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Febre: o sinal de alerta do nosso organismo

Na coluna dessa semana, o farmacêutico homeopata Jamar Tejada nos dá todas as informações sobre a febre, como medir e como lidar adequadamente com os sintomas

Febre: o sinal de alerta do nosso organismo
Febre: o sinal de alerta do nosso organismo – Pexels

Quando se fala em febre, o desespero bate e o pensamento vem: “Estou doente”. A primeira coisa que todos fazem é correr atrás de um antitérmico. Já as mães, dão aquele banho frio em seus filhos na tentativa de baixar a temperatura. Mas será que tudo isso está certo? Será a febre é realmente um grande problema?

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Em primeiro lugar, é importante saber que a temperatura do nosso corpo é controlada por uma área do cérebro chamada hipotálamo. Essa área age como um termostato ajustado para manter os órgãos internos a 37 ℃. Tudo é muito controlado. Há um equilíbrio entre os órgãos periféricos (pele, vasos sanguíneos, glândulas sudoríparas, etc.), que perdem calor em contato com o ambiente.

Quando há um desajuste nesse equilíbrio, essa produção de calor pelo processo metabólico dos tecidos internos faz a temperatura variar. Assim, a febre surge, ou seja, quando esse termostato natural eleva a temperatura em dois ou três graus acima dos valores habituais ou quando nosso organismo é agredido por um agente externo ou por uma doença dos órgãos internos.

Já deu para entender que a febre não é uma doença, nem um mal, mas uma reação do nosso corpo quando algo está errado. Sua causa está relacionada a diversos fatores, como vírus, bactérias, fungos, parasitas, insolação, desidratação, reação adversa a algum medicamento, doenças do sistema nervoso central, doenças neoplásicas (câncer de fígado, rins, intestinos, linfomas, leucemia), doenças cardiovasculares (infarto, tromboflebite, embolia pulmonar), hipertireoidismo, alguns tipos de hepatite, de doenças reumáticas, entre outros.

A temperatura corpórea considerada ideal varia entre 36  °C e 36,7 ºC, sendo geralmente mais baixa pela manhã e mais alta no fim da tarde ou à noite. Alterações de até um grau são aceitáveis em condições normais. Nas mulheres, por exemplo, após a ovulação, durante o ciclo menstrual e no primeiro trimestre da gravidez, ocorre uma elevação natural da temperatura. Logo, só é considerado febre quando a temperatura se encontra acima de 37,8 ℃.

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Classificação da febre

  • Febrícula: de 37,3 ℃ a 37,8 ℃;
  • Febre: acima de 37,8 ℃;
  • Febre alta: considera-se, em geral, a partir de 39 ℃.

Verificação de febre e termômetro

A única maneira de ter certeza de que uma pessoa está com febre é medindo sua temperatura com um termômetro, de preferência aqueles de versão eletrônica. Coloque o bulbo do termômetro nas dobras das axilas, aguarde cerca de 5 minutos com o braço imóvel e só retire para fazer a leitura.

A temperatura pode ser medida também no interior da boca ou do reto – porção final do intestino grosso, ou seja, o ânus. Esses métodos geralmente devem ser utilizado apenas em clínicas ou em hospitais, visto que essas áreas costumam ter um grau mais alto do que a temperatura medida nas axilas.

Embora a “medição da temperatura” por meio do toque na testa seja um método muito comum, não é nenhum pouco preciso e pode gerar enganos. O uso do termômetro é indispensável para medir a febre com precisão.

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Medir a temperatura várias vezes e anotar os valores

A maioria dos quadros febris é provocada por doenças infecciosas comuns e de curta duração, mas como a febre pode também ser um dos sintomas de várias enfermidades diferentes, é indispensável estabelecer o diagnóstico diferencial para orientar a conduta terapêutica.

Também é muito importante medir a temperatura três ou quatro vezes por dia e anotar os valores e horários da verificação. Saber se os picos febris são altos ou baixos e em que horário se manifestam, ajuda a identificar as enfermidades que possam estar envolvidas e a estabelecer o diagnóstico.

Sintomas da febre

A febre se instala quando o termostato (hipotálamo) se ajusta para fazer o corpo atingir uma temperatura mais alta. Nesse momento, começam os arrepios de frio que podem se transformar em tremedeira, seguida de sensação de calor intenso e sudorese. Outros sintomas são dores musculares, dores nas juntas, dor de cabeça, fraqueza, apatia, irritabilidade, indisposição, perda de apetite, boca seca e desidratação.

