Uso de aplicativos de namoro pode estar ligado a problemas emocionais; entenda
Estudos indicam que esses plataformas não somente atraem pessoas com ansiedade social e medo de rejeição, como podem intensificar as vulnerabilidades

Estudos indicam que esses plataformas não somente atraem pessoas com ansiedade social e medo de rejeição, como podem intensificar as vulnerabilidades
Com a chegada de novas tecnologias, as relações sociais mudaram. Se antes os casais se conheciam através de amigos, do trabalho ou dos estudos, hoje, o primeiro contato acontece pela Internet. De acordo com o relatório do Pew Research Center, até três em cada dez americanos usam aplicativos de namoro. Especialistas, no entanto, ressaltam que a prática não está ligada apenas à modernidade, mas a fatores emocionais, como a ansiedade por interações sociais, o medo de rejeição e a baixa autoestima.
A fim de entender o que atraía as pessoas para essas plataformas, estudiosos coletaram informações de 5.427 taiwaneses, com idades entre 18 e 35 anos. Desta forma, a pesquisa, publicada na revista Computers in Human Behavior, apontou que aqueles com vulnerabilidades psicossociais – como a preocupação excessiva com a aparência, a ansiedade social e a sensibilidade à rejeição – costumam recorrer aos aplicativos de namoro.
Ademais, os pesquisadores afirmaram que, por conseguinte, essas pessoas tendem a moldar mais a própria imagem. Elas também optam por interações virtuais em vez das presenciais, além de apresentarem maior dependência. Em contraposição, o estudo ressalta que as plataformas podem funcionar como um apoio emocional.
“Nossas descobertas destacam a dualidade nos resultados da comunicação digital nos relacionamentos interpessoais. Ademais, oferecem insights valiosos para designers e gerentes de aplicativos de namoro desenvolverem estratégias que promovam a saúde mental dos usuários, ao mesmo tempo em que facilitam relações íntimas benéficas”, afirmaram os pesquisadores no artigo.
Evidenciando os malefícios, outra pesquisa, divulgada no mesmo veículo científico, mostrou que os aplicativos de namoro ainda potencializam problemas emocionais. Segundo o levantamento, que revisou 45 estudos, as plataformas de relacionamento estão associadas à piora da autoestima, bem como ao aumento da depressão e ansiedade.
Além disso, focados na imagem corporal, os especialistas detectaram ainda a influência no desenvolvimento de distúrbios alimentares e comportamentos prejudiciais ao controle de peso, como uso de esteroides, vômitos induzidos e uso de laxantes. Eles explicam que isso ocorre pois o ato de tirar fotos, sabendo que será constantemente avaliado, leva à intensificação da auto-objetificação.
Como uma forma de reduzir esses efeitos, a pesquisa sugere a redução do conteúdo visual, além da moderação da discriminação e do abuso. Outra alternativa é a criação de regulamentações mais rigorosas, como o controle do uso diário. Ademais, eles indicam investir na educação da população sobre os riscos das plataformas.
“Adultos mais jovens são mais propensos a utilizar aplicativos de namoro, assim como a apresentarem preocupações com a mente e o bem-estar. Por isso, é necessário protegê-los, a fim de contribuir para a preservação da saúde mental”, explicaram.