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Gentileza pública

Ao despertar o lado afetivo dos moradores de diferentes cidades, projeto artístico estimula a confiança mútua e pode minimizar a hostilidade nas ruas

Candy Chang – Bruna Brandão/Depois das Seis

1- De que maneira uma cidade pode ser mais amigável?

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Existem muitas formas de cultivar a gentileza. Uma delas é envolver os moradores de uma forma mais emocional. Isso implica nos conscientizarmos da alegria, dor, medos e maravilhas por trás de cada pessoa. Como a relação saudável entre vizinhos tem diminuído, penso que é urgente dar infraestrutura local para a alma de modo a estimular a confiança e a compreensão, ambos extremamente importantes para uma vida comunitária.
2- Como a arte diminui a hostilidade?
O dia a dia nos torna insensíveis. É mais fácil assim. Acabamos por nos blindar socialmente e, por conta disso, ignoramos a humanidade ao nosso redor e nos tornamos impessoais. A arte pode nos lembrar dessa humanidade. Pode desenvolver a empatia e nos ajudar a ver as outras pessoas de uma forma nova e reveladora. Pode ser um quebra-gelo para iniciar conversas com estranhos. E pode nos fazer perceber o quanto todos temos em comum.
3- Que respostas do mural mais tocaram você?
Fiz a primeira parede quando perdi uma pessoa querida e precisava refletir sobre o que era importante na vida. Desde então vejo que as pessoas desejam amor, família, viagem, ajudar os outros. Mas me sinto tocada por respostas como “antes de morrer eu quero abandonar as inseguranças, trazer a paz de espírito para a minha mãe, ser feliz”. Essa parede de anonimato pessoal revela com que rapidez expomos nossas lutas e vulnerabilidades.
CANDY CHANG é uma artista chinesa que tem circulado pelo mundo com sua arte e um propósito. Ela cria o mural “Before I die I want to… “ (Antes de morrer eu quero…) para que o público passante possa completar, partilhando suas aspirações pessoais no espaço público. Em outubro, ela fez isso em Belo Horizonte durante o
Festival da Gentileza, que aconteceu por cinco dias na capital mineira.