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A solução não está ao seu alcance? Psicóloga dá dicas de como lidar com a sensação de impotência – Foto de Andrea Piacquadio no Pexels

Uma crítica negativa, dificuldades no trabalho, uma briga entre você e seus familiares, ou mesmo companheiro, companheira, desilusões amorosas, apertos financeiros, uma doença, o luto, enfim, são vários os motivos que propiciam uma queda brusca na autoestima.

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A sensação de impotência nasce a partir da ideia de que não podemos fazer nada diante de um problema ou conflito, e a solução não está ao nosso alcance. A Bons Fluidos conversou sobre o assunto com a psicóloga Alessandra Augusto, pós-Graduada em Terapia Sistêmica, pós-Graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental e em Neuropsicopedagogia, que nos esclareceu uma série de dúvidas.

Esses sentimentos de frustração podem fazer com que as pessoas se sintam desmotivadas e sem vontade de continuar a viver?

“Sim, o sentimento de impotência pode desesperançar uma pessoa. Nós somos incentivados a vencer. Desde muito pequenos, nós somos incentivados a estar na frente. Somos premiados como os vencedores, os ganhadores. Na adolescência, somos incentivados a estar sempre a frente no conhecimento, nas atitudes sociais. Quando adultos, no trabalho, nas empresas. Somos motivados a estar sempre ganhando. Indivíduos que não lidam bem com o ‘não’, com o perder, estarão frustrados. Por muitas vezes, não temos o controle de situações. É preciso lidar com esse ‘não’ que a vida nos dá, mas, desde muito pequenos. É preciso fazer com que lidemos com essa frustração desde cedo, se não, nos tornamos adultos desmotivados, desesperançosos e só entendemos que, para sair daquela situação, é preciso desistir.”

Como transformar a sensação de impotência em aprendizagem?

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“Entendendo que eu não vou ganhar sempre, entendendo que, nem sempre, eu vou ter soluções para algumas situações. Eu preciso entender isso, preciso conhecer os meus limites, preciso entender que somos indivíduos limitados. Temos competências, alguns mais, outros menos, mas somos limitados em algumas delas. Com isso, o indivíduo irá fazer daquele sentimento de impotência, de inabilidade para lidar com as situações, um aprendizado, ou irá desenvolver ferramentas para lidar com a demanda do dia a dia.”

Como um psicólogo pode ajudar nesse momento?

“A psicoterapia entra fazendo com que o indivíduo conheça os seus limites e saiba lidar com suas emoções, ou seja, tenha uma habilidade emocional diante de certas situações. Ele vai entender quais são suas ferramentas e fragilidades, ou criar durante a análise. É necessário explicar para esse indivíduo que não iremos ter soluções para tudo, pois nem tudo tem solução, há coisas que fogem do nosso controle. Eu preciso que o indivíduo lide melhor com essa impossibilidade e não faça disso, toda vez, uma frustração. Vamos desenvolver o conceito de resiliência, onde sou levado a um estresse máximo, e volto aquela forma inicial. O que eu posso tirar dessa situação de positivo? Sempre tem alguma coisa que eu possa fazer, seja ela reversível ou irreversível.”

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O que familiares e amigos podem fazer?

“Eles podem ajudar ficando atentos. Um indivíduo que está desesperançoso, desmotivado, principalmente se ouve antecipadamente algum evento, por exemplo, uma idealização suicida, uma fala, uma menos valia com a própria vida, com o próprio corpo, o desleixo com as coisas, quando o indivíduo deixa suas atividades rotineiras, ele vai perdendo o brilho. A pessoa vai se apagando aos poucos. Então, a família e os amigos precisam estar atentos a esse discurso. Algumas frases são clássicas, como ‘a minha vida não tem jeito’, ‘não gostaria mais de estar aqui’, ‘não vejo saída’.”

Dê dicas para as pessoas acreditarem mais em si e encontrar motivação nesses momentos difíceis.

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“A dica que eu dou para essas pessoas, primeiro, é conhecer os seus limites e as suas competências, entendendo que todos nós erramos e podemos errar. A vida é feita de tentativas, de acertos e erros, e é assim que a gente aprende. Nós somos fruto de nossas experiências da vida, e nem sempre temos sucesso nessas experiências. Imagine uma vida em que não houvesse erros e nem fracassos. Onde estaria o aprendizado? Então, eu preciso experimentar, e com isso, eu posso fracassar. Preciso que esse indivíduo entenda que ele não é o único que está nesse processo. Todos nós passamos pelo processo da aprendizagem, e nesse processo, nós sofremos algumas quedas. O levantar traz muito prazer e aprendizado. Precisamos incentivar esse indivíduo a ter uma boa autoestima, a se admirar para gerar o amor-próprio.”


Alessandra Augusto é formada em Psicologia, Palestrante, Pós-Graduada em Terapia Sistêmica e Pós-Graduanda em Terapia Cognitiva Comportamental e em Neuropsicopedagogia. É a autora do capítulo “Como um familiar ou amigo pode ajudar?” do livro “É possível sonhar. O Câncer não é maior que você.

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