Hipotireoidismo: o que é e como atrelar a fitoterapia ao tratamento?

Na coluna dessa semana, Jamar Tejada descreve as características do hipotireoidismo e explica a relação das plantas no tratamento do problema na tireoide

Hipotireoidismo: o que é e como atrelar a fitoterapia ao tratamento?
Hipotireoidismo: o que é e como atrelar a fitoterapia ao tratamento? – Freepik

Apesar de oficialmente o verão chegar em 2023 só no final de dezembro, o calor já chegou faz tempo e com ele as roupas que deixam o corpo a mostra, resultando na busca milagrosa pelo emagrecimento no último minuto do segundo tempo!

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Aquela promessa que todo final de ano é feita, mais uma vez foi adiada e uma das desculpas que mais ouvimos por aí é que a causa do “engorde” é seu “problema na tireóide”, sem ao menos ter idéia do que seja ou mesmo sem ter feito quaisquer exames clínicos para afirmar isso. Então antes de usar essa desculpa, vamos entender o que é o hipotireoidismo?

O que é o hipotireoidismo?

Primeiramente, saiba que ele pode, sim, ser uma boa desculpa, já que a incidência do hipotireoidismo é alta, cerca de 4,7 milhões de brasileiros acima dos 35 anos têm esse distúrbio.

O hipotireoidismo é uma alteração da tireoide, uma glândula localizada no pescoço, produtora de hormônios que regulam o metabolismo do corpo, em que há diminuição da produção dos hormônios T3 e T4, a tri-iodotironina e a tiroxina, respectivamente.

Dessa forma, por meio dos hormônios que produz, a tireoide influencia quase todos os processos metabólicos em nosso corpo, já que os hormônios da tireoide são responsáveis por regular funções vitais, como o sistema nervoso central e periférico, temperatura corporal, frequência cardíaca, níveis de colesterol, força muscular, peso corporal e até a respiração.

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Normalmente, a glândula tireoide não pode ser vista e mal pode ser sentida. Se aumentar, os médicos podem senti-la: uma protuberância proeminente (bócio) pode aparecer abaixo ou nas laterais do pomo-de-adão.

O T4 é o principal hormônio produzido pela tireoide, enquanto que a principal fonte de T3 no organismo vem da conversão periférica através do T4. Quando o T3 e o T4 aparecem abaixo do normal em exames de sangue, o paciente pode ser diagnosticado com o hipotireoidismo. Quando isso acontece, podem surgir sintomas como cansaço excessivo, falta de memória, alterações menstruais, depressão e mudanças do humor, prisão de ventre, diminuição dos batimentos cardíacos, transpiração excessiva, queda de cabelo, pele ressecada e o assustador aumento do peso.

Como surgem as alterações na tireóide?

Em alguns casos, nódulos duros se formam no interior da glândula. É possível, entre outras coisas, notar uma pequena protuberância na área da glândula. Em boa parte das vezes, os nódulos não são perigosos. Os nódulos da tireoide não são evitáveis, mas podem ser tratados buscando auxílio de um médico endocrinologista.

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As causas mais comuns de problemas pela tireoide alterada são, geralmente, de ordem congênita, resultado de medicamentos ou devido transtornos autoimunes. No entanto, alguns hábitos podem prejudicar a produção equilibrada de hormônios, como:

  • Baixa ingestão de iodo (condição conhecida como bócio. Ocorre o aumento da tireoide, contudo, tendo uma quantidade menor de hormônios T3 e T4 pela diminuição da concentração de iodo);
  • Alta quantidade de soja na dieta;
  • Abuso de bebidas alcoólicas;
  • Consumo elevado de refrigerantes diet;
  • Tabagismo;
  • Baixa ingestão de gorduras saudáveis;
  • Dieta rica em carboidratos e açúcar;
  • Consumo excessivo de margarina e outros óleos vegetais refinados
  • Sedentarismo;
  • Estresse;
  • Poucas horas de sono;
  • E, infelizmente para os amantes de café, o consumo excessivo de cafeína.

