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Aqui há tanto frescor

Depois de 25 anos morando em uma mesma casa, Rosy e Celso foram provocados a trocar de endereço. Viviam confortáveis com uma decoração rústica e, agora, estão apaixonados por um design mais leve

Aqui há tanto frescor – Lailson Santos
Quem entra pela primeira vez na casa de Rosely e Celso Góes, em um bairro arborizado da cidade de São Paulo, não demora nada para fazer algum comentário elogioso sobre o ambiente: “Parece casa de praia”, “Quantos detalhes”, “Tudo é tão caprichoso”, “Tenho a impressão de que já estive aqui antes”. E não são poucos os amigos – muitos vizinhos – que se sentem verdadeiramente em casa. A morada é o exemplo bem construído de uma arquitetura feita para abraçar seus moradores. A ponto de despertar, no mínimo, uma re exão: “Por que não é sempre assim?”, “Por que algumas obras não levam em consideração, em primeiro lugar, o bem-estar de seus usuários?”. A nal, não há segredo. Apenas regras básicas para seguir, como ventilação, luz natural, boa circulação. Uma somatória que seduziu Rosy logo de cara. “Morei durante 25 anos em uma casa próxima e nunca tinha pensado em sair de lá. Até que uma incorporadora se interessou por comprar os imóveis da rua. O dinheiro oferecido não compensava e o negócio não aconteceu, mas fez acender uma luzinha em mim: ‘Mudar, por que não?’”, conta Rosy, como é chamada entre amigos. “Um dia, passeando pela rua, vi a placa de vende-se e, por curiosidade, resolvi entrar. Uau! Imagine uma sala vazia, integrada à sala de jantar e com uma cozinha lá no fundo, linda. Era um espaço amplo, iluminado e tinha esse piso de taco que é uma verdadeira obra de arte. Só ia me encantando mais e mais”, lembra ela.
O projeto dos anos 1960, mantinha a caixilharia original de ferro, típica do modernismo (período de mais formas geométricas e menos ornamentos). E havia sido reformado a pedido do proprietário anterior, um europeu apaixonado por madeira. Ele contratou um arquiteto que acrescentou o material como revestimento de dois ambientes, fez dois cortes na cozinha para incluir dois enormes panos de vidro e transformou uma parede inteira da frente da casa em uma enorme caixilharia de ferro e vidro que conversa com o restante das janelas. “Tudo isso trouxe acolhimento e uma leveza imensos”, comemora a moradora.
A coerência na arquitetura não encantou Rosy, arquiteta de formação, e o marido, jornalista, à toa. Ecoou com o pensamento ecológico da família, adepta de uma cozinha onde só entram orgânicos, consciente da importância de usar produtos de higiene e beleza que causem menos impacto ao ambiente e preocupada em captar água da chuva para economia de recursos. Se o estilo de vida foi mantido com rigor, o da decoração, por outro lado, ganhou novos ares. “Minha outra casa era centenária e, porque o terreno era estreito, longo e não permitia grandes aberturas de luz, tinha optado por uma linha decorativa rústica ancorada em móveis pesados, de