te fez mal um dia e ver se é possível perdoar. Se não é, por quê? Pensar nas situações que não aconteceram do jeito que planejamos e buscar compreensão, maior, vista de outra perspectiva. Refletir sobre nossas escolhas e como estamos levando nossa vida. Tudo isso e mais, podemos fazer.
Espero que vocês apreciem a beleza da Lua cheia, mas busquem essa beleza e luz dentro de si. Só conseguimos enxergar a luz no escuro, se lembre disso.
*Texto da terapeuta Luiza Carisio