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Especialmente nas crianças, quando a febre se aproximam dos 40℃ ou ultrapassam esse limite, pode provocar confusão mental, delírios e até mesmo convulsões.

Tratamento da febre

Como a febre é apenas um sintoma, a escolha do tratamento está diretamente associada à doença de base, por isso a causa que deve ser tratada. Infecções por bactérias, por exemplo, podem exigir a prescrição de antibióticos – um tipo de medicamento absolutamente ineficaz quando o agente da infecção é um vírus. Medicamentos antitérmicos ou antipiréticos devem ser utilizados com cuidado – ou quando são absolutamente necessários – já que medicar a febre pode acabar mascarando a doença que está por trás.

Geralmente, a febre é gerada por germes causadores de infecções de curta duração (gripes, resfriados, algumas infecções intestinais, amidalites, pneumonias, etc.), nas quais o próprio sistema de defesa do organismo consegue eliminar, não havendo então a necessidade de medicamentos especiais para tratamento da febre. Mas, de modo geral, hidratação, repouso e analgésicos para aliviar os sintomas são medidas suficientes para o conforto do paciente.

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Por outro lado, a febre provoca sonolência, indisposição e falta de apetite, podendo até mesmo dificultar a avaliação médica. Dessa forma, o uso dos antitérmicos pode ser válido para também melhorar o conforto e o bem-estar.

Febre e convulsões em crianças

A convulsão causada pela febre acontece somente em crianças que já tenham uma predisposição genética e pode acontecer mesmo com quadros subfebris, a partir de 37 °C. Felizmente, a convulsão febril não causa maiores transtornos nem danos neurológicos, mas antes de chegar a esse ponto, espera-se que os pais já tenham buscado ajuda médica.

Deve-se tirar a roupa para baixar a febre?

Embora a superfície corporal esteja quente, a tendência é que a pessoa febril sinta muito frio. Por isso, é mais indicado manter-se agasalhado, mas sem exageros para evitar que a temperatura do corpo suba ainda mais. Contudo, depois de tomar um antitérmico, a febre vai baixar e a criança poderá suar excessivamente, sentindo muito calor. Nesse caso, é melhor ficar apenas com roupas leves, de forma que se sinta mais confortável.

Por que sentimos frio quando estamos com febre?

Com a febre, nosso corpo começa a perder calor rapidamente. Esse processo é iniciado quando os vasos sanguíneos da pele começam a dilatar para enviar o calor para o meio externo do corpo, daí a sensação de frio.

Passar álcool no corpo e banho gelado ajuda a baixar a febre?

Não. O álcool evapora facilmente da superfície corporal, resultando uma sensação de resfriamento na pele – assim como um banho frio. Além disso, o organismo pode entender que a pessoa sofreu uma queda de temperatura muito brusca, tentar compensar isso e aumentar ainda mais a febre. Não esquecendo que o álcool pode intoxicar crianças.

Não se esqueça que a elevação da temperatura corporal acelera a desidratação, pois pode provocar suor excessivo. Por isso, é muito importante manter o paciente sempre hidratado com água, chás e sucos naturais.

Podemos antecipar o intervalo indicado na bula do medicamento se a febre voltar a subir depressa?

Não. Você estará transformando um remédio seguro em uma droga potencialmente perigosa. Lembre-se que doses muito altas de paracetamol, por exemplo, podem agredir os rins e o fígado. Procure ajuda médica se a febre não baixar. Em geral, o recomendável é só repetir a dose do antitérmico depois de 4 a 6 horas da ingestão anterior do remédio. Algumas drogas, como a dipirona, pedem intervalos maiores e podem ser repetida a cada oito horas, salvo outra sugestão do médico.

Como a homeopatia trata a febre?

Ao fazer a prescrição de homeopatia durante os processos febris, o médico homeopata não objetiva abaixar a febre, mas, sim, ajudar o organismo a completar esse trabalho de defesa mais prontamente e contornar os possíveis efeitos colaterais que o acompanham. Por exemplo, se o quadro febril está ocorrendo devido uma infecção, o objetivo do tratamento homeopático será cuidar desta infecção e não do sintoma “febre” que, naturalmente, irá reduzir a medida que o seu agente causador é eliminado, trazendo o indivíduo ao seu equilíbrio biológico.