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Frango: tudo que você queria saber, mas nunca foi atrás

O farmacêutico homeopata Jamar Tejada trouxe dados de um estudo sobre a redução de chances de câncer quando há a troca da carne vermelha pela carne de frango

Frango: tudo que você queria saber, mas nunca foi atrás
Frango: tudo que você queria saber, mas nunca foi atrás – Freepik

Muitos recebem a recomendação dos profissionais de saúde para trocarem a carne vermelha pela carne branca, sendo a carne de frango a preferida. Mas não apenas pelo baixo custo. Tem até gente que acredita que é vegetariana porque só come frango ou peixe. Acredite se quiser, mas já ouvi muito isso.

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Mas já que tornar-se vegano ou vegetariano não é tarefa muito fácil para grande maioria – principalmente para os gaúchos, como eu, onde o churrasco é mais que alimento, é até uma questão cultural – será que a troca vale a pena?

Por que a carne de frango é branca?

Já vou começar explicando o porquê da carne de frango ser branca e a de boi ou a de vaca, ser vermelha. Já parou para pensar nisso? A mioglobina e hemoglobina presentes no sangue são proteínas transportadoras de oxigênio pelo corpo que contêm ferro e o nosso organismo precisa de ferro para realizar esse transporte. Por isso animais de grande porte, como o boi e a vaca, necessitam de mais ferro para manterem-se saudáveis, consequentemente, possuem carne vermelha. Os animais pequenos como frango e peixe, por sua vez, necessitam de menos mioglobina e hemoglobina, resultando em uma carne branca. Entendeu?

O que tem de bom na carne de frango?

De acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), 100 g de frango contém 215 calorias e 18 gramas de proteínas. E 100 gramas de peito de frango fornecem mais de 18 gramas de proteína para apenas 215 calorias e com muito menos gorduras totais – sendo uma excelente fonte proteica sem consumir grandes quantidades de calorias extras. Lembrando que a proteína ajuda com construção e manutenção de massa muscular, crescimento e reparação dos tecidos do corpo e aumento da saciedade.

Composição total do frango:

Gorduras: 15 g
Gordura saturada: 4 g
Colesterol: 75 mg
Cálcio: 11 mg
Ferro: 0,9 mg
Magnésio: 20 mg
Fósforo: 147 mg
Potássio: 189 mg
Sódio: 70 mg;
Zinco 1,3 mg

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O selênio, por sua vez, é o mineral mais encontrado na carne de frango que atua como um antioxidante. O peito de frango oferece cerca de 25% da ingestão diária recomendada de selênio em apenas 100 gramas.

Em termos de vitaminas, contém vitamina C, tiamina, riboflavina, niacina, vitamina B6, ácido fólico, vitamina B12 e vitaminas A, E, D e K. Com destaque para a vitamina B3 (niacina), que contém uma grande quantidade – oferecendo 56% da ingestão diária recomendada em 100 gramas. O corpo humano precisa de vitamina B3 para centenas de reações enzimáticas. Mesmo que o frango não tenha tanta concentração de vitaminas do complexo B como a carne vermelha, ainda é uma excelente fonte.

Relação entre creatina e frango

Vamos falar agora da creatina, que é um composto que o corpo humano produz naturalmente a partir de três aminoácidos: arginina, glicina e metionina. A depender do corte, o frango chega a oferece entre 300 e 500 mg de creatina por 100 gramas. Essa quantidade é semelhante aos níveis de creatina encontrados na carne vermelha. Também podemos encontrar cerca de 850 mg de creatina por porção de 200 gramas de peito de frango sem pele. Saiba mais sobre a cratina clicando aqui.

