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DEPRESSÃO: precisamos falar sobre isso

Na coluna desta semana, Jamar Tejada não restringiu-se as explicações técnicas sobre a depressão, ele se aprofundou nas caraterísticas mais intrínsecas que acompanham pessoas que sofrem com o transtorno e apresentou alternativas que vão além dos remédios

Depressão e outros transtornos estão consumindo a população em tempos de pandemia e precisamos falar sobre isso – Pexels

Depressão, palavra que já se tornou comum nos novos tempos. Raro quem não tenha dito alguma vez, principalmente nesse último ano, que não tenha sofrido ou então estivesse em dúvida se estava ou não atravessando-a. A questão é que há uma diferença bem grande entre estar deprimido e estar triste, o tratamento também.

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Triste x deprimido

O deprimido não tem energia, sente-se sempre cansado, mal-humorado, irritado, em tédio profundo, apático, desanimado, desinteressado, sem foco, inseguro, com medo, sem amor-próprio e sem perspectiva no futuro. Já quem está triste, pode até sentir tudo isso, mas é pontual, a tristeza geralmente é causada por uma fonte, provem de um evento específico e quase sempre tem início, meio e fim.

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A depressão pode até ser causada pela tristeza, mas diferente desta, o “meio” estende-se por muito mais tempo, resultando alterações orgânicas e nunca é gerada por uma situação única, é o efeito de muitos problemas associados, quando o conjunto mente e sentimentos perdem a capacidade de ver a luz lá no fim do túnel, fazendo com que nosso corpo não tenha mais forças para se defender de todas as causas emocionais e estresse que já ultrapassaram a barreira do limite.

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A queixa de depressão é uma das que mais escuto no meu dia a dia de trabalho, mas o mais estranho é que quase sempre o indivíduo que dela reclama não sofre pela mesma, ou pelo menos encontra-se num estágio ainda muito fácil de ser revertido, já que o deprimido raramente busca ajuda, ele encontra-se apático e residindo num endereço distante, escuro e com tempo indefinido, não há interesse pela cura, a inércia de sentimentos passa bem, obrigado!

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Vulnerabilidade genética, medicamentos, principalmente quando se é refém desses por muitos anos, má alimentação, abuso de álcool, drogas, problemas médicos, um ritmo estressante de vida, uma situação negativa que se alonga por muito tempo, um trauma, seja a perda de um ente querido, ou mesmo a quebra de um relacionamento amoroso, entre tantos outros podem ser os agentes desencadeantes da depressão, mas também não se pode dizer que ela ocorre por um simples desajuste químico, falando numa linguagem mais biológica, fundamenta-se a depressão como um comprometimento da monoamina, redução da sua produção ou disfunção secundária do mensageiro ou  excesso de cortisol, assim como citocinas ou alterações esteroidais, alterações na transmissão GABAérgica e/ou glutamatérgica, e o comprometimento da função opioide endógena. A questão não é assim tão simples, a questão pode ser mais embaixo… no intestino talvez! Altos níveis de estresse podem alterar a composição de bactérias intestinais, que por sua vez podem influenciar o desencadeamento de transtornos psiquiátricos como a ansiedade e depressão. 

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Intestino x humor

Mas como funciona essa interação intestino e humor? A microbiota intestinal é a responsável por degradar os nutrientes que vem dos alimentos, formando o pH ideal para a conversão de uma substância chamada 5 hidroxitriptofano em serotonina, o famoso hormônio do prazer e bem-estar, isso ocorre quando sua microbiota  está equilibrada, mas quando o indivíduo apresenta uma disbiose (desiquilíbrio) intestinal, há uma interrupção nesse ciclo, o  5 hidroxitriptofano transforma-se em ácido linolênico causando a queda da produção e circulação da serotonina pelo organismo, que dá início a esses distúrbios comportamentais e emocionais, ou seja, mudanças súbitas de humor e de personalidade podem estar centralizadas no intestino.

