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Plantas medicinais e diabetes: relação existe, mas não substitui acompanhamento médico

Na coluna desta semana, o farmacêutico naturopata Jamar Tejada apresenta plantas medicinais que podem ser usadas como complemento no controle da diabetes, desde haja orientação médica ou farmacêutica

Plantas medicinais e diabetes
Plantas medicinais e diabetes – Freepik

Como farmacêutico homeopata, sempre recebo mensagens de pessoas querendo saber indicações de plantas para os mais diferentes problemas.

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As plantas medicinais possuem princípios ativos que podem tratar, curar ou prevenir doenças, mas não é pelo fato de ser natural que as tornam seguras. Esses mesmos princípios ativos que curam, tratam e previnem podem adoecer, intoxicar ou mesmo matar.

Então, antes de se arriscar com o chazinho milagroso indicado pela vizinha, colega de trabalho ou pela conversa que ouviu de canto no metrô, sempre busque orientação de um profissional de saúde capacitado, com experiência e especialista em fitoterapia.

DIABETES E PLANTAS MEDICINAIS

Mas, voltando ao nosso tema de hoje: estima-se que em 2030, o diabetes mellitus alcançará 366 milhões de pessoas em todo o mundo. Um dado assustador e que pelo impacto social e econômico que tem ocasionado, tanto em termos de produtividade quanto de custos, vem sendo reconhecido, em vários países, como problema de saúde pública. Esse problema vem acompanhado de reflexos sociais importantes, já que doenças oculares, renais e vasculares têm sido apontadas como causas frequentes de invalidez e incapacitação para o trabalho.

Apesar dos avanços na medicina convencional, é raro o paciente diabético que não tenha recorrido a uma plantinha. Até porque, antes da descoberta da insulina, as terapias para melhora dos sintomas do diabetes mellitus eram realizadas com o uso dessas plantas e das dietas alimentares.

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As propriedades positivas encontradas em algumas plantas, tais como o controle do metabolismo de carboidratos, liberação da insulina, prevenção e restauração da integração e função das células pancreáticas, melhora da captação e utilização da glicose e torna essas plantas excelentes fontes de pesquisa como modelo terapêutico.

Para conviver com a doença, há necessidade de um controle rigoroso da glicemia, uma vez que ainda não existe cura. Intervenções medicamentosas mostram efeitos positivos, porém o custo elevado e os efeitos colaterais de diversos fármacos têm despertado o interesse em conhecer os efeitos de substâncias naturais na redução dos níveis de glicose sanguínea.

No meu penúltimo artigo aqui na coluna escrevi sobre alimentação e diabetes e hoje completo o artigo escrevendo sobre o grande número algumas plantas utilizadas quando o efeito é baixar a glicemia.

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As plantas medicinais abaixo citadas não dispensam um tratamento médico, assim como não devem substituir nenhum tratamento, mas valem como orientação para quem não dispensa uma plantinha e busca uma alternativa ou complemento ao seu tratamento mas, obviamente em conjunto com orientação médica e farmacêutica.

 

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Principais Plantas com Atividade Hipoglicemiante

Panax ginseng

Na Medicina Tradicional Chinesa, o ginseng (Panax ginseng, Araliaceae) tem mostrado bons resultados para regular o nível de açúcar no sangue e é geralmente utilizado para tratar o diabetes. O extrato da sua semente pode oferecer tratamento alternativo para o diabetes do tipo 2 já que além de possuir atividade hipoglicemiante, também combate a obesidade – uma das causas do diabetes.

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Carambola

Em alguns estudos se observou o efeito anti-hiperglicemiante da carambola (Averrhoa carambola L., Oxalidaceae). Por ter boas quantidades de fibras, a carambola é uma fruta que ajuda a diminuir a velocidade de absorção do carboidrato dos alimentos, controlando os níveis de glicose no sangue, e assim previne e controla a diabetes. Além disso, essa fruta é rica em antioxidantes, como flavonoides e ácido gálico, que inibem os radicais livres, evitando danos nas células que produzem insulina – o hormônio responsável pelo equilíbrio do açúcar no organismo. Lembrando que também pode ser utilizada na forma de cápsulas.

Casca do maracujá

Atualmente a casca do maracujá (Passiflora edulis Sims, Passifloraceae) desidratada tem sido empregada como adjuvante no tratamento do diabetes. Foi observado na casca do fruto muitos compostos, especialmente fibras solúveis como a pectina (principal componente) sendo apontada como adjuvante na redução dos níveis de colesterol e glicemia e apresentando ainda atividade anticancerígena e imunoestimulatória.

Camellia sinensis

As propriedades medicinais do chá preto e verde de Camellia sinensis podem auxiliar no tratamento de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer. Os flavonóides presentes nos chás preto e verde podem atuar no controle do diabetes de várias formas, podendo exibir efeitos hipoglicêmicos, antioxidantes ou insulino-estimulantes. De acordo com estudos o extrato seco das folhas de Camellia sinensis inibiu em 45% a 75% a enzima α-amilase, a qual é responsável pela quebra dos oligossacarídeos em monossacarídeos que são absorvidos. A inibição da atividade destas enzimas no nosso trato digestivo é relevante no controle da obesidade ou diabetes por diminuir a absorção de glicose. A administração de chá verde diminuiu a atividade dos transportadores de glicose no epitélio intestinal em experimento com cultura de células intestinais humanas – o que se acredita poder promover uma sensação de saciedade nas pessoas, diminuindo assim a ingestão de glicose na dieta.

