Você já imaginou chegar ao escritório e se deparar com uma plantação de verduras em uma das salas? Parece um cenário surreal, né? No entanto, as chamadas fazendas urbanas existem e vêm expandindo desde a pandemia de Covid-19. Além disso, esse tipo de cultivo já é muito utilizado nos Estados Unidos. Um exemplo é o espaço de plantio de 18,6 mil metros quadrados, construído em um prédio edifício comercial em Florence, no Estado de Kentucky.
Como as fazendas urbanas surgiram
Em meio à crise do coronavírus que impactou o mundo entre 2020 e 2023, os setores responsáveis pela agricultura sofreram uma paralisação. Nesse momento, o cultivo interno e vertical, que demanda um ambiente com iluminação artificial e temperaturas controladas, emergiu como uma forma de substituir a carência do mercado. Em 2021, o setor atingiu o recorde de investimentos, com negócios no valor de R$ 34,5 bilhões.
Com o fim da pandemia, se imaginou que a prática cairia em desuso. Algumas empresas, que implementavam as fazendas urbanas em edifícios, chegaram, até mesmo, a deixar o mercado. No entanto, o esvaziamento dos escritórios, em decorrência da popularização do trabalho remoto, somente auxiliou seu crescimento. Assim, start-ups, como a australiana Greenspace, se empenharam em transformar os espaços vazios dos prédios em áreas para o plantio de verduras.
Vantagens e desafios
Uma das principais caraterísticas e vantagens do método é a chance de os produtos saírem direto da plantação para o consumidor final. Desta forma, o setor realiza entregas somente para custas distâncias, o que ainda reduz a emissão de gases do efeito estufa. “A maior parte dos produtos é selecionada para cultivo considerando sua capacidade de suportar uma viagem de 2,4 mil quilômetros”, explicou a funcionária Jacqueline Potter, da empresa especializada Area 2 Farms, à ‘BBC‘.
Em entrevista ao veículo, o professor de geografia Evan Fraser, da Universidade de Guelph, enfatizou que as fazenda urbanas podem superar a agricultura tradicional no quesito sustentabilidade. Isso porque a plantação vertical gasta menos água, além de apresentar uma maior produção por metro quadrado. Entretanto, de acordo com o profissional, o método possui desvantagens, como o consumo elevado de energia e a baixa variedade de alimentos, pois o foco ainda está no plantio de verduras e flores comestíveis.
Mas o especialista acredita que, com a geração de energia através de fontes renováveis, e com mais investimentos, o setor poderá competir com as fazenda externas. “Não há nada que as cidades detestem mais do que espaços não utilizados, que não trazem crescimento econômico. Se a transformação em fazendas urbanas tiver sucesso em cidades como Arlington, outras poderão vir em seguida”, afirmou.
*Texto feito sob supervisão de Helena Gomes