Após décadas, camada de gelo volta a crescer na Antártida
O fenômeno, apontado por pesquisadores da Universidade Tongji, compensou, temporariamente, a elevação global do nível do mar em, aproximadamente, 0,3 milímetros por ano

O fenômeno, apontado por pesquisadores da Universidade Tongji, compensou, temporariamente, a elevação global do nível do mar em, aproximadamente, 0,3 milímetros por ano
No final de 2024, um estudo da Universidade de Dartmouth apontou para o derretimento de toda a camada de gelo da Antártida até o ano de 2300. Com isso, haveria a elevação do nível global do mar, causando inundações costeiras, que forçariam o deslocamento de centenas de milhões de pessoas. Novas pesquisas, no entanto, trazem uma perspectiva mais positiva, pois indicam o primeiro aumento da massa gelada dessa região em décadas.
Para analisar a situação no extremo sul do Terra, cientistas da Universidade Tongji coletaram dados das missões GRACE e GRACE-FO, responsáveis por medir mudanças no campo gravitacional do planeta para detectar alterações no gelo. Assim, eles descobriram que, de 2011 a 2020, a Antártida vinha perdendo cerca de 142 gigatoneladas da massa por ano.
De acordo com os estudiosos, essa perda acelerada está relacionada à desestabilização das geleiras tanto na parte Ocidental, como em Wilkes Land–Queen Mary Land, na Oriental. Entretanto, a pesquisa, publicada na Science China Earth Sciences, demonstrou uma reversão significa desse processo. Isso porque ela destacou que, entre 2021 e 2023, o território ganhou anualmente 108 gigatoneladas de gelo.
Os especialistas atrelam essa recuperação ao aumento do volume de chuvas, que auxiliou o acúmulo de neve e possibilitou as novas formações das geleiras. Esse crescimento, por conseguinte, compensou, temporariamente, a elevação global do nível do mar em, aproximadamente, 0,3 milímetros por ano. Além disso, ele foi o primeiro registrado em décadas, chamando a atenção de estudiosos da área.
No entanto, os cientistas ainda não podem afirmar que o fenômeno ocorrerá novamente. Eles explicam que, por ter resultado de oscilações naturais do clima, e não de uma reversão do aquecimento global, não há evidências de que o crescimento se tornará comum. Mas, segundo a pesquisa, mudanças climáticas mais constantes e eficientes podem ocasionar a recuperação das massas em níveis significativos.