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Fibromialgia: o que é e como controlar esta dor que faz parte da rotina?

Na coluna dessa semana, Jamar Tejada fala sobre a fibromialgia, doença que atinge cerca de 2,5% da população mundial, sua causa, diagnóstico e tratamento

Fibromialgia: o que é e como controlar esta dor que faz parte da rotina?
Fibromialgia: o que é e como controlar esta dor que faz parte da rotina? – Freepik

Existem pessoas que são “reclamonas”, vivem se queixando de dores quando, na verdade, só querem atenção. Mas há também os que realmente sofrem com dores no corpo o tempo todo. Essas são pessoas com fibromialgia.

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É impressionante saber que essa doença atinge cerca de 2,5% da população mundial. Aqui no Brasil afeta 2% da nossa população, sendo sete vezes mais comum em mulheres do que em homens, se manifestando geralmente entre 30 e 55 anos, coincidentemente a época onde o estresse da vida adulta é inevitável.

Até pouco tempo, pessoas que sofriam de fibromialgia procuravam médicos de várias especialidades e faziam diversos exames, mas nada encontravam, pois não havia lesão e nem inflamação. Devido sua complexidade, muitos eram – e ainda são – mal diagnosticados e acabam sendo tratados com medicamentos controlados, analgésicos, antidepressivos e ansiolíticos, já que acreditavam que a dor fosse imaginária.

Afinal, o que é fibromialgia?

A fibromialgia, também conhecida como Síndrome de Fibromialgia, Síndrome de Joanina Dognini e popularmente chamada de Fibro, é uma doença crônica caracterizada por dores difusas, espalhadas pelo corpo todo, apresentando hipersensibilidade ao toque e à compressão em alguns pontos do corpo.

Rigidez e fraqueza muscular, fadiga e alterações do sono são comuns, podendo também ocorrer problemas relacionados à memória, ansiedade, depressão, dores de cabeça, tontura e disfunções intestinais. Esses sintomas podem ocorrer de tempos em tempos ou se manter por longos períodos. Embora ainda não tenha cura, com o manejo adequado é possível reduzir e controlar os sintomas

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Qual a causa da fibromialgia?

A causa ainda não foi esclarecida, mas muitas vezes a doença começa a se manifestar após um processo infeccioso grave ou mesmo após um trauma físico ou psicológico.

O quadro de dor generalizada se dá por uma sensibilidade maior à dor, devido ativação inadequada de regiões cerebrais, como o córtex sensorial primário, córtex posterior da ínsula e a amígdala, que controlam a resposta a estímulos dolorosos.

Com o passar do tempo, estudos começaram a apontar que a fibromialgia, na verdade, está ligada à forma exagerada que o cérebro recebe os estímulos de pressão e processa a dor, na qual um simples abraço ou mesmo um aperto de mão desencadeiam uma dor intensa.

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Em geral, o quadro começa com uma dor localizada que não passa e que vai aumentando até atingir o todo o corpo. Obviamente, o quadro piora quando há ainda mais estresse, excesso de esforço físico, infecções e exposição ao frio, por exemplo.

A fibromialgia é uma condição comum, ficando atrás apenas da artrite, quando se trata de doenças musculoesqueléticas.
Hoje em dia já existem exames específicos desenvolvidos em estudos de neurociência que conseguem mostrar imagens dos cérebros de pessoas com e sem fibromialgia, mostrando que o paciente fibromiálgico tem mais neurotransmissores de dor que uma pessoa normal, mas o que ainda não foi descoberto é por que a doença afeta mais mulheres que homens (a cada 10 pacientes, de 7 a 9 são mulheres). O que se sabe é que não parece haver uma relação com hormônios, pois a doença pode ocorrer em qualquer idade, até em crianças.

Como é feito o diagnóstico?

A fibromialgia, até os anos 90, era diagnosticada a partir de um exame físico desenvolvido por 20 reumatologistas para testar a sensibilidade dos pacientes. Neste caso, eram pressionados 18 pontos do corpo. Se o paciente apresentasse dor em mais de 11 pontos, teria o diagnóstico de fibromialgia.

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Atualmente, esse tipo de exame ainda é utilizado, mas o relato de sintomas, principalmente a dor difusa é em que se baseia o diagnóstico, descartadas outras causas possíveis. Para isso, geralmente são solicitados diversos exames laboratoriais e de imagem, além do exame físico detalhado.

Quais são os sintomas da fibromialgia?

Vários sintomas podem surgir em pessoas com fibromialgia, mas a dor generalizada difundida pelo corpo todo é a principal.
É uma dor que não é forte e nem aguda, com duração de pelo menos 3 meses, em que, geralmente, o paciente não recorda quando começou e se havia algum local específico ou se a dor era pelo corpo todo.

A fibromialgia costuma piorar os sintomas no final do dia, devido ao estresse ao longo do mesmo, mas a situação é bem específico de pessoa para pessoa, pois há quem sofra mais estresse logo cedo, mediante a ansiedade de iniciar mais um dia. Como a dor geralmente aparece aos poucos, o paciente começa a ficar habituado a ela e a dor costuma a fazer parte da rotina.