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Logo, para um  diagnóstico de depressão, duas condições específicas devem ser investigadas: a disbiose intestinal e a hiperpermeabilidade intestinal e existem avaliações laboratoriais que podem detectar esses quadros. Antes de cair na saga dos medicamentos psicotrópicos, talvez uma simples cápsula de probiótico e uma mudança positiva na sua alimentação, ajustando sua microbiota, seja a solução para seus problemas. Em uma única semana de alimentação adequada, rica em fibras já ocorre uma grande mudança na sua qualidade de vida e não estou falando de peso, estou falando de mais risos!

Claro que nem toda depressão se ajusta dessa forma, mas uma melhora na alimentação já é um passo bem grande no contexto qualidade de vida. Muitas pessoas buscam uma solução mágica acreditando que a famosa fluoxetina pode ser a solução para seus problemas, até pode, se seus problemas são originados por um desbalanço químico, mas não se foi gerado por um estresse, mágoa, ou seja, não importa qual tenha sido o estopim, se você não solucionar a fonte geradora ela vai continuar a alimentar o tigre triste que existe aí dentro.

Há também quem faz uso de antidepressivos porque prefere mascarar sua realidade, ou mesmo não querer enxergá-la, o fato é que dificuldades existem para serem resolvidas e são nossa maior fonte de crescimento pessoal. Há um ditado que diz que não é possível atravessar as portas do céu, aquele que nunca enxergou através da janela do inferno.

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Infusões ansiolíticas

Outra alternativa na batalha contra a depressão pode estar numa simples xícara de infusão, mais conhecida erroneamente como xícara de chá. Algumas plantas contem componentes químicos que agem como ansiolíticos e antidepressivos, mas de forma mais amena, mas não sem eficiência, tanto que se ingeridas com medicamentos alopáticos pode acentuar os efeitos indesejados ou até mesmo inativar os efeitos positivos desse, por isso como sempre seja orientado pelo seu médico antes de automedicar-se. 

Entre as principais plantas medicinais indicadas estão a Melissa (Melissa officinalis) também conhecida como erva-cidreira e Camomila (Matricaria recutita), ambas com efeito ansiolítico. Já com efeito antidepressivo mais direto as mais popularmente utilizadas são a Erva-de-são-joão, ou Hypericum perforatum, a Passiflora (Passiflora incarnata) uma espécie de maracujá e a  famosa e amarga Valeriana (Valeriana officinalis), cada uma dessas plantas com sua particularidade quanto a dosagem e efeito, por isso mais uma vez ressalvo cuidado com a automedicação! Sim, planta não deixa de ser um medicamento!

O primeiro passo para tratar a depressão é reconhecê-la, embora pareça tarefa simples muitos não aceitam seu diagnóstico, feito isso parta para a luta e se essa partida for difícil, não tenha receio, medo, vergonha de buscar ajuda! O importante é dar os primeiros passos, nem que sejam passinhos de bebê! Levante da cama, mude sua alimentação, mire seus olhos no espelho, tome um bom banho! 

Comece com leves caminhadas — quem sabe não se empolgue e queira praticar alguma atividade mais intensa!? — tome um chazinho calmante, livre-se dos excessos e de tudo aquilo que não for necessário para sua vida, se souber de onde provem toda essa angústia, comece a cortá-la, não adianta podar por cima seu jardim se o mal está fortemente enraizado por baixo, é preciso arrancar de vez todas as raízes! Força, você é capaz, todos somos! Reavalie suas atitudes e mude o que tem que ser mudado. Sente-se sozinho? Não adianta reclamar da falta de um abraço depois de se trancar sozinho em casa! E se tiver que fazer uso de algum medicamento não tem problema, mas não faça dele sua âncora, o que vai te salvar é a energia que está aí dentro! É hora de reacendê-la! 

JAMAR TEJADA


Todas as quartas-feiras temos conteúdos exclusivos sobre métodos naturais para cuidarmos da saúde e do corpo… Daquele jeito que nós amamos!

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