Cosmético vegano: muito mais que um produto, uma prova de amor à vida

Jamar Tejada ensina diferenças entre cosméticos veganos e cruelty-free e explica como funciona o teste e o critério de certificação desses produtos

Cosméticos veganos: muito mais que um cosmético, uma prova de amor a vida – FREEPIK

No mundo tóxico em que vivemos, envoltos por poluição, toxinas, agrotóxicos, transgênicos e tantos outros problemas, estamos cada vez mais tentando buscar alternativas que amenizem esses impactos no nosso organismo que, por mais que lutemos muito, ainda são difíceis de fugir. Essa busca por um pouco mais de qualidade de vida nos provoca uma releitura de tudo aquilo que nos cerca, do meio ambiente que vivemos e do que colocamos pra dentro do nosso corpo.

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Estamos mais críticos e seletivos e percebendo todos impactos do meio em nós mesmos. Buscamos alternativas que não só resguardem nossa saúde, mas alternativas de consumo que busquem aliviar esse impacto no ambiente. A intenção é contribuir para um futuro melhor para o planeta, daí o porquê do crescente aumento de veganos, vegetarianos assim como adeptos de cosméticos naturais, veganos, cruelty-free e orgânicos.

O relatório do instituto de pesquisa Grand View Research de 2019 aponta que o mercado internacional de cosméticos veganos deve atingir US$ 20,8 bilhões até 2025.

Nosso país não possui legislação específica sobre o que é um produto vegano, ficando a interpretação do conceito à mercê das empresas, o que pode gerar confusão entre os consumidores.

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Diferenças entre cosméticos veganos e cruelty-free

O cosmético vegano não utiliza nenhum ativo de origem animal, como mel, cera de abelha, colágeno, entre outros.

O produto cruelty-free não foi testado em animais e também não pode ser de origem animal, pois estes ingredientes, de alguma forma, cometem crueldade ao animal.

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Em suma, ambos devem respeitar e proteger os animais, seja na obtenção ou sejam nos testes. Os cosméticos veganos fazem parte dos “cosméticos verdes”, os quais são desenvolvidos segundo princípios ecológicos – assim como também entram os cosméticos orgânicos e os naturais.

Já que não possuímos legislação específica para esses cosméticos, existem empresas certificadoras que emitem os selinhos que vocês buscam nos produtos, sem ao mesmo entenderem o porquê ou o que esse selo garante.

Mas como funciona o teste e o critério de certificação dos cosméticos veganos?

Os testes em animais estão proibidos desde 2003 nos EUA. No mesmo ano, foi fundada a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) que, dez anos depois, em 2013, criou o Selo Vegano.

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Selo Certificado Vegano
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Antes de conceder o selo ao produto – e não à empresa, que isso fique claro – a SVB analisa e certifica produtos segundo os critérios:

-Produtos sem ingredientes de origem animal;
-Ausência de testes em produtos com ingredientes em animais;
-O produto finalizado não é testado em animais.

Os dois últimos itens estão alinhados com o Regulamento Europeu para Cosméticos (EU Cosmetic Regulation, de EC 1223/2009), que trata da proibição completa dos experimentos em animais de qualquer tipo, com relação aos cosméticos e seus ingredientes. Algumas sociedades ainda verificam se o cosmético segue diversas exigências relacionadas ao processo de produção, a origem das matérias-primas e a sustentabilidade da cadeia produtiva.

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Vegan Awareness Foundation

Cosméticos veganos: muito mais que um cosmético, uma prova de amor a vida

Para receberem o selinho de Certified Vegan, oferecido pela ONG norte-americana, é preciso atender a alguns requisitos:

– Os produtos não podem conter matéria-prima de carne, aves, peixe, ovos, laticínios, mel, própolis, geleia real, entre outros, nem subprodutos de animais, tais como corantes de insetos (muito comum o uso de corante carmim extraído do inseto cochonilha), seda etc.

– Os ingredientes ou produtos acabados vindos de fornecedores, fabricantes ou parte independente não devem ser testados em animais;

– Promover a confirmação do fornecedor de que não foram utilizados na fabricação das matérias-primas produtos de origem animal;

– Na fabricação de ingredientes ou produtos acabados, não pode conter OGMs (Organismos Geneticamente Modificados) oriundos de animais, nem a utilização de genes.

PETA

Cosméticos veganos: muito mais que um cosmético, uma prova de amor a vida

O selo Cruelty Free é uma certificação emitida pela PETA (Pessoas para o Tratamento Ético de Animais), a maior ONG de proteção animal do mundo. Esse claim traz para o cosmético a questão da ausência de testes em animais em qualquer estágio da produção, muito procurado no mercado atual, considerando o crescimento constante do público que defende os direitos e ética em relação aos animais. Geralmente, para a substituição dos testes em animais utiliza-se testes in vitro ou aqueles com voluntários humanos. 

Quanto aos testes realizados em animais

Os testes em animais são feitos para saber as reações danosas que aquele determinado produto pode causar ao organismo. Desde muito tempo os testes em animais são utilizados como segurança para que produtos e cosméticos sejam aprovados para o consumo humano. Isso acontece, devido ao que chamamos de especismo, que significa que o ser humano se vê de forma superior a outras espécies e por isso acredita que pode escravizar e explorar qualquer animal em benefício próprio.

Testes em animais não são proibidos no Brasil, mas realizá-los ficou mais difícil por aqui desde setembro de 2019. Nessa data, terminou o prazo de cinco anos para que laboratórios adotassem métodos alternativos aos procedimentos com cobaias, conforme estipula uma resolução normativa do Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal (Concea).

A norma exige que sejam priorizados métodos alternativos que não usem seres vivos. Os “métodos alternativos” são técnicas baseadas em ao menos um dos princípios dos 3 Rs: do inglês, reduction (redução), refinement (refinamento) e replacement (substituição). Os termos se referem, respectivamente, a diminuir o número de bichos utilizados.

Os produtos que são testados, são geralmente cosméticos de beleza e higiene, mas podem ser também remédios, pomadas, vacinas e até produtos de limpeza doméstica. 

Quais os testes mais comuns realizados nos animais?

– Teste Draize/Teste de irritação ocular: 

Geralmente feito em coelhos, o teste consiste em imobilizar e manter o olho do animal aberto para que seja possível pingar substâncias. Pode causar dor, vermelhidão nas córneas, inchaço, hemorragia ocular e cegueira.

– Teste de irritação cutânea:  
Nesse teste as cobaias têm o pelo raspado e a pele levemente esfolada para receber o produto, são observados por dez a quinze dias consecutivos para concluir se há danos na pele. Pode causar vermelhidão, coceira, irritação na pele, inflamações e queimaduras.

Teste de fototoxicidade:

Igualmente no teste de irritação cutânea, o pelo é raspado e o produto é aplicado. Dessa vez a pele do animal é exposta aos raios ultravioletas. Esse teste tem a finalidade de saber se o produto em questão é perigoso para a pele se exposto ao sol. Pode causar vermelhidão, descamação da pele e queimaduras.

Teste de toxicidade:

Esse teste feito geralmente nos macacos por terem uma anatomia muito semelhante ao do ser humano, os animais são forçados a ingerir o produto por meio de um tubo na boca que vai diretamente até o estômago. Pode causar dor, convulsões, diarréias, sangramentos e lesões internas. Mas o principal objetivo é levar o animal à morte, para se determinar qual a dose máxima que é suportável para o organismo. É conhecido como DL50 (Dose Letal 50%), pois metade dos animais vão a óbito, o restante que sobreviveu é sacrificado.  

Como saberemos se são seguros para uso humano se não foram testados em animais e onde os testes são realizados?

Essa é a maior dúvida. O que as pessoas não sabem é que diversas empresas realizam testes de cosméticos veganos em pele humana desenvolvida em laboratório. A pele coletada pode ser separada por idade, sexo e raça do doador para a realização de testes confiáveis em função do mercado visado. Essa pele humana vem, principalmente, de células chamadas queratinócitos que são cultivados e inoculados e que se multiplicam até a formação de uma camada espessa a ser mergulhada em um líquido nutritivo que simula o sangue humano. O cultivo resulta em uma pele humana apta a testar produtos de beleza veganos e cruelty-free.

Existem cosméticos veganos que não são ecologicamente corretos?

Sim e existe até termo para isso: greenwashing. Um exemplo é um produtor substituir cera de abelha de um cosmético pela vaselina ou parafina, que derivam do petróleo e não são biodegradáveis, mas são veganas.

“Chegará o tempo em que o homem conhecerá o íntimo de um animal e nesse dia todo crime contra um animal será um crime contra a humanidade”Leonardo da Vinci.


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