Papa Francisco canoniza religioso por milagre na Amazônia
O italiano José Allamano, religioso fundador da congregação dos Missionários da Consolata, foi canonizado após realizar a cura de um indígena que estava à beira da morte
O italiano José Allamano, religioso fundador da congregação dos Missionários da Consolata, foi canonizado após realizar a cura de um indígena que estava à beira da morte
O Papa Francisco proclamou novos 14 santos neste domingo (20), durante a Missa na Praça de São Pedro. Entre eles, está o italiano José Allamano, religioso fundador da congregação dos Missionários da Consolata.
Em 1996, no coração da floresta amazônica, ocorreu um evento envolvendo um indígena Yanomami chamado Sorino, atacado por uma onça. Inicialmente, as missionárias da Consolata o socorreram. Em seguida, ao notar a gravidade dos ferimentos no crânio, realizaram orações para o fundador de seu instituto, padre Giuseppe Allamano.
Felicita Muthoni, missionária do Quênia, foi a primeira a dar assistência. “Um dos indígenas veio me chamar porque o seu cunhado havia sido ferido por uma onça. Quando cheguei na aldeia, havia um homem estendido no chão de terra sobre uma poça de sangue”, contou ela, à RFI. “O crânio dele estava aberto e pedaços de cérebro para fora. Com delicadeza, limpei com água e amarrei o seu couro cabeludo com o único tecido que eu tinha, minha blusa”, disse a missionária.
Primeiro, os indígenas relutaram em levar Sorino a um hospital. “Os pajés me diziam que, se Sorino morresse fora da aldeia, não encontraria nunca mais seus antepassados. A porta ficaria fechada ao seu espírito. No final, conseguimos convencê-los que havia chances de ele sobreviver”, disse a missionária.
Ao chegar lá, o médico neurocirurgião colombiano Mario Santacruz o atendeu e descreveu o estado crítico do paciente. “Sorino era jovem e chegou no hospital depois de três dias de viagem desde a sua aldeia. Seus ferimentos eram graves, com perda de osso e substância cerebral. Fizemos a operação, mas perdeu grande parte do cérebro no lobo frontal, parietal, temporal e parte do occipital. Para nossa surpresa ele foi se recuperando bem e ficou sem nenhuma deficiência”, explicou.
Por fim, contrariando todas as expectativas médicas, Sorino recuperou a saúde completamente. Depois, milagrosamente, retornou à sua comunidade, vivendo sem sequelas.
Quando questionado sobre acreditar em milagre, o neurocirurgião respondeu: “apesar de a minha educação familiar ser católica, naquela época do incidente eu era mais concentrado na parte científica. Mas depois desse caso, comecei a acreditar que o milagre existe”, declarou Santacruz.