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Candidíase: a infecção mais popular entre as mulheres

Na coluna dessa semana, Jamar Tejada explica o que é a candidíase, quais os principais sintomas e cita alguns tratamentos naturais que podem ser utilizados

Candidíase: a infecção mais popular entre as mulheres
Candidíase: a infecção mais popular entre as mulheres – Freepik

Ela assume o pódio de reclamações nos consultórios de ginecologia, nas buscas do Google e é confundido com uma infecção sexualmente transmissível (IST). Estamos falando sobre um fungo, o Candida albicans, que gera a famosa candidíase. Segundo estimativas, surge em 75% das mulheres em algum momento da vida.

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O que as pessoas não sabem é que esse fungo é um habitante natural do nosso corpo, tanto na pele, quanto na boca e região genital de mulheres e homens. Pois é, apesar de bem mais comum em mulheres, os homens também podem sofrer com a candidíase.

O que é a candidíase?

A candidíase é mais um quadro infeccioso que surge quando há uma brecha na nossa imunidade, como já foi citado no meu artigo anterior, quanto mais baixo o sistema imune, maior a chance desse “funguinho” e de outras doenças oportunistas surgirem. Ou seja, fatores como estresse, má alimentação, ingestão de alguns antibióticos, diabetes (que aumenta a glicose na urina, servindo como alimento para os fungos) e até mesmo a gravidez, são alguns dos pontos que levam a um desiquilíbrio na nossa flora.

O problema não é ter Candida, mas sua proliferação em exagero que ocorre quando há desiquilíbrio na região onde ele habita. Além dos fatores citados, pode ser causada também por má higienização do órgão genital ou mesmo excesso de umidade. Se lembra que os fungos adoram umidade? É por isso que as infecções aumentam no verão quando ficamos de roupa de banho molhada, ao sairmos do mar ou piscina, por um longo tempo. Roupas muito justas, calça jeans e roupas íntimas de tecido sintético também aumentam a transpiração – o local “preferido” do fungo Candida.

Os sintomas: como saber se estou com candidíase?

A candidíase é uma infecção marcada por sintomas muito característicos, como dor ao urinar, corrimento branco pastoso, coceira na vulva e até incômodo na hora do sexo. Nos homens, os sintomas mais comuns são: inchaço no pênis, machucados em forma de pontos, pequenas manchas vermelhas e coceira.

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Lembrando que um diagnóstico correto só pode ser feito através da consulta com um ginecologista ou urologista e de exames como a cultura de secreção vaginal, visto que outras infecções podem se manifestar de forma parecida. Por isso, a automedicação e o tratamento incorreto podem acabar agravando o quadro.

É difícil que a candidíase cause problemas mais graves, mas é importante evitar que ela tome conta, pois quando o fungo se espalha pelo corpo através da corrente sanguínea, tem potencial para provocar cegueira e insuficiência renal.

A candidíase é considerada de repetição quando uma mulher tem quatro ou mais episódios no mesmo ano. Especialmente nesses casos, o suporte médico é fundamental, inclusive para descobrir o que está por trás dessa recorrência.

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Como a Candida é um fungo normalmente encontrado em nossa boca, intestinos e nas vaginas das mulheres, pode desenvolver-se facilmente na criança, porque teve uma diarreia e colocou a mão contaminada na boca, ou porque o bico do seio, as mãos da mãe ou algum objeto como o bico da mamadeira ou a chupeta estão infectados. No entanto, alguns outros fatores também contribuem, como: permanecer com fraldas úmidas por muito tempo, presença de suor e umidade nas dobras do corpo e a má higienização de chupetas e mamadeiras.

Candidíase e sexo

A candidíase não é classificada como IST, (Infecção Sexualmente Transmissível) mas o contato direto com uma pessoa que está com candidíase pode levar ao desenvolvimento da infecção. Além disso, a relação sexual (mesmo protegida) pode causar feridas e inflamações no local afetado. Por isso, deve-se evitar a relação com penetração no período agudo da doença, quando há coceira e corrimento atípico. É importante também tratar o parceiro, fazer um tratamento cruzado nesse período de infecção ativa e ainda trocar a toalha de banho diariamente.

Tratamentos naturais

Como muitas mulheres sofrem com candidíase, o que não faltam por aí são receitas caseiras, o que acho um tanto preocupante, pois a grande maioria não tem nenhum baseamento ou lógica científica, podendo agravar muito mais o problema, como, por exemplo, o “uso de absorvente interno com alho” e até mesmo “uso de absorvente interno com pasta dental”. Pois é, como farmacêutico escuto de tudo.