Leia mais sobre o chá verde aqui.

Parreira brava

Usado popularmente no tratamento de diabetes, sendo conhecido também como “insulina vegetal” ou “uva do mato” a ação hipoglicemiante da parreira brava (Cissus verticillata) pode ser explicada pela rica presença flavonóides no extrato, dentre eles a rutina, que não apenas ajudam a controlar a glicemia, mas também garantem o fortalecimento da imunidade. Ela é uma planta principalmente rica em antocianinas. Além das propriedades anti-inflamatórias, a insulina vegetal é rica em minerais importantes para a saúde. Em especial, suas folhas são repletas de cálcio, potássio e fósforo – essenciais para a saúde dos ossos, do sangue e do metabolismo.

Melão de São Caetano

O uso do melão de São Caetano (Momordica charantia) para diabetes já é muito conhecido. Isso acontece porque possui dois ativos conhecidos como insulina vegetal: Charantina e Polipeptídeo-p (ou insulina-p). Esses ativos têm a estrutura molecular parecida com a estrutura da insulina e conseguem “enganar” os receptores de insulina das células, fazendo com que elas consumam o açúcar.

Outras funções do melão de São Caetano no diabetes são:

-Evitar que o fígado jogue o açúcar armazenado (glicogênio) para o sangue;
-Aumentar a sensibilidade à insulina nos receptores das células;
-Estimular o pâncreas a produzir mais insulina;
-Aumentar a multiplicação das células produtoras de insulina no pâncreas;
-Diminuir a absorção de açúcar no intestino;
-Resistir aos hormônios que aumentam a taxa de glicose.

Pata de vaca

Os extratos de pata de vaca (Bauhinia forticata) podem reduzir a taxa de glicose, triglicerídeos e colesterol, sendo útil no tratamento do diabetes tipo 2. No início dos estudos imaginava-se que esta planta ativava as células do pâncreas a produzir mais insulina. Posteriormente, alguns pesquisadores informaram que esta planta era rica em Cromo e era por isso que funcionava no tratamento da diabetes, já que este elemento parece estimular o aumento da produção de insulina. Mais recentemente descobriram que esta planta possui uma molécula quase que idêntica à insulina humana, tanto é que foi denominada de insulina vegetal. Isso foi realmente uma grande descoberta, pois mais uma vez a ciência confirma aquilo que a população já conhecia há muito tempo.

Romã

Estudos realizados com o extrato das raízes e do caule da romã (Punica granatum) promoveu uma diminuição da glicemia em animais e inibiu a absorção intestinal de glicose. O suco fresco da romã (Punica granatum) é rico em antioxidantes que tem a capacidade de reduzir o estresse oxidativo, o qual é um dos principais marcadores do desenvolvimento de doenças metabólicas, como resistência à insulina e diabetes tipo 2. Além de outros benefícios, ajudam a melhorar as funções do pâncreas – que é o órgão responsável pela produção do hormônio insulina no organismo. Esta propriedade da fruta ajuda a equilibrar os níveis de açúcar no sangue, prevenindo diabetes e ajudando a controlar a glicemia em quem já tem a doença.
Alguns estudos mostraram que a ingestão do suco fresco das flores ou sementes da romã pode diminuir os níveis de açúcar no sangue de pessoas com diabetes tipo 2 em apenas poucas horas após o consumo.

Babosa

O Aloe vera contém em seu mucilage (aquele gel glucomanano) uma fibra solúvel que reduz o nível de açúcar no sangue, além de antraquinonas e lectina, que, além de baixar o nível de açúcar no sangue também fortalecem o sistema imunológico.

A babosa também é repleta de vitaminas e sais minerais, que fortalecem os sistemas de defesa do corpo, em apenas dois meses de tratamento pode-se diminuir pela metade o nível de glicose no sangue. Seu uso frequente estimula a produção de insulina pelo organismo e estimula a eliminação de toxinas e resíduos acumulados no organismo. Essa ação “detox” beneficia o corpo em geral e também facilita a perda de peso que é um dos fatores desencadeantes do diabetes.
Além disso, ajuda a combater outros problemas associados ao diabetes, como úlceras e infecções, por causa de suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Alho

Ao analisar os efeitos terapêuticos do alho (Allium sativum L.), foi encontrada uma gama de nutrientes, sendo eles proteínas, ácidos graxos, carboidratos e vitaminas como a A, B1, B2 e C. Em um dente de alho foi identificado também 33 compostos organossulfurados, contendo em quantidades quatro vezes maiores que na cebola, brócolis, entre outros. Dentre os compostos organossulfurados, pode-se citar a Aliina como o composto em maior abundância e melhor efeito hipoglicemiante. Quando há o consumo do bulbo, ocorre a laceração do mesmo e a aliina entra em contato com a enzima aliinase, sendo convertida posteriormente em alicina. Caso o indivíduo ingira a cápsula de alho, a aliina entrará em contato com a aliinase no intestino, derivando assim a alicina.

Se cuidem e até semana que vem!