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Na medida para os afetos

Este sobradinho é miúdo, mas polivalente. E estende a quem chega um convite para se sentir à vontade e fruir o melhor dos encontros

Desde a chegada, essa casinha de vila no Jardim Paulista, em São Paulo, se mostra receptiva. São as flores na fachada, subindo pelas paredes, envolvendo a morada. E basta pôr o pezinho ali dentro para a sensação se completar. O projeto de reforma deixou para trás uma estrutura compartimentada, como era comum décadas atrás, e se abriu para muitas possibilidades de aninhar… moradores e visitantes.
“Sentia falta de espaços onde fosse possível receber os amigos, cozinhar, ver TV e trabalhar meio integrado”, conta o proprietário, um advogado gaúcho que se divide entre São Paulo e Porto Alegre.
O desejo de bem acolher fica claro logo na entrada, onde um bar compacto com duas poltronas acomoda os mais chegados. “Aproveitamos o hall para criar um ambiente que não existia na casa”, conta a arquiteta Thais Aquino, sócia de Marcelo Nunes e Luis Bernardini no escritório de arquitetura DT Estúdio, responsável pela reforma
do imóvel. Ela acredita que, dependendo da metragem disponível no vestíbulo, é possível fazer algo que realmente tenha utilidade, seja um cantinho para organizar a chegada e a saída das pessoas, valendose de cabideiros ou aparadores, seja um armário ou estante para guardar objetos queridos.
Mas a casa revela mesmo sua amplitude quando o olhar alcança a sala e o quintal, enquadrado pela grande porta de vidro dos fundos. Não há vestígio do passado escuro e claustrofóbico graças ao cinza-claro da maioria das paredes, a aberturas estratégicas nas faces externas e internas , além de esquadrias mais amplas. “Quanto mais alto se abre o vão das janelas, mais a residência passa a receber a variação de luz ao longo do dia. Essa sensação é muito gostosa”, afirma Thais.
Quando esse jogo luminoso encontra  piso de madeira e as paredes de tijolo aparente, então – o que acontece tanto na sala de estar quanto na de TV –, a casa se torna um lugar irresistível. “Descascar essas superfícies trouxe uma cor aconchegante e uma textura bonita que combinaram com a rusticidade do piso”, indica a arquiteta.
Até mesmo paredes de drywall podem ganhar esse efeito, ela garante. Plaquetas nas de tijolo, da marca Palimanan, cumprem esse papel e ainda trazem vantagens. “Elas não ocupam espaço, são mais regulares que os tijolos de demolição, não quebram tanto, não são tão porosas e não soltam pó”, enumera a profissional.
No projeto do sobradinho, tons de destaque aparecem de forma pontual, por exemplo, no sofá vinho contrastando com o tapete turquesa na sala principal, bem como nas almofadas alaranjadas em parceria com os quadriculados do tapete vermelho e branco, na sala de TV. Ou ainda no azul escolhido para a prateleira suspensa da cozinha.
Com boa dosagem, tudo se remoça. Até mesmo o afeto por cada coisa que escolhemos ter ao redor. O trio de arquitetos é atento aos itens que precisam de restauro, e não de substituição. Um bom sofá pode perfeitamente receber novo tecido; um objeto de estima, cor fresca. A tendência do morar aponta para um lugar afetuoso, personalizado e, para isso, sugere ais, é importante se cercar de objetos que tenham história, que evoquem memórias e momentos marcantes, como quadros e heranças de família. Quanto mais fiel ao que se é, melhor.
*Fotos e produção realizadas pela equipe da revista Arquitetura & Construção | Contato: DT Estudio, tel. (11) 3032-4946, dtestudio.com.br

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