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Do café ao suco de laranja: 7 alimentos e bebidas que devemos ter atenção ao tomar medicamentos

Na coluna dessa semana, Jamar Tejada indica os alimentos e bebidas que não devem ser consumidos durante a ingestão de cápsulas de remédio

Do café ao suco de laranja: 7 alimentos e bebidas que devemos ter atenção ao tomar medicamentos
Do café ao suco de laranja: 7 alimentos e bebidas que devemos ter atenção ao tomar medicamentos – Freepik

Na correria do dia a dia, muitos tomam seus medicamentos da maneira que acham mais prática ou que estiver mais a mão, ou então da forma como achar mais fácil ingerir. Tão importante quanto ter o remédio à mão para sanar um problema de saúde, é saber quando e como tomá-lo.

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Nos meus mais de 20 anos como profissional da saúde, já ouvi e vi de tudo: gente tomando medicamento com suco de laranja ou limonada, leite, café, refrigerante, chás, batida de frutas e até mesmo cerveja, vinho e whisky! E depois ainda reclamam quando passam mal.

A grande maioria pensa que basta “entrar” no corpo e o efeito está garantido, mas não é bem assim. Precisamos entender que todo medicamento é elaborado com princípios ativos que reagirão em nosso organismo, que sofrerão metabolização, reações enzimáticas, que já começam lá pela boca com a ação da saliva, depois ácidos e enzimas do estômago, intestino, fígado e por aí vai.

Todos, ou pelo menos quase todos os comprimidos e cápsulas de via oral, foram estudados com a ingestão de um copo de água, já que a água é o solvente universal. Então, como diz meu pai: “Não invente moda”. Ingerir com suco, café, chá, álcool ou quaisquer outros que citei acima pode, sim, afetar o efeito desejado do seu tratamento. A resposta ao medicamento pode ser aumentada, diminuída ou mesmo anulada, prejudicando sua saúde e a sua vida.

Também há casos de medicamentos que interferem um sobre o outro, seja a medicação impedindo a correta absorção de um nutriente, seja o alimento ou bebida que pode atrapalhar o seu estômago ou intestino de fazer a correta absorção de um medicamento.
No caso dos idosos, o dano é maior, já que apresentam a funcionalidade de diferentes órgãos reduzida devido ao envelhecimento.

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7 alimentos e bebidas que devemos ter atenção ao tomar medicamentos

Leite e laticínios

O cálcio do leite ou dos laticínios pode inativar o efeito da tetraciclina, antibiótico bastante usado no tratamento de acne e no combate a um amplo espectro de bactérias. O medicamento adere ao mineral e acaba tendo sua eficácia reduzida. A recomendação é dar um intervalo de uma hora entre a administração do antibiótico e a ingestão de leite, queijo ou iogurte. O cálcio também interfere na absorção do ferro presente em remédios para tratar anemia, por exemplo.

Frutas cítricas, em especial toranja (Grapefruit) e laranjas-amargas

A famosa limonada ou mesmo o tão comum suco de laranja, entram na listinha das frutas que podem interferir no uso de mais de 40 medicamentos, aumentando a biodisponibilidade (quantidade absorvida do fármaco na corrente sanguínea) em até 5 vezes, fazendo com que a dose não seja segura e se torne até tóxica.

Não estou dizendo que é para parar de comer essas frutas, mas caso esteja fazendo algum tratamento medicamentoso evite ingerir essas frutas e seus sucos em intervalos muito próximos aos dos medicamentos (cerca de duas horas aproximadamente). Ainda não devem ser consumidas com anticonvulsivantes, psicoterápicos, soros de ferro e sódio, felodipina (controle da hipertensão), midazolam (indutor de sono) e ciclosporina (imunossupressor).

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Bebidas alcoólicas (etanol)

Não precisa nem falar que álcool e medicação não combinam, não é? O álcool pode induzir tanto um retardamento quanto uma aceleração do metabolismo de um fármaco, sua transformação de sua forma ativa para a inativa. Quando ocorre a ingestão aguda do álcool, a consequência é o retardamento do metabolismo – e de forma crônica, a aceleração. Também pode ocorrer um efeito aditivo com os efeitos adversos do medicamento, tornando-os mais fortes e causando náusea, tontura, confusão e sonolência.

