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Lambida é sinal de carinho, mas pode ser perigoso: doenças transmitidas pela saliva animal

Na coluna dessa semana, o farmacêutico homeopata Jamar Tejada faz alerta sobre as possíveis doenças transmitidas por cães pela boca

Lambida é sinal de carinho, mas pode ser perigoso: doenças transmitidas pela saliva animal
Lambida é sinal de carinho, mas pode ser perigoso: doenças transmitidas pela saliva animal – Freepik

Quem não ama receber aquela lambida do seu cãozinho? Uma lambida é uma das formas que nossos bichanos utilizam para demonstrar carinho. Tem gente que os ama tanto que divide a própria cama. Mas será que isso está certo?

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A grande maioria justifica o fato dizendo que os seres humanos são muito mais imundos. E eu concordo que carregamos milhares de bactérias e até parasitas, mas essa minha matéria não é uma competição entre quem é mais contaminado e, sim, um esclarecimento sobre como a falta de cuidados com os nossos pets pode prejudicar e muito nossa saúde!

Doenças que a saliva canina provocar nos humanos

A boca dos cães está carregada de bactérias – em média, 400 espécies de microrganismos – e possui uma flora bacteriana potencialmente patogênica para nós, seres humanos, que pode causar diversas doenças se vencida a barreira de proteção da pele. A saliva do animal em contato com boca, nariz ou olhos humanos pode causar infecções intestinais, gastroenterite ou colecistite.

Sabemos que nossa boca também não é lá nada limpa. Temos algo entre 400 e 500 espécies de bactérias – tanto quanto os bichinhos. A questão é que as bactérias da nossa boca não são as mesmas da boca dos nossos cães. Na verdade, apenas 15% das espécies encontradas na saliva do cachorro “vivem” também na nossa boca e isso pode ser um problema.

Mas assim como com os humanos, as bactérias bucais caninas variam de cãozinho para cãozinho. Após pesquisas e estudos científicos, se notou na saliva do cachorro a presença de algumas bactérias muito nocivas. Alguns exemplos são a Pasteurella multocida, que associada à meningite, a Capnocytaphaga caninorsus, associada à septicemia e a Salmonella typhi, associada à salmonelose.

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Alguns outros gêneros de bactérias comuns nos cachorros são a Clostridium, Escherichia coli e Campylobacter. A Escherichia pode causar a colecistite (inflamação da vesícula biliar), a Salmonella, salmonelose, e as Campylobacter, a gastroenterite (inflamação que afeta o estômago e o intestino).

A bactéria Clostridium causa tétano e está associada a objetos de metal enferrujados, mas também pode ser encontrada na terra, areia, plantas e na madeira.

Que fique claro que essas bactérias não estão presentes em todos os cães e mesmo nos que as possuem, elas podem não causar problemas. Quando a lambida foi recebida longe da boca, nariz ou olhos e atinge, por exemplo, as bochechas ou mãos, sem feridas, dificilmente ele transmitirá doenças.

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Nos cãezinhos, essas bactérias não causam nenhum problema, pelo contrário, elas ajudam os animais na limpeza e até na cura das próprias feridas. O problema é quando os microrganismos entram em contato com as mucosas humanas, ou penetram na pele por meio de feridas.

Pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como idosos ou pessoas que utilizam medicamentos como imunossupressores, podem ser ainda mais vulneráveis às bactérias caninas.

Parasitas

Existem ainda parasitas que podem ser carregados pelos pets. Doenças como a ancilostomíase e ascaridíase (causada pela lombriga) são transmitidas ao homem pela ingestão de ovos ou larvas presentes no solo ou em alimentos contaminados. Contudo, esses agentes podem também entrar em contato com os cães quando eles entram mexem em fezes encontradas na rua, jardins ou quintais.

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O famoso bicho geográfico (Larva migrans) é uma doença causada por parasitas intestinais do cão e também do gato. Os animais infectados eliminam os ovos nas fezes que se transformam em larvas e podem penetrar na pele humana. Sim! Eles penetram! Então dormir com seu cãozinho e gatinha na cama… preciso continuar?

Nos animais, o bicho geográfico pode provocar tosse, pneumonias, diarreia, vômito, perda de apetite, emagrecimento, perda de pelos e anemia. Em humanos isso não ocorre, porque a larva não consegue se aprofundar até atingir o intestino, mas ela caminha sob a pele formando um túnel tortuoso e avermelhado. A doença é mais comum em crianças. As lesões, que geralmente apresentam-se nos pés e nas nádegas, são acompanhadas de muita coceira.