Outra causa do hipotireoidismo, na maioria das vezes, é a Tireoidite de Hashimoto, doença autoimune em que os anticorpos atacam a tireoide como se fosse nociva para o corpo. O hipotireoidismo pode surgir também durante a gravidez ou período pós-parto, voltando ao normal logo em seguida.

O hipotireoidismo também pode estar relacionado ao tratamento do hipertireoidismo. O uso de medicamentos como carbonato de lítio, amiodarona, propiltiouracil e metimazol também podem levar ao hipotireoidismo. Abaixo, falaremos sobre a diferença entre um e outro.

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Qual a diferença entre hipotireoidismo e hipertireoidismo?

Diferente do hipotireoidismo, que representa a diminuição na atividade da tireoide, o hipertireoidismo acontece quando a tireoide funciona de forma mais rápida que o normal, produzindo os hormônios de forma excessiva, o que leva a desenvolver outros problemas de saúde, como a osteoporose e a insuficiência cardíaca congestiva. Além disso, sintomas como insônia, nódulos no pescoço, nervosismo, intestino irregular, perda ou ganho de peso, sensação de calor excessiva e fraqueza muscular podem ocorrer.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do hipotireoidismo é feito com base no relato clínico do paciente e confirmado por meio de exames de sangue, que avaliam os níveis hormonais produzidos pela tireoide.

No caso do hipotireoidismo congênito, em que o indivíduo já nasce com a tireoide alterada, o exame para diagnóstico da doença é o “teste do pezinho”, feito entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê e caso detectado durante o teste, o tratamento deve ser iniciado de imediato para evitar importantes consequências à longo prazo, como alterações no desenvolvimento cognitivo, por exemplo.

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Tratamento

Geralmente, o tratamento do hipotireoidismo envolve a reposição do hormônio tireoidiano usando diferentes preparações orais, como por meio de uma forma sintética de T4 (levotiroxina).

No entanto, em certos casos, pode ser necessário o uso de doses elevadas. Em idosos, a dose inicial e a taxa de aumento são especialmente pequenas, devido ao maior risco de reações adversas. A dose deve ser aumentada gradualmente até que os níveis de TSH no sangue voltem ao normal.

Fitoterapia como aliada do tratamento contra o hipotireoidismo

A fitoterapia também pode ser aplicada, acessando o poder das plantas, para ajudar o organismo a normalizar funções fisiológicas prejudicadas e restaurar a imunidade enfraquecida, assim como promover a desintoxicação e o rejuvenescimento.

Existem fitoterápicos que contribuem para o bom funcionamento da glândula tireóidea como, Guggulu, Iris versicolor, Leonuruscardíaco, Commiphoramukul, Melissa officinalis, Vitex agnus-castus, Curcuma longa, entre outros.

Vale alertar que nenhum fitoterápico substitui o tratamento com a administração dos hormônios da tireoide, mas há alguns que podem auxiliar para seu bom funcionamento. Abaixo, listamos os 8 principais fitoterápicos descritos na literatura utilizados para otimizar a saúde da tireoide. Converse com seu médico endocrinologista ou mesmo nutricionista. Esses fitoterapicos podem ser adquiridos na forma de cápsulas em farmácia de manipulação.

Ashwagandha

É recomendado pelos curandeiros tradicionais para vários distúrbios hormonais, incluindo desequilíbrios da tiroide e bócio. Ashwagandha atua como um adaptógeno para estabilizar os processos fisiológicos, promover a homeostase e revitalizar o corpo.

Outros estudos científicos relataram atividades hipnóticas, ansiolíticas, hipotensoras, imunomoduladoras, anti-inflamatórias e antioxidantes sedativas. Além disso, a ashwagandha pode potencialmente melhorar o hipotireoidismo, uma vez que reduziu as concentrações séricas de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) em animais experimentais.

Em um ensaio clínico randomizado conduzido entre pessoas com transtorno bipolar, melhorou os índices laboratoriais da tireoide (TSH, T4 e T3) como um resultado auxiliar. No entanto, os efeitos colaterais potenciais podem incluir dor de estômago, diarréia e sonolência.