Nessa associação perigosa o efeito pior é com aqueles medicamentos que agem no sistema nervoso central, como antidepressivos, calmantes, remédios para dormir e anticonvulsivantes. Já que o álcool, que também atua diretamente no cérebro, tende a potencializar o efeito do fármaco, podendo provocar além de todos os sintomas citados acima, insônia, agitação, insuficiência respiratória, arritmia cardíaca e até levar ao coma.

Essas características do uso do álcool junto aos medicamentos são preocupantes, principalmente para os idosos, visto que frequentemente tratam mais de uma enfermidade com vários fármacos e apresentam um metabolismo mais lento.

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Logo, não beba álcool junto a antidepressivos, antitermicos (paracetamol), analgesicos, calmantes, antipsicoticos, ácido acetilsalicilico (aspirina), anticoagulantes (varfarina) e anticonvulsivantes, ok?

Alcaçuz (raiz doce)

Pois é, plantas, os inocentes chás também interferem. Quanto ao alcaçuz tanto seu extrato, quanto na forma de chá apresentam componentes que podem interferir em diversos fármacos, entre eles os anti-hipertensivos e os antiarrítmicos. Na verdade, mesmo um consumo do alcaçuz em doses maiores de 50 mg pode gerar efeitos indesejados como o aumento da pressão arterial.

Alimentos ricos em tiramina

Esse aminoácido pertencente à classe das aminas bioativas exógenas é derivado da famosa tirosina. Você pode encontrá-la em queijos fermentados (envelhecidos), frutas secas e muito maduras, vinho tinto, cerveja, carnes envelhecidas (salami) e pães caseiros ou ricos em fermento. Tais alimentos ricos nesse aminoácido interagem perigosamente com IMAO (inibidores de monoamino oxidase) antidepressivos utilizados em pessoas resistentes a outros tratamentos e geram uma grave crise hipertensiva, pois é responsável por induzirem a liberação de neurotransmissores como noradrenalina, dopamina e adrenalina.

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Cafeína

Presente no nosso amado cafezinho, chá, energéticos, chocolate e em alguns refrigerantes, a cafeína reduz a absorção de muitos medicamentos e pode interferir no tratamento à medida que reduz os efeitos terapêuticos. Não devemos ingerir esses alimentos e bebidas com o diazepam (calmante), nortriptilina (antidepressivo) e pentoxifilina (vasodilatador), etc.

O consumo de cafeína com medicamentos à base de teofilina, um broncodilatador prescrito para asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica pode aumentar o risco de toxicidade, porque as substâncias se sobrepõem, elevando a toxicidade do medicamento e intensificando efeitos adversos como taquicardia e agitação. O mesmo pode acontecer ao misturar cafeína e o antibiótico ciprofloxacina, resultando em dor de cabeça, insônia e náusea.

O grão de café torrado é a fonte mais rica em cafeína, sendo que uma xícara de 150ml, possui 103 mg de cafeína – o suficiente para causar interações significativas.

Vitamina K

Presente na couve, espinafre, repolho, couve-flor, couve-de-bruxelas, kiwi, abacate, entre outros vegetais, favorece a coagulação sanguínea e evita hemorragias. Quem toma medicamentos anticoagulantes à base de varfarina (pacientes que tiveram ou correm risco de desenvolver trombos, como portadores de doenças cardíacas). Portanto, deve seguir as orientações médicas para a alimentação não diminuir a eficácia do remédio. Mais uma vez falo que não se trata de evitar fontes de vitamina K, deve-se sim manter o consumo, mas evitar comer muito dela em um dia e nada no outro e ainda, manter pelo menos duas horas longe do horário da medicação.

Espero que não tenha assustado com essas informações, o objetivo é informar de forma que você melhore cada vez mais e não tenha dúvidas.

Na hora de tomar seu remedinho, ingira com o simples copo d’água, o solvente universal. O seu tratamento agradece!