‘Café, chafé ou suco de frutas, está servido?’ Conheça os componentes, benefícios e particularidades do famoso ‘cafezinho’
Na coluna desta semana, Jamar Tejada te ajuda a entender tudo que está por trás do cafezinho; desmitifique os mitos e saúde!
Na coluna desta semana, Jamar Tejada te ajuda a entender tudo que está por trás do cafezinho; desmitifique os mitos e saúde!
Para mim, café não é apenas uma bebida, é bem estar, é motivo para levantar da cama, é a tecla de “restart” quando bate aquele cansaço no meio da tarde, é o que chamo de “dar um pique” quando preciso daquela energia extra pra finalizar meu trabalho.
Lembro da minha época de faculdade, que virava as noites estudando com meu companheiro café nas noites frias de inverno do Sul, também nas noites quentes de verão, e garanto a vocês que se não fosse ele, teria sido difícil ou quase impossível ter me formado. Aliás, desconheço alguém que não ame, por isso se tornou uma das bebidas mais populares do mundo desde o século XV.
O café é preparado a partir da infusão de grãos torrados, obtidos de um arbusto do gênero Coffea. As espécies Coffea arabica e Coffea canephora são as mais utilizadas e ambas contêm uma mistura complexa de vários constituintes que chamamos de fitoquímicos, sendo a composição do café dependente da variedade das espécies e do método de torrefação e processamento.
Não é errado dizer que o cafezinho é um chá de frutas ou suco de frutas quando frio. Estamos tão acostumados a tomar a bebida a partir da versão moída ou em grãos, que esquecemos de nos perguntar sobre a origem. Pois saiba que ele é, sim, uma fruta e se é uma fruta, ele tem frutose, que é o açúcar natural da mesma.
Para que o grão dessa fruta seja torrado, ele passa por um processo de secagem e, durante esse processo, o açúcar todo seca com o grão. Durante a torra, todo esse açúcar carameliza e ocorre o que chamamos de reação de Maillard, uma reação química entre um aminoácido ou proteína e um carboidrato redutor, obtendo-se produtos que dão sabor, odor e cor aos alimentos – isso quando se trata de café especial. No café tradicional, que encontramos no mercado isso não acontece, pois o grão passa por uma torra excessiva, na qual a reação de Maillard acaba virando uma carbonização. O café especial é naturalmente doce e, claro, por ter sido processado da maneira correta, além de ter somente grãos maduros e sem imperfeições, poderia ser chamado de chafé!
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Quando pensamos nos constituintes do café, sempre lembramos da cafeína, mas ela não é o principal componente e, mesmo em maior quantidade, diversos estudos também destacam a presença de compostos fenólicos (como o ácido cafeíco e o hidroxiquinol), flavonoides (catequinas), ácidos orgânicos (como o ácido clorogênico) e vitaminas (vitamina B3) que conferem a esta bebida inúmeras propriedades terapêuticas, incluindo propriedades antioxidante, anti-inflamatória e neuroprotetora.
O ácido clorogênico é o segundo maior componente do café, formado a partir da conjugação de um ácido p-cumárico e um ácido trans-cinâmico. O ácido clorogênico constitui uma importante molécula bioativa com propriedades antioxidantes e elevada capacidade de quelação de íons metálicos. Desta forma, o ácido clorogênico contribui para a redução dos danos provocados pelo excesso de radicais livres, sendo amplamente investigado para a prevenção e tratamento de doenças crônicas, tais como doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e diabetes.
Cafeína
A cafeína é o principal e mais abundante constituinte do café, sendo ainda uma das substâncias bioativas mais populares e consumidas em suas diferentes formas no mundo. Embora o café seja a principal fonte de cafeína, os chás, o guaraná e o cacau também fornecem em boas quantidades. Com isso, estima-se que aproximadamente 80% da população consuma produtos cafeinados todos os dias.
A cafeína é uma metilxantina com potente atividade psicoestimulante, melhorando o estado de alerta e atenção, bem como reduzindo a sensação de fadiga, por isso nos acompanha todas as manhãs. No entanto, diversos estudos demonstram que além desses efeitos a cafeína também contribui para a prevenção e tratamento de diferentes condições clínicas, bem como pode ser incorporada à formulações cosméticas a fim de diminuir os sinais de envelhecimento e tratar diferentes condições dermatológicas.
Falando farmacologicamente o principal mecanismo de ação proposto para os efeitos da cafeína refere-se à sua atividade antagonista sobre os receptores adenosinérgicos A1 e A2A. Tais receptores estão envolvidos na regulação da disponibilidade de adenosina 3′,5′-monofosfato cíclico (AMPc, mensageiro secundário envolvido em diversas vias de sinalização intracelular), modulando a liberação de neurotransmissores, o estado de alerta, a regulação do sono, a cognição, a memória e o aprendizado.
Ainda, a cafeína pode também atuar sobre as enzimas fosfodiesterases que regulam os níveis de AMPc e GMPc (monofosfato de guanosina cíclico) e os receptores de rianodina, envolvidos na contração do músculo esquelético e cardíaco. A metabolização hepática da cafeína resulta em metabólitos bioativos, tais como a paraxantina, a teobromina e a teofilina que no organismo, esses metabólitos podem exercer atividade lipolítica e vasodilatadora, além de induzir o relaxamento do músculo liso.
Com certeza de tudo isso que você leu o que mais se interessou foi sobre a atividade lipolítica. Sim! A cafeína emagrece!
Apesar dos amantes do café se rotularem como viciados, isso é um mito. A cafeína é um estimulante cerebral das células nervosas do cérebro e embora alguns estimulantes sejam considerados viciantes, como a nicotina, a cafeína, não causa a mesma gravidade de sintomas de privação abstinência, logo, não é considerada um vício.