Gengibre

O gengibre é um tempero comum, mas a raiz é classificada como uma erva. O gengibre tem muitos benefícios à saúde, incluindo propriedades antiinflamatórias, antioxidantes e antibacterianas. O gengibre pode beneficiar pessoas com hipotireoidismo. A erva também pode reduzir o peso e regular os perfis lipídicos e hormonais.

Interessante um estudo onde sessenta pacientes com hipotireoidismo, com idades entre 20 e 60 anos e com concentrações séricas normais de TSH, foram alocados aleatoriamente em dois grupos de estudo: gengibre (500 mg duas vezes ao dia) ou placebo por 30 dias.

A suplementação de gengibre levou a uma diminuição significativa no peso corporal, índice de massa corporal, circunferência da cintura, níveis séricos de TSH, TG e colesteol em comparação com o placebo. Dessa forma, os resultados preliminares apontaram que a suplementação de gengibre pode ajudar a aliviar os sintomas persistentes do hipotireoidismo.

Se os indivíduos tomarem doses maiores, o gengibre pode ter efeitos colaterais potenciais, incluindo irritação na boca e garganta, desconforto digestivo, azia e diarreia.

Agarwood

Na medicina tradicional, o agarwood, ou Aquilaria malaccensis, pode desempenhar um papel na ajuda ao câncer de tireoide. Isso ocorre porque o agarwood contém antioxidantes que são prejudiciais para várias linhagens de células cancerígenas. Mas mais estudos são necessários quanto seus benefícios para o câncer de tireoide e para compreender melhor quaisquer efeitos colaterais potencialmente prejudiciais.

Atriplex halimus

A medicina tradicional argelina comumente usa a erva Atriplex halimus para tratar distúrbios da tireoide. Pesquisas sugerem que esse fitoterápico beneficia tireoides hiperativas e hipoativas e é eficaz no tratamento de cistos da tireoide devido ao seu conteúdo fitoquímico. No entanto, atualmente há pouca pesquisa nessa área, portanto, os perigos e efeitos colaterais são desconhecidos.

Black cumin (cominho preto)

O cominho preto, ou Nigella sativa, é outra erva que a medicina tradicional argelina usa para tratar problemas de tireoide. Contém fitoquímicos e componentes biológicos que apoiam várias funções no corpo, incluindo: alcaloides, cumarinas, flavonoides e fenólicos.

Um estudo de 2016 que analisou o efeito do cominho preto na tireoidite de Hashimoto, mostra que o cominho preto geralmente pode melhorar o estado da tireoide, bem como para pessoas com essa condição específica.

O cominho preto é provavelmente seguro quando tomado em pequenas doses por um curto período de tempo. No entanto, algumas pessoas relatam erupções cutâneas alérgicas e aqueles que tomam medicamentos para afinar o sangue devem evitar completamente o cominho preto.

Bunium incrassatum

Bunium incrassatum é uma erva medicinal que pode beneficiar pessoas com diferentes problemas de tireoide. Em um estudo recente em 2022 realizado em ratos descobriu que a erva pode ajudar a reparar o tecido da tireoide danificado devido a uma tireoide hiperativa e hipoativa. Outros estudos confirmarão os benefícios em humanos, mas a erva tem propriedades antioxidantes e contém fitoquímicos que podem proteger as células.

Saussuria costus

Há pequenas elevidências científicas para apoiar o papel de Saussurea costus no tratamento de doenças da tireóide. No entanto, a Saussurea costus continua a desempenhar um papel significativo na medicina tradicional, e algumas pesquisas em modelos animais descobriram que o fitoterápico tem benefícios para o controle das condições da tireóide.

Plantas que devem ser evitadas

Embora algumas ervas possam beneficiar a saúde da tireoide, outras podem piorar as condições da tireoide. Uma pesquisa de 2019 afirma que o consumo frequente de extratos da erva aipo pode induzir hipertireoidismo, afetando negativamente a função da tireoide. A Urtica dioica, é outra erva que pode afetar adversamente o controle do hormônio tireoidiano.


Bibliografia:
https://www.medicalnewstoday.com/articles/herbs-that-imporove-thyroid-health#herbs-and-the-thyroid