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Trocar carne vermelha pelo frango reduz chance de câncer

Bom, além de todos esses fatores citados acima, a indicação de troca da carne vermelha pela branca veio ainda mais forte depois de um estudo publicado em agosto de 2019 na revista International Journal of Cancer, que constatou que essa troca pode reduzir o risco de câncer. Os pesquisadores descobriram que mulheres que comem carne de aves, como frango, peru e pato, apresentam 15% menos risco de desenvolver câncer de mama. Já as mulheres que preferem a carne de boi, vaca ou porco, estão 23% mais propensas a receber o diagnóstico da doença.

Mas esse estudo não foi o único. Em 2014, a Universidade de Harvard revelou que o maior consumo de carne vermelha durante o início da vida adulta eleva o risco de câncer de mama. Em 2019, na Universidade de Oxford, um outro estudo mostrou que o consumo de carnes processadas, como salsicha, presunto, linguiça e bacon, por quatro dias na semana pode elevar o risco de câncer intestinal em 20%.

Essa pesquisa foi realizada analisando a dieta e os métodos de cozimento de 42.012 mulheres com idade entre 35 e 74 anos que nunca foram diagnosticadas com câncer, mas tinham uma irmã que teve a doença. Incrível, não é mesmo?

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Ao longo dos sete anos de estudo, a equipe identificou 1.536 casos de câncer de mama invasivo, caracterizado por células malignas que começam no duto de leite e rompem a barreira do duto, crescendo no tecido adiposo da mama. Uma análise mais detalhada mostrou que as mulheres que consumiram mais carne vermelha estavam mais propensas a desenvolver esta forma de câncer que corresponde a 80% dos casos, do que aquelas que comiam mais carne branca. Os números permaneceram iguais mesmo depois que os pesquisadores consideraram outros fatores de risco para o câncer de mama.

O estudo também mostrou que a forma de preparo das aves (frita, cozida, assada ou grelhada) não pareceu interferir no risco. A explicação para esse efeito redutor está ligada ao fato de que a ingestão de frango promove baixa atividade mutagênica, reduz o stress interno da célula e provoca menos dano ao DNA. O estudo não diz que comer carne de frango é a solução, mas diminui o risco comparado a carne vermelha.

Um dos maiores benefícios da carne branca das aves é que, por ser menos calórica, ela pode ser considerada mais saudável para a saúde cardiovascular. As carnes vermelhas, por outro lado, oferecem maior efeito inflamatório, fazendo com que o fígado produza substâncias que levam a lesões nas artérias. Portanto, a carne branca magra não processada é uma boa alternativa à carne vermelha e uma fonte sustentável de proteínas e vitaminas de alta qualidade.

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Com ou sem pele?

Saiba também que a pele do frango tem 32% de gordura, ou seja, a cada 100 gramas de pele que consumimos, 32 gramas são de gordura e dois terços dessa gordura são insaturadas, as chamadas “gorduras boas”, que ajudam a melhorar os níveis de colesterol no sangue. E um terço das gorduras são saturadas, as conhecidas gorduras “ruins”, que contribuem para aumentar os níveis do colesterol indesejado. Logo, se consumirmos frango com pele, aumentamos a ingestão calórica de cada porção em aproximadamente 50%.

Para se ter uma noção, se consumirmos um peito de frango com 196 gramas sem pele, estaremos consumindo 284 calorias (de acordo com os dados nutricionais do Departamento de Agricultura dos EUA), com 80% das calorias provenientes de proteínas e 20% de gordura. Porém, esses números aumentam se incluirmos a pele. Assim, o peito terá 386 calorias, sendo 50% provenientes de proteína e 50% de gordura. Então, a recomendação mais saudável é retirar a pele antes de comer para não adicionar calorias ou gordura extra ao prato, ok?

Frangos têm adição de hormônios?

Não, os frangos não recebem hormônios para crescer ou para qualquer outro fim, até porque é proibido! A produção, a distribuição e a comercialização de alimentos no Brasil é fiscalizada tanto pela Anvisa como pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Porém a carne de frango de criações orgânicas tendem a ter mais nutrientes e menos gorduras saturadas do que os frangos de corte comuns, onde as aves consomem rações muitas vezes transgênicas e com agrotóxicos, além de muitas vezes serem administrados antibióticos.

