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Ambições para lá de válidas e que, pelo menos em nossa sociedade, estão condicionadas ao dinheiro – iStock

“Passar o dia rezando não paga conta de luz”, diz em tom de
brincadeira o jovem lama Michel. Ou seja, para todo mundo, em primeiro lugar,
vêm as necessidades de teto, alimento, água, proteção. Ambições para lá de
válidas e que, pelo menos em nossa sociedade, estão condicionadas ao dinheiro.
                O
filósofo Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política na
Universidade de São Paulo, reconhece isso e põe mais lenha na discussão. Para
ele, focar a atenção na conquista de bens materiais não aquece o coração de
ninguém. É mais uma ilusão de felicidade do que uma escada até ela. “Uma pessoa
consegue comprar o carro do ano, mas qual o efeito disso se o trânsito não
anda?”, pontua Renato.
                A
situação ilustra como o progressivo desejo de ter é um embuste. “O desejo
ilimitado escraviza. Continuamos insatisfeitos e buscando outros elementos para
preencher esse vazio”, diz o professor. Depois do carro novo, o objeto de
desejo pode ser um corpo mais magro, uma joia, um objeto da última coleção,
etc. É comum mesmo associarmos a felicidade a esses elementos. Em parte, eles
são pílulas de alegria e confortam a alma. O problema é que o efeito dessa
pílula passa logo se não houver outros valores afetivos preenchendo nosso
cotidiano. 

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