Como prevenir?

Os pets que costumam passear na rua devem tomar vermífugo a cada três meses. Os que não saem de casa podem ser vermifugados a cada seis meses. Donos de animais também devem tomar vermífugo anualmente.

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Procure evitar andar descalço em locais frequentados por cães e gatos e cubra as caixas de areia e brinquedos de crianças durante a noite para que os animais utilizem o local como banheiro. Recolha sempre as fezes de seu cachorro e estimule outros donos a fazerem o mesmo.

Não leve seu bicho de estimação à praia. Os ovos e larvas eliminados no cocô do animal infectado vivem por mais tempo em contato com areia ou terra.

Leptospirose

Os animais infectados pela bactéria leptospira interrogans, comum na urina de ratos, liberam essa bactéria pela urina, que, em contato com os seres humanos, transmite a doença. Em alguns casos, mesmo quando vacinados, há risco de os animais tornarem-se portadores da bactéria. Ela penetra pela pele (molhada ou com lesão), via mucosas (boca, olhos, nariz) e também pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Essa contaminação é ainda mais comum em locais que sofrem alagamentos.

Nos animais, os sintomas mais comuns são falta de apetite, vômito, febre e urina de cor amarronzada. A bactéria atinge os rins e o fígado do animal. Nos humanos, a doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas semelhantes a uma gripe. Febre alta que começa de repente, mal-estar, dor muscular, cansaço e calafrios.

Quando a doença apresenta icterícia (pele amarelada), tanto em humanos quanto em animais, pode representar um agravamento (geralmente atinge 10% dos doentes). A doença pode levar à morte.

Para prevenir, não deixe comida em vasilhames destampados. Combata os ratos e vacine semestralmente os animais contra leptospirose.

Micoses

São causadas por fungos que atingem a pele, as unhas e os pelos dos animais. Quando os fungos se encontram em condições favoráveis ao seu crescimento, como locais muito úmidos, calor e baixa imunidade, eles se multiplicam e começam a provocar os sintomas da doença.

Nos humanos, as lesões são arredondadas, avermelhadas ou esbranquiçadas e geram coceira no local. Cães e gatos podem apresentar lesões semelhantes aos humanos, mas com queda de pelo e, geralmente, sem coceira. Por isso, seque bem o bichinho após o banho, inclusive, nas dobras e entre os dedos.

Raiva

A famosa raiva é provocada por vírus que ataca o cérebro e os nervos dos animais e dos seres humanos, causando a morte. É transmitida pela mordida ou pela saliva do animal.

Mudança de comportamento, agressividade, salivação (o animal baba muito, pois não consegue engolir) e paralisia são alguns sintomas. Os sinais clínicos nos humanos são parecidos com os dos animais. Nem todo cão ou gato que saliva (baba) ou é agressivo estará com raiva. Se o bicho apresentar os sintomas, procure imediatamente um veterinário. A prevenção é a vacina anual do seu cão ou gato a partir dos quatro meses de vida.

Sarna

É causada por ácaros de diversas espécies e transmitida através do contato direto com o animal. Nos animais a sarna se manifesta por crostas espessas na pele, queda dos pelos, manchas avermelhadas e coceira. Nas pessoas, a sarna se manifesta por manchas vermelhas na pele e coceira. Por isso ,dê banho no animal e higienize sempre o local onde ele fica. Evite contato caso seu cãozinho esteja contaminado.

E como evitar a contaminação?

A melhor maneira de impedir que doenças sejam transmitidas pelas lambidas é manter as vacinas dos animais em dia. Os cães também precisam tomar medicamentos que evitam vermes e larvas, principalmente os mais jovens e é recomendável impedir que os cães tenham contato com fezes.

Outra precaução importante é lavar as mãos com água e sabão após o contato com os pets e é claro que é de extrema importância evitar compartilhar cama e alimentos com seu animal. Também cuide da saúde bucal do seu cão ou gato e evite beijos ou lambidas no rosto, principalmente mucosas (lábios, nariz e olhos).

Sempre recolha as fezes e a urina dos animais, não as deixando expostas às moscas e ao contato humano. Limpe adequadamente o local e não esqueça de levar seu pet para consultas periódicas ao veterinário ou quando o animal apresentar qualquer sinal de que não esteja bem.

Essas dicas não vão mudar o amor entre você e seu bichinho, pelo contrário, vai ajudar você a se manter sempre saudável para assim poder cuidá-lo com todo seu carinho por toda sua vida!