Deve-se lavar o frango antes de cozinhá-lo?

Não. Isso é um erro comum e que aumenta o risco de intoxicação alimentar. A Agência de Normas Alimentares do Reino Unido (FSA) advertiu há muito tempo que lavar o frango antes de cozinhar aumenta o risco de espalhar a bactéria Campylobacter nas mãos, superfícies, roupas e utensílios de cozinha pelo respingo de gotas de água. Quando se lava o frango, a água acaba espirrando ao redor. Dessa forma, as bactérias podem acabar entrando em nosso corpo através, por exemplo, de uma faca que esteja perto da pia. A enterite (inflamação da mucosa do intestino delgado) por Campylobacter é uma das causas mais comuns de intoxicação alimentar.

Frango e intoxicação alimentar

Você sabia que o frango costuma ser uma das principais fontes de intoxicação alimentar no mundo? Os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estimam que a cada ano cerca de 1 milhão de pessoas adoecem no país por comer aves contaminadas. A carne crua pode estar contaminada com a bactéria Campylobacter e também com Salmonella e Clostridium perfringens. Por isso, devemos sempre cozinhar muito bem a carne de frango.

Frangos e antibióticos

Infelizmente é uma prática bem comum, mas o uso de antibióticos na produção de frango (e de outros animais) segue regras específicas que têm como objetivo garantir a segurança do produto que será oferecido aos consumidores. Essa prática não oferece perigo à saúde humana. No entanto, em estudo publicado pela revista científica The Lancet, o uso exagerado desses medicamentos na medicina humana, veterinária e na agricultura têm sido associado ao aumento da resistência aos antibióticos globalmente.

Essa resistência antimicrobiana é a capacidade das bactérias de resistir aos efeitos desses medicamentos. Dessa forma, o medicamento que antes funcionavam para determinada doença, passa a ser ineficaz.

Segundo o FDA (agência do governo norte-americana que regula alimentos e medicamentos), na produção de animais para consumo os antibióticos são utilizados não somente para tratar e prevenir doenças, mas também para otimizar e acelerar o consumo de comida no processo de ganho de peso. Esse uso pouco seletivo seria a causa da expansão da resistência aos antibióticos. Portanto, dê sempre preferência a frangos orgânicos.

Podemos congelar e descongelar o frango?

Eu mesmo muitas vezes já cometi esse erro, mas o congelamento pela segunda vez não é recomendado. O congelamento tem o objetivo de impedir o crescimento de microrganismos mas, ao descongelar esses microrganismos podem começar a crescer novamente.

A única maneira segura para congelar novamente é quando já estiverem cozidas, pois m cozimento elimina a presença de microrganismos, permitindo congelar mais uma vez a carne e ainda garantir as propriedades organolépticas.

Assim, quando quiser descongelar, a melhor maneira é realizar o procedimento com a carne dentro da geladeira, pois a temperatura ambiente pode aumentar o desenvolvimento dos microrganismos. Por isso, planeje o descongelamento com antecedência, pois a espera será maior.

Por fim, seguem dicas básicas de manuseio e consumo para a carne de frango:

– Lave sempre as mãos antes de preparar todos os tipos de alimentos e várias vezes durante a sua preparação, especialmente se manusear alimentos crus e cozidos ao mesmo tempo;

– Ao manusear frango e outros alimentos crus, use equipamentos e utensílios diferentes e evite o contato com alimentos cozidos e/ou prontos para consumo;

– Como citado acima, não devemos lavar a carne de frango, pois isso pode fazer com que ela, juntamente com as partículas de água que respingam, contamine o local de trabalho;

– O frango deve ser cozinhado completamente e deve estar livre da cor rosa dentro ou perto dos ossos e articulações;

– Se quiser requentar o frango de uma refeição e quiser comê-lo na próxima, reaqueça-o completamente.