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Como driblar o pânico e o tédio durante a pandemia do Coronavírus? – Getty Images

Em muito pouco tempo, pessoas de todo o Brasil — ou melhor dizendo, de todo o mundo — tiveram que mudar de rotina, por conta do novo coronavírus.

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A pandemia mudou a vida de muita gente e os governantes passaram a pedir que todos só saiam de casa se tiverem necessidade extrema.

A notícia foi bem-vinda para alguns, mas muitos outros não gostaram. O brasileiro não está acostumado a ficar em casa por dias, sem poder sair. E para ajudar, as notícias na televisão só falam sobre a doença.

Nós da Bons Fluidos, como nos preocupamos com nossos leitores, conversamos com a psicóloga Marina Prado Franco para entender como podemos driblar esse momento de medo, pânico e tédio dentro de casa para transformá-lo em algo produtivo.

Como as pessoas podem cuidar do psicológico nesse momento?

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Em um momento de pandemia, como é o caso do COVID-19, as pessoas precisam ficar atentas não só à epidemia do vírus em si, mas à epidemia do medo. Então, como a gente pode cuidar do psicológico? Primeiramente, precisamos ver onde estamos buscando informações e com que frequência isso é feito. Se percebermos que estamos passando horas do dia em função das notícias, isso pode aumentar a ansiedade e fazer com que a gente fique em estado de alerta e com mal-estar mental e físico associados a isso. 

O que fazer: delimitar um tempo de uma ou duas horas por dia para ver essas notícias, cuidar dos nossos pensamentos e desconfiar deles (quando tossimos, por exemplo, e já achamos que estamos infectados sem nem mesmo investigar — pode ser psicológico) e buscar auxílio médico em casos de febre e falta de ar, principalmente. Se não tiver esses dois últimos sintomas, o indicado é se cuidar em casa e acompanhar se o caso aumenta ou não.

Como ficar em casa pode afetar o psicológico das pessoas?

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O brasileiro gosta muito de estar sempre em grupo, fazer churrascos, reuniões de família e contato físico, então, justamente, por não estarmos acostumados a esse isolamento, talvez seja mais difícil passar tanto tempo em casa. Uma forma de superar isso é tentar buscar um sentido para aquilo que estamos fazendo, em primeiro lugar. Então, entender que a gente está fazendo isso por um bem maior. Para que alguém que a gente ama, por exemplo, consiga se manter saudável. 

Buscar hobbies dentro de casa, como ver filmes, tentar se exercitar dentro de casa, fazer aulas onlines, brincar com os filhos… Fazer atividades que usem da sua criatividade.Essa também é uma oportunidade de criar novos hobbies!

Como não sofrer por antecipação nesse momento? ( Medo de tudo parar, de não ter dinheiro pra pagar as contas?)

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Uma coisa que pode ajudar com esses medos, lembre-se de situações do passado em que você já se preocupou e se, de fato, a maior parte dessas preocupações aconteceram ou não. É legal também uma atividade que dá pra fazer no papel. Você coloca dois círculos: um vai representar o que você tem controle e o que você pode fazer em relação à situação; o outro representará o que você não tem controle. No primeiro, você pode colocar metas, como: se organizar financeiramente, contando que nesse período pode entrar menos dinheiro. Você pode pensar em como pode se organizar, no que economizar… Em relação à doença, o que você pode fazer? Se prevenir! Praticar atividades físicas ao ar livre ou em casa, pode tomar vitaminas, balancear a alimentação… O importante é pensar em tudo que a gente tem controle!

O que não tivermos controle, devemos aceitar e continuar fazendo a nossa parte.

Como o pânico pode atrapalhar nesse momento?

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Junto com o Coronavírus, começou a surgir epidemia do pânico. Existe um pânico como um transtorno mental individual, que afeta o físico, e existe o medo constante da morte, mas existe também o pânico cultural, que é aquele medo de pensar no que vai acontecer no futuro.

Como lidar para que essa sensação não recaia sobre nós? Ver quais são as fontes que estamos tendo das informações, tomar muito cuidado com o que chamamos de fake news e perceber quais pessoas temos mantido por perto… Se são as ansiosas, que estão sempre com medo, que pensam que vai dar tudo errado, etc. Não podemos deixar que todas as informações tomem conta de nós.

Dê dicas do que fazer para não entrar em Pânico ou ter crises de ansiedade.

Precisamos estar atentos às informações corretas, à prevenção e a como podemos fazer para não sermos contaminados. O ideal é que busquemos dados que nos tranquilizem e não que nos deixem mais amedrontados.

É preciso pensar de forma coletiva também. Não precisamos pegar todos os suprimentos do mercado ou todas as máscaras da farmácia. Essa pandemia veio para que pensemos de forma coletiva. Precisamos, o tempo todo, pensar em nós e nos outros.


Marina Prado Franco

Psicóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe; Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CTC VEDA em São Paulo; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP; realiza atendimento presencial e online. Tem experiência no atendimento com adolescentes e adultos.