Nem tudo são flores! O excesso do consumo de cafeína pode resultar em sintomas de ansiedade, tremores, irritabilidade, aumento da frequência cardíaca e insônia. Desta forma, o consumo de cafeína deve ser realizado de forma controlada e personalizada – visto que os efeitos da cafeína podem variar para cada indivíduo. Nesse contexto, é recomendado que a dose diária de cafeína não ultrapasse 400 mg ao dia. Apesar da quantidade de cafeína ser dependente da variedade e processamento dos grãos de café, propõe-se que esse valor equivale a aproximadamente 4 a 5 xícaras de café ao dia.
Mulheres que estejam grávidas, planejando engravidar ou amamentando, devem consumir o máximo de 200 mg de cafeína por dia, o que corresponde a um total de 2 xícaras de 150ml de café coado.
Já crianças a partir de 12 anos devem ingerir somente 100 mg de cafeína por dia, ou seja, o máximo de 130 ml de café coado.
Indivíduos com problemas, como refluxo, úlceras e gastrite devem evitar a bebida, pois a cafeína pode irritar a mucosa do estômago.
Quem sofre de insônia, ansiedade, zumbido e labirintite deve evitar o consumo pois os sintomas podem se agravar.
Pessoas com pressão alta devem limitar o consumo de café a 200 mg de cafeína por dia, o que equivale a 2 xícaras de café coado por dia.
– Memória e concentração
A cafeína age como estimulante do sistema nervoso central, ajudando a melhorar a memória e o estado de alerta, reflexos, além de aumentar a capacidade de concentração e diminuir o sono.
No entanto, a tolerância aos efeitos da cafeína é muito comum, ou seja, muitas vezes é necessário consumir doses cada vez maiores para se obter os mesmos benefícios que se tinha consumindo nas doses iniciais pequenas.
– Emagrecimento
O consumo de café favorece a perda de peso, pois a cafeína ajuda a controlar a fome temporariamente, contribuindo para a redução da ingestão de alimentos, além do efeito lipolítico produzido pelos metabólitos bioativos (paraxantina, a teobromina e a teofilina) pela metabolização hepática da cafeína.
A ingestão de 300mg de cafeína por dia estimula um gasto energético de, aproximadamente, 79 calorias.
– Melhorar a performance nos exercícios físicos
A cafeína, presente no café, tem propriedades ergogênicas, que aumentam a produção de energia do organismo, diminuindo o cansaço e a dor durante os exercícios físicos, e melhorando o desempenho físico e mental. Os metabólitos da cafeína (paraxantina, a teobromina e a teofilina) possuem efeito vasodilatador.
– Evitar doenças cardiovasculares
O café é rico em ácido clorogênico, ácido cafeico e kahweol, potentes antioxidantes e anti-inflamatórios que ajudam a combater os radicais livres, promovendo a saúde das artérias e melhorando a circulação sanguínea, prevenindo doenças como infarto, pressão alta e derrame.
– Evitar a depressão
Os polifenóis combatem os radicais livres e diminuem inflamações nas células do sistema nervoso central, o que contribui para reduzir a ansiedade e melhorar o humor, prevenindo quadros de depressão.
– Combater a prisão de ventre
A cafeína aumenta a contração do estômago e intestino, estimulando a eliminação das fezes e ajudando no combate à prisão de ventre. Além disso, o café, especialmente na versão solúvel, contém boas quantidades de magnésio, um mineral com propriedades laxantes, estimulando os movimentos intestinais e facilitando a eliminação das fezes.
– Prevenção da diabetes
O café é rico em antioxidantes que protegem as células do pâncreas e, por isso, melhoram a função do hormônio insulina, regulando os níveis de glicose no sangue e prevenindo a diabetes.
– Prevenção câncer
O café contém cafeína, ácido clorogênico, ácido cafeico e kahweol, antioxidantes que protegem as células contra os danos provocados pelos radicais livres, impedindo o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Por outra via, diminui os níveis de estrogênio no organismo, um hormônio relacionado a alguns tipos de câncer, como de mama, fígado, cólon e de endométrio.
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– Prevenir o envelhecimento precoce
Por ter ótimas quantidades de compostos antioxidantes, como cafeína, ácido clorogênico e ácido cafeico, o café ajuda a proteger a pele contra a ação dos radicais livres, prevenindo a flacidez e o envelhecimento precoce.
– Enxaqueca
Embora o excesso possa provocar a dor de cabeça, o café possui propriedades anti-inflamatórias e analgésicas que ajudam a diminuir e prevenir a dor de cabeça, incluindo a enxaqueca. Os efeitos da bebida variam de acordo com cada organismo. Por isso, é importante observar se a ingestão de café provoca a dor de cabeça ou ajuda a melhorar o sintoma.
– Prevenir a doença de Parkinson
A cafeína protege as células do sistema nervoso central e estimula a liberação de dopamina, um neurotransmissor que, em baixas concentrações, aumenta o risco do desenvolvimento da doença de Parkinson, por isso, alguns estudos têm mostrado que o consumo do café ajuda na prevenção da doença de Parkinson.
EFEITOS COLATERAIS
Consumir acima de 600 mg de cafeína por dia pode causar insônia, ansiedade, dor no estômago e nervosismo em algumas pessoas. No entanto, a ingestão, de uma única vez, de 1,2 g de cafeína ou mais, o que corresponderia 7,2 litros de café expresso, pode gerar overdose causando convulsões, vômitos, aumento dos batimentos do coração, dificuldade para respirar, diarreia e tremores.
E como tudo na vida, não esqueça: Consuma com moderação! Saúde!
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