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Volto a escrever: procure o médico ginecologista, não confie em tudo que lê no “Dr. Google”!

Outra receita bem comum é o uso de iogurte com mel. Embora existam estudos científicos relevantes nesse caso, essa aplicação deve ser realizada com os ingredientes certos e específicos e por tempo determinado. O que acontece, infelizmente, é a aplicação vaginal com qualquer bebida láctea, às vezes até com frutas adicionadas a um mel qualquer.

É claro que essa receita inconsequente resultará em problemas muito maiores. Não se esqueça que fungos se alimentam de glicose. Assim, você só estará alimentando ainda mais os “bichinhos”! Então, não invente receitas mirabolantes. Bom senso e amor-próprio são ótimas dicas.

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Embora não devam de forma alguma substituir o tratamento médico, alguns tratamentos caseiros podem ser usados conforme orientação de um médico ou farmacêutico para complementar o tratamento indicado, ajudando a aliviar os sintomas da candidíase.

Banho de assento com barbatimão

O barbatimão é uma planta rica em flavonoides, terpenos e taninos com ação antibacteriana, antifúngica e adstringente.

Ingredientes:

  • 20 g de cascas de barbatimão seco
  • 1 litro de água

Modo de preparo: ferver a água com as cascas do barbatimão de 10 a 15 minutos. Tampar e deixar descansar até amornar. Coar e misturar com mais água para encher uma bacia. Após fazer a higiene íntima, sentar-se na bacia e fazer o banho de assento por 20 minutos uma vez ao dia.

Cuidados no uso: o banho de assento com barbatimão não deve ser feito por mulheres que estejam grávidas ou amamentando, pois não existem pesquisas sobre o risco do uso da planta nestas situações.

Banho de assento com óleo de coco e tea tree

O óleo de coco é rico em ácido láurico e caprílico com potente ação antifúngica e antimicrobiana. Já o óleo essencial de tea tree, também conhecido como melaleuca, também possui potente ação antibacteriana e antifúngica.

Ingredientes:

  • 1 colher de sopa de óleo de coco
  • 2 gotas de óleo essencial de tea tree

Modo de preparo: lavar bem as mãos. Em uma vasilha, misturar o óleo de coco e o óleo essencial de tea tree com uma colher e aplicar nas genitais 1 vez por dia, por até 5 dias.

Banho de assento com chá de camomila

Com ação antimicrobiana, anti-inflamatória, antifúngica devido a sua composição rica em flavonoides, como a apigenina, e óleos essenciais, como o camazuleno, α-bisabolol.

Ingredientes:

  • 3 colheres de sopa de flores de camomila seca
  • 1 litro de água

Modo de preparo: ferver a água, apagar o fogo e acrescentar as flores de camomila. Tampar e deixar repousar por 10 minutos. Coar e misturar com mais água para encher uma bacia. Após fazer a higiene íntima, sentar-se na bacia e fazer o banho de assento por 20 minutos 1 vez ao dia. Outra opção é enxaguar com o preparo a região íntima 1 vez ao dia.

Óleo essencial de orégano

O óleo essencial de orégano tem potente ação antimicrobiana, fungicida e também analgésica devido alguns compostos como: ácidos oleanólico e ursólico, flavonoides, hidroquinonas, ácido rosmarínico e taninos.

Ingredientes:

  • 2 gotas de óleo essencial de orégano
  • 1 colher de sopa de óleo vegetal (coco, azeite ou amêndoas)

Modo de preparo: em uma vasilha, misturar bem o óleo essencial de orégano com o óleo vegetal. Com pele já higienizada, aplicar a mistura, massageando o local.

Banho de assento com o óleo de orégano:

Ingredientes:

  • 1 colher de sopa de óleo de coco
  • 2 gotas de óleo essencial de orégano

Modo de preparo: lavar bem as mãos. Em uma vasilha, misturar o óleo de coco e o óleo essencial de orégano com uma colher e aplicar nas genitais uma vez por dia, por até 5 dias.

Cuidados no uso: o óleo essencial de orégano não é indicado para pessoas que tenham alergias a tomilho, manjericão, menta ou sálvia, uma vez que podem ser sensíveis ao óleo de orégano, visto que a família de plantas é a mesma. Além disso, esse óleo não deve ser usado por crianças, por mulheres grávidas ou que estejam amamentando.