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Outros sintomas que podem aparecer na fibromialgia são:

• Muita sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura: muitos pacientes não toleram ser agarrados ou abraçados;

Sono não reparador: essa condição afeta 95% dos pacientes e faz com que tenha um sono superficial ou interrompido. Sem o sono profundo, o corpo não descansa e a pessoa acorda já cansada, mesmo que tenha dormido por bastante tempo, aumentando a fadiga, a contração muscular e a dor;

Distúrbios do sono: como a síndrome das pernas inquietas (desconforto grande nas pernas que faz com que a pessoa queira esticá-las e andar) ou apneia (parar de respirar durante o sono);

Cansaço e fadiga constante: sintoma que vai além da fadiga causada por sono não reparador. Os fibromiálgicos apresentam tolerância baixa a exercícios e isso pode dificultar o tratamento.

Alterações cognitivas: dificuldade de atenção e concentração, falta de memória, raciocínio lento e problemas de linguagem. Isso acontece porque o cérebro precisa lidar com a dor constante, então acaba prejudicando outras tarefas;

Sensibilidade diversa: como a fibromialgia ocorre devido à amplificação da dor no sistema nervoso central, outros estímulos acabam sendo amplificados também. Por exemplo: incômodos gastrointestinais (ocorridos em 60% dos pacientes), dores de cabeça, bexiga sensível, Síndrome de Raynaud (alteração da cor das mãos e pés quando em situações de frio ou estresse) e sensibilidade a barulhos altos e cheiros fortes;

Isolamento e falta de prazer nas coisas que gostava antes: isso ocorre por conta da dor constante, que ocupa toda a mente da pessoa fibromiálgica.

Inchaço: a fibromialgia em si não causa inchaço, mas ele pode ocorrer devido às contrações musculares por causa da dor;

• Depressão e ansiedade: metade das pessoas com fibromialgia apresentam depressão e essa condição piora o sono, diminui a disposição para fazer exercícios, aumenta a fadiga e a sensibilidade do corpo.

Como funciona o tratamento?

A abordagem multidisciplinar é o melhor caminho a seguir e, se possível, é importante conciliar o tratamento com o médico reumatologista e com o psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta e terapeutas.

Apesar de parecer que a atividade física possa agravar os sintomas, sua prática regular é a melhor forma de controlar as dores. Atividades tanto aeróbicas quanto as anaeróbicas, como fisioterapia, pilates, caminhada, alongamento, natação, musculação e até uma corrida leve são mais do que bem-vindas! Isso porque os exercícios liberam endorfina, melhorando o fluxo do sangue e trazendo um relaxamento corporal, melhorando o humor, a qualidade de vida, a depressão, a ansiedade, o sono e a fadiga.

Aliado aos exercícios, o uso de compressas quentes e massagem podem contribuir muito na redução da dor. Terapias complementares e alternativas como acupuntura, biofeedback (técnica utilizada para conscientização e relaxamento) e intervenções quiropráticas também ajudam no controle dos sintomas. Além disso, a prática da meditação ou participar de algum grupo de apoio pode ajudar a pessoa a compreender e lidar com a doença, conseguindo apoio e autoconhecimento.

A alimentação influencia?

É claro que uma alimentação saudável é fundamental e os alimentos podem ajudar ou agravar a fibromialgia de acordo com os ativos que neles apresentam, por isso, uma dieta variada e rica em antioxidantes, longe de alimentos inflamatórios, como refinados, embutidos e ricos em açúcar, conservantes e edulcorantes também é mais do que bem-vinda.

Uma revisão sistemática que avaliou 17 intervenções nutricionais diferentes concluiu que a adoção de uma dieta vegana ou low FODMAP (dieta com nutrientes que podem sofrer rapidamente um processo de fermentação pelas bactérias da microbiota do trato digestivo) podem reduzir a intensidade da dor reportada pelos pacientes.

Algumas dicas de alimentos benéficos para os fibromiálgicos:

Alimentos ricos em triptofano: arroz integral, mel, carnes magras, iogurte desnatado, queijos brancos, leguminosas, nozes, damasco, açaí e banana;

Alimentos ricos em melatonina: amendoim, aveia, cereja e vinho;

Alimentos antioxidantes: frutas como açai, goji berry, maçã; verduras, chá verde, cúrcuma, cacau e chia;

Alimentos que atuam na redução do estresse/cortisol/ desintoxicante: abacate clorella.

A suplementação pode ajudar?

A suplementação também pode ser uma aliada no manejo da fibromialgia. Estudos já concluíram que alguns suplementos, como a coenzima Q10, a acetil-L-carnitina e a associação de vitaminas C e E melhoraram significativamente a dor dos indivíduos com fibromialgia.

Fitoterapia na fibromialgia

A natureza disponibiliza diversas plantas com várias ações que podem auxiliar nos sintomas da fibromialgia, mas de forma alguma faça uso desses fitoterápicos sem buscar auxílio de um profissional de saúde, seja seu médico, farmacêutico ou nutricionista especializado.

Bem orentadas, algumas plantas bem utilizadas na fibromialgia, são elas:

Plantas com ação anti-inflamatória: são as que vão ajudar a controlar as dores e inflamações causadas pela doença, tais como: Unha de gato, Ipê roxo, Canela de velho, Erva baleeira, Arnica Montana, Garra do Diabo e Nigella sativa;

Plantas com ação adaptógena: que vão dar mais disposição para o paciente, diminuindo a fadiga como Rodiola rosea, Ashawaganda e Ginseng coreano;

Plantas com ação calmante: ajudam a ter uma boa noite de sono e assim amenizar o estresse e ansiedade. São elas: Hipérico , Kawa Kawa, Mulungu, Camomila, Melissa e Valeriana;

Lembre-se que você não está sozinho. É possível encontrar maneiras saudáveis de lidar com a dor e manter uma boa qualidade de vida. A união faz a força!

Um ótimo tratamento e conte comigo.