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Gaslighting no BBB 23: o que o termo nos ensina sobre manipulações psicológicas?

Manipular e inferiorizar o parceiro são algumas das principais características do gaslighting, prática que assistimos do Big Brother Brasil 23

Gaslighting no BBB 23: o que o termo nos ensina sobre manipulações psicológicas?
Gaslighting no BBB 23: o que o termo nos ensina sobre manipulações psicológicas? – Reprodução/TV Globo

“Numa relação afetiva, certas coisas não devem ser faladas nem de brincadeira”. Foi assim que o apresentador do Big Brother Brasil 23, Tadeu Schmidt, finalizou seu discurso a Gabriel Fop no programa que foi ao ar em 22 de janeiro. Com apenas uma semana de BBB, o país assistiu à relação de Gabriel com Bruna Griphao sendo construída na base de comentários maldosos e manipulação.

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O romance entre os “brothers” foi altamente comentado nas redes sociais, quando muitos internautas começaram a criticar certas atitudes de Gabriel. Em uma das situações, quando Bruna foi questionar o companheiro sobre uma atitude grosseira que ele teve com ela, a “sister” precisou ouvir como ela era a verdadeira errada da história. Bruna, que apenas queria um pedido de desculpas, acabou se desculpando.

O que é gaslighting?

Para fora das telas, cenas como essa são comuns. O termo gaslighting está cada vez mais popular. Em 2022, o dicionário Merriam-Webster a definiu como a palavra do ano. Seu surgimento veio do filme norte-americano “Gaslight”, da década de 1940. A trama acompanha um homem que tenta convencer uma mulher e todos a sua volta que ela estaria ficando louca. É justamente essa tentativa de roubar a sanidade de uma pessoa que significa o termo.

Segundo a psicanalista Simony Correia: “O gaslighting se caracteriza por uma forma de abuso psicológico. Um movimento de manipulação que faz com que o outro se sinta inferiorizado, inseguro ou até mesmo culpado por todas as questões e defeitos da relação”. Com essa prática, um indivíduo tenta controlar os pensamentos e sentimentos de alguém a seu favor.

Diversas são as formas de violência, e o gaslighting é uma delas. Tal atitude pode levar a relacionamentos abusivos. “De maneira lenta e insidiosa, como uma lavagem cerebral feita com pequenas dosagens iniciais que se prolongam, mantendo a vítima em um estado permanente de medo”, explica Simony. A construção de uma tensão no relacionamento leva a vítima a ter cautela com cada fala e atitude que for ter com a outra pessoa.

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Gaslighting acontece fora das telas

Glória Branco é jornalista. Durante um ano e meio se viu presa em um relacionamento abusivo. Seu parceiro constantemente encarava outras mulheres na sua frente e trazia sempre à tona interações que teve com antigas parceiras. Quando o questionava sobre suas atitudes, Glória era atacada verbalmente. “Ele sempre incitava o ciúme. E quando eu dizia alguma coisa, ele me atacava. Sempre me atacava. Dizendo que eu era ciumenta, que eu estava sempre vendo coisas erradas, que ele não conseguia conversar comigo”, relembra.

A jornalista ainda conta de uma das situações que viveu ao lado do companheiro. Durante uma conversa com o ex-cônjuge, ela citou uma fala da tia dele que havia sido dita há poucos dias na frente dos dois. Ele, ao contrário, negou o fato e disse que ela estava inventando a história.

“Ele começou a dizer que eu estava inventando aquilo, e que eu estava fazendo aquilo porque eu queria ver ele brigar com a tia. Que eu queria fazer intriga para destruir a família dele. Eu não estava inventando nada”, desabafa Glória.

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Como ocorre de forma muitas vezes sutil, a vítima do gaslighting pode acabar não percebendo que está entrando em uma relação não saudável. A psicanalista diz que a melhor forma de ajudar é “questionando a vítima de maneira sútil, se em sua relação ela é constantemente interrompida ou até mesmo se sente invalidada”. Procurar entender se ela tem uma rede de apoio ou pode contar com ajuda profissional também é importante.

Glória conta como conseguiu sair do relacionamento em que vivia. Tem dois anos que consegui sair dessa relação. No começo foi bastante difícil, eu precisei passar por tratamento terapêutico. Hoje eu ainda faço terapia, mas consigo falar muito bem sobre o assunto”, comenta a jornalista. Atualmente, Glória é bastante engajada no assunto e busca ajudar outras mulheres que estão passando pela mesma situação.

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