Vitamina K: apesar de esquecida, é muito importante para nossa saúde
O farmacêutico homeopata Jamar Tejada fala sobre a ação das vitaminas K1 e K2, importantes para coagulação do sangue e fixação do cálcio, e sua suplementação

O farmacêutico homeopata Jamar Tejada fala sobre a ação das vitaminas K1 e K2, importantes para coagulação do sangue e fixação do cálcio, e sua suplementação
Essa vitamina, quase sempre esquecida, é mais que essencial para nossa vida. Entre suas funções, está o controle da hemorragia, já que participa do processo de coagulação sanguínea, da fixação do cálcio nos ossos e o fortalecimento dos mesmos: trata-se da vitamina K, também chamada de fitoquinona, que tem se tornado mais popular em tempos de dietas tão carentes de nutrientes.
A vitamina K pode ser encontrada, principalmente, em vegetais de cor verde-escura, como brócolis, couve e espinafre e em algumas frutas, como kiwi, morango e uvas. Assim, já entendemos o porquê da sua deficiência, pois, encontrar esses alimentos na mesa do dia a dia, acaba sendo mais raro.
Além disso, a vitamina K2 é produzida pela microbiota intestinal e está presente em alguns alimentos de origem animal. Para aqueles que fogem de verduras e frutas, a solução é a suplementação, onde atualmente a melhor opção é a que chamamos de MK, que deve ser utilizada sob orientação de médico, farmacêutico ou nutricionista.
Para quem já ouviu falar na vitamina K, mas fica em dúvida sobre qual usar, se a K1 ou a K2, eu vou explicar: acontece que quando falamos em vitamina K, estamos falando de um termo que engloba diferentes moléculas com uma estrutura parecida, mas com algumas particularidades, onde k1 e k2 são as duas principais formas dessa vitamina – as quais encontramos nas fontes alimentares.
A vitamina K1, também chamada de filoquinona, é encontrada em vegetais verdes, como couve, espinafre e brócolis, como citei acima.
Já a vitamina K2 – também conhecida como menaquinona – está presente em maior quantidade em produtos de origem animal, como carnes, ovos e laticínios, e em alimentos fermentados, sendo o natto – um alimento tradicional do Japão, obtido através da fermentação da soja – uma das fontes alimentares com maior concentração de vitamina.
Na vitamina K2, existem ainda diferentes subtipos: menaquinonas de 4 a 15 (MK-4 a MK-15), sendo as mais comuns são MK-4, MK-7 e MK-9 que diferem na sua estrutura, sendo mais específico, tendo variações na cadeia de isoprenilo, que é o que vai influenciar a sua biodisponibilidade no organismo.
A maior diferença entre as duas é que a vitamina K1 está mais envolvida com o processo de coagulação sanguínea. Já a vitamina K2 participa da mobilização do cálcio no organismo.
A vitamina K2 MK-7 atua na manutenção da saúde óssea justamente por participar da mobilização do cálcio, ativando a osteocalcina, uma proteína fundamental na fixação do cálcio nos ossos. De maneira simplificada, a vitamina K2 MK-7 estimula a formação do tecido ósseo pelos osteoblastos e inibe a reabsorção óssea pelos osteoclastos, o que é de extrema importância no combate a osteoporose – quando há um desiquilíbrio nessa relação entre a produção e a reabsorção do tecido ósseo -, por isso, se faz a combinação da vitamina K2 com a vitamina D3.
Além de atuar contra a osteoporose, a vitamina K2 MK-7 se direciona ao cálcio para os ossos, fazendo com que diminua sua concentração na circulação, evitando assim a calcificação das artérias, que leva a problemas cardíacos. Isso ocorre porque essa vitamina atua com o cofator para ativação de uma proteína chamada Matrix Gla (MGP) que participa da remoção do cálcio livre dos vasos sanguíneos, além de atrair macrófagos e fagócitos e regular negativamente a proteína óssea-2 (BMP-2) mantendo as artérias flexíveis e livres de depósitos de cálcio e reduzindo o risco de hipertensão arterial e suas complicações. Tá bom, ou quer mais?
A vitamina K2 é uma vitamina lipossolúvel, ou seja, pode ser dissolvida em gordura, logo, quando ingerida junto a uma fonte de gordura, sua absorção é bem melhor e obviamente não preciso dizer que essa fonte de gordura deve ser saudável, como abacate ou castanhas, pensando na saúde cardiovascular. Outra dica importante é que quando suplementar, a melhor escolha a ser feita é aviar sua receita em farmácia de manipulação pedindo para ser manipulada em óleo, como o coco, amendoim, abacate ou mesmo azeite de oliva.
A suplementação com vitamina K2 MK-7 é bastante segura de maneira geral, mas gestantes e lactantes devem suplementar esta vitamina apenas sob indicação de seu médico.
Pessoas que fazem uso de medicamentos anticoagulantes, como a varfarina ou mesmo aspirina, devem ter especial atenção, lembrando o fato da vitamina K ter ação coagulante, assim como aqueles que passaram por cirurgia bariátrica e que usam medicamentos para reduzir a absorção de gordura no intestino, pois a vitamina K é dissolvida e absorvida juntamente com a gordura dos alimentos.
A vitamina K obtida através dos alimentos e não apresenta efeitos tóxicos, mas quando o suplemento é utilizado em quantidades elevadas, pode ter alguns efeitos secundários, como coagulação irregular do sangue, toxicidade hepática, anemia hemolítica ou problemas neurológicos, principalmente nos recém-nascidos que recebem injeção dessa vitamina.
Quando nascemos, possuímos baixa vitamina K, pois ela não atravessa a placenta com facilidade. Assim, há risco de o bebê recém-nascido apresentar hemorragias por deficiência. Além disso, o leite materno é uma fonte muito pobre, mesmo sendo formada no intestino, já que o bebê ainda não formou bactérias capazes de produzir essa vitamina em quantidades suficientes.
A quantidade recomendada de ingestão diária de vitamina K varia de acordo com a idade, como mostrado a seguir:
Idade: 0 a 6 meses
Quantidade recomendada: 2 mcg
Idade: 7 a 12 meses
Quantidade recomendada: 2,5 mcg
Idade: 1 a 3 anos
Quantidade recomendada: 30 mcg
Idade: 4 a 8 anos
Quantidade recomendada: 55 mcg
Idade: 9 a 13
Quantidade recomendada: 60 mcg
Idade: 14 a 18
Quantidade recomendada: 75 mcg
Homens com mais de 19 anos
Quantidade recomendada: 120 mcg
Mulheres com mais de 19 anos
Quantidade recomendada: 90 mcg
Gestantes e lactantes
Quantidade recomendada: 90 mcg
Fiquem de olho nas suas vitaminas. Saúde!