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”Cada um tem um tempo na hora de passar pela superação”, diz neuropsicóloga sobre o enfrentamento do luto em tempos de pandemia

Em meio a flexibilização das atividades no Brasil, o número de óbitos de mantém alto; confira

“Cada um tem um tempo na hora de passar pela superação”, diz neuropsicóloga sobre o enfrentamento do luto em tempos de pandemia – PxHere

Passados sete meses desde o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, assistimos hoje à volta gradual dos profissionais aos locais de trabalho, a reabertura dos bares, restaurantes, parques, e, quem sabe, até o final do ano, escolas e faculdades.

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Apesar da flexibilização, o Brasil ainda registra uma média diária de 670 mortes por Covid, totalizando 152 mil óbitos pela doença. Dentre o “novo normal” que se instaura, sete meses depois, os velórios e sepultamentos limitados de vítimas ou não do novo vírus ainda se fazem necessários.

Segundo protocolo divulgado pelo Ministério da Saúde, as cerimônias devem ocorrer em locais ventilados com no máximo 10 pessoas, respeitando a distância mínima de, pelo menos, dois metros entre elas, e o uso de máscaras de proteção.

Para quem fica, o misto de emoções atrelado ao distanciamento social durante e após os rituais de despedida podem ser significativamente mais impactantes.

Confira o depoimento da psicóloga e neuropsicóloga Sandra Morais sobre o enfrentamento do luto diante da pandemia do novo coronavírus.

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“A perda de um ente querido já é dolorosa por si só, e diante dessa pandemia, ao passarmos pelas etapas sem velório e funeral, se torna mais dolorida. Isso acontece porque ficamos sem o abraço dos amigos e familiares e sem a chance do último adeus em um funeral.

Luto é um processo na qual se formam reações e emoções, resultado de uma perda muito marcante em nossas vidas. Na verdade, nunca iremos conseguir definir o que é luto, porque ele é particular e individual, cada qual tem uma forma de sentir e passar por ele.

Mas como lidar diante de um momento tão frágil em nossas vidas? Primeiro de tudo, acolha os sentimentos. Não fica se culpando por senti-los ou simplesmente por estar triste. Expresse o que sente com pessoas próximas. Não se julgue.

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Também tente buscar prazer nas pequenas coisas e procurar focar no presente, naquilo que você tem no momento e não nas coisas que perdeu. Organize uma rotina diária que inclua atividades produtivas e prazerosas, de autocuidado, de relaxamento e tente algo para praticar a compaixão.

Entenda que cada pessoa tem uma reação e um jeito de lidar com as situações. Ou seja, cada um irá passar pela aceitação do luto de formas diferentes, não há fórmulas, apesar de que há alguns exemplos de pessoas, talvez até mesmo familiares e amigos, que souberam superar esses sentimentos e que nos desperta encorajamentos. Mas se você não conseguir superar tão rápido ou tão bem quanto essas pessoas, não se culpe nem se julgue.

Outra questão é sobre o tipo de luto encarado por cada pessoa. Por exemplo, não se pode diferenciar simplesmente pelo seu tempo de duração. Cada um tem seu tempo na hora de passar pelo processo de superação da perda. Há várias etapas, como o contato com o ocorrido, a raiva, a compreensão, a aceitação e, enfim, a superação.

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Superar o luto e vencer os sentimentos de tristeza não significa que a pessoa precisa esquecer o ente querido. O detalhe está em superar a dor da ausência e aceitar a perda.

É preciso entender que não somos máquinas com o botão de “liga e desliga”. Então, para vencer esse momento procure ter uma rotina, tente voltar a trabalhar, busque coisas produtivas para a vida, tire tempo para o lazer, para passear, evite ficar sozinho e busque a companhia de amigos.

No entanto, há aqueles que não conseguem entrar na fase de aceitação. Há quem passa a ter um sofrimento duradouro e não consegue chegar à fase da superação. Com isso, não alcança o desapego daquele que já se foi.  Nesse caso, o enlutado deve procurar ajuda, pois, quando isso acontece, a depressão acaba fazendo parte deste luto. Para isso, é necessária a busca por acompanhamento psicológico.

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É importante ressaltar que a terapia não irá eliminar a dor, mas irá promover uma memória saudável em vez de um peso. E quanto mais leve nossa mente ficar diante da dor, mais fácil será para a pessoa retomar sua rotina e fazer sua vida seguir em frente.”


Sandra Morais é Psicóloga (CRP: 5/52586) e Neuropsicóloga, com especialização em Avaliação Neuropsicológica pela PUC RJ. Atualmente cursando pós graduação em Terapia Cognitivo Comportamental baseada em evidências. Coautora do Livro: “É Possível Sonhar, o Câncer não é Maior que você”, com capítulo sobre “Como construir autoestima e ser Super confiante”. E psicóloga na Casa de Convivência e lazer para idosos.