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Dieta cetogênica, que prevenia convulsões, induz à redução de peso através da queima induzida de gordura; conheça

Na dieta cetogênica, há uma redução drástica do consumo de carboidratos e aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras boas, é o que explica Jamar Tejada na coluna desta semana

Dieta cetogênica, que prevenia convulsões, induz à redução de peso através da queima induzida de gordura; conheça – Freepik / fabrikasimf

Com certeza você já ouviu falar na dieta cetogênica ou dieta Keto, uma das dietas mais populares entre tantas que surgem todos os dias, apesar de ser uma das mais antigas. 

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A dieta cetogênica foi proposta na década de 1920 como uma alternativa no tratamento da epilepsia – doença neurológica em que os pacientes sofrem crises convulsivas frequentes. Contudo, com a percepção que essa dieta traria também a perda de peso, ela se tornou popular a partir da década de 1960 entre pessoas que não tinham o transtorno e buscavam o emagrecimento.

O que é a dieta cetogênica?

A dieta cetogênica busca a redução de peso corporal através da queima induzida de gordura. Nesta dieta, há uma redução drástica do consumo de carboidratos – como pão e arroz – e aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras boas, além de manter uma boa quantidade de proteínas na alimentação. A ideia básica é que o organismo utilize a própria gordura corporal como fonte de energia ao invés de usar os carboidratos para tal.

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Você pode ter achado ela parecida com a dieta low carb, no entanto, na dieta cetogênica há maior consumo de gorduras para compensar a falta de carboidratos.

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A dieta cetogênica é indicada principalmente para controlar e prevenir convulsões ou crises de epilepsia, no entanto pode também ser recomendada para tratar a obesidade, diabetes do tipo 2 e – em alguns casos – até o câncer, já que as células cancerígenas se alimentam principalmente de carboidratos. Interessante, não é mesmo?

Como funciona?

Os carboidratos são a principal fonte de energia do organismo humano. Após sua ingestão, os carboidratos são quebrados em açúcares, que são nosso combustível para a geração de ATP – molécula que nossas células usam como fonte de energia. Quando a ingestão de carboidratos é reduzida drasticamente, o organismo precisa se adaptar para obter energia, desviando o metabolismo energético para outra forma de ganho.

Essa segunda via de obtenção de energia no organismo se dá através da via cetogênica. Nesta via, ao invés de carboidratos, são utilizadas gorduras como combustível. A partir da quebra de gorduras (lipídeos), são geradas moléculas chamadas de corpos cetônicos. Os corpos cetônicos, assim como os açúcares, são utilizados para produzir energia nas células, daí o nome: dieta cetogênica.

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Na dieta cetogênica, forçamos o nosso metabolismo a quebrar gorduras para se manter em funcionamento. Lembrando que o órgão do corpo humano que mais gasta energia, por incrível que pareça, é o cérebro (que consome cerca de 20% de toda a nossa energia) mesmo representando apenas 2%, em média, da nossa massa corporal. 

Quando feita adequadamente, com supervisão de um nutricionista ou médico, é uma das dietas com mais evidências positivas para a perda de peso, já que a redução do consumo de carboidratos associada ao aumento do consumo de gorduras pelo organismo acaba favorecendo esse processo.

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Diferente de outras dietas com baixa ingestão de gordura (também conhecidas pelo termo em inglês low fat) que podem reduzir o metabolismo em mais de 400 Kcal/dia, a dieta cetogênica não parece alterar essa taxa metabólica. Isso contribui para a disposição e energia, que muitos relatam melhorar após a adesão desta dieta.

Porque é indicada nos casos de convulsão?

Já está comprovado que a adoção da dieta cetogênica reduz significativamente a ocorrência de crises convulsivas. Isso acontece devido aos seus efeitos sobre o sistema nervoso central, por isso começou a ser estudada em diferentes contextos relacionados à saúde mental além da epilepsia. 

Já existem evidências de benefícios da dieta cetogênica para o transtorno do espectro autista, esclerose múltipla, doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esquizofrenia, transtorno bipolar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

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O desbalanço de neurotransmissores, o estresse oxidativo e a inflamação são alguns pontos em comum dos distúrbios neuropsiquiátricos. Além disso, a maioria dos indivíduos que sofrem por algum desses transtornos apresenta um metabolismo de glicose desregulado. Daí entra a dieta cetogênica, capaz de regular o metabolismo da glicose, reduzir o estresse oxidativo e a inflamação, além de favorecer o funcionamento adequado de importantes sistemas de neurotransmissão.

Contraindicações da dieta cetogênica

Lembrando mais uma vez que esta dieta deve ser realizada com a supervisão e orientação de um nutricionista ou médico (endocrinologista, nutrólogo ou do esporte), já que por ser muito restritiva é necessário fazer uma avaliação nutricional completa para saber se é possível ou não realizá-la de forma segura, pois ela pode levar a deficiências nutricionais que a médio e longo prazo podem trazer riscos à saúde. Além disso, ela possui algumas contraindicações, como para gestantes, lactantes e para quem tem problemas renais. 

Como fazer a dieta cetogênica?

Com uma redução drástica da quantidade de carboidratos consumidos na alimentação diária, sendo indicado o consumo de 20 a 50 gramas por dia, o que corresponde a 10 a 15% das calorias totais diárias. Essa quantidade pode variar de acordo com o estado de saúde, tempo de duração da dieta e objetivos de cada indivíduo.

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O aumento do consumo de alimentos ricos em gorduras, como o abacate, coco, sementes, azeite de oliva, amêndoas e nozes entra para compensar a redução dos carboidratos — sendo indicado o consumo na dieta de 20 a 50 gramas por dia. Nesta dieta, a quantidade de proteínas consumidas deve corresponder à 20% da alimentação diária, sendo recomendado consumir carne, frango ou peixe no almoço e no jantar e incluir ovos e queijos nos lanches.

O organismo passa por um período de adaptação no início deste processo, que pode durar desde alguns dias até algumas semanas – vai depender do tempo que o corpo demora para se adaptar para começar a produzir energia através da gordura. Sintomas como cansaço excessivo e dor de cabeça – parecidos com os da gripe – podem ser bastante comuns nos primeiros dias, o que levou a popularização do termo keto flu (ou uma gripe cetogênica), mas os mesmos melhoram assim que o organismo se adapta.

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Alimentos permitidos e proibidos na dieta cetogênica

Permitidos:

  • Carnes, ovos e peixes gordos, como salmão, truta e sardinhas;
  • Embutidos como presunto, chouriço e bacon;
  • Azeite de oliva, óleo e manteiga;
  • Creme de leite, iogurtes naturais e sem açúcar, leite de coco, leite de amêndoas, nata, queijo cottage, cream cheese, queijo brie, queijo parmesão, queijo feta, queijo cheddar, queijo suíço, queijo mozarela e queijo azul;
  • Amendoim, castanhas, nozes, avelãs, castanha do Pará, amêndoas, manteiga de amendoim, pasta de amêndoa, pasta de castanha de caju;
  • Frutas como morangos, amoras, framboesas, mirtilos, cerejas, abacate e coco;
  • Vegetais como espinafre, alface, brócolis, cebola, pepino, abobrinha, couve-flor, aspargos, chicória vermelha, couve de Bruxelas, couve, aipo e páprica;
  • Sementes de linhaça, chia, girassol e gergelim;
  • Molhos como maionese e mostarda;
  • Stévia e azeitona.

Não permitidos:

  • Arroz, macarrão, milho, cereais, aveia e maisena;
  • Feijões, soja, ervilha, grão de bico e lentilha;
  • Farinha de trigo;
  • Pão e torradas;
  • Batata, batata doce e banana;
  • Bolos, doces, biscoitos, chocolates, caramelo e caldas doces;
  • Açúcar, açúcar mascavo, sorvetes, vitaminas e edulcorantes;
  • Chocolate em pó, produtos dietéticos e processados;
  • Pizza, lasanha, leite de vaca;
  • Bebidas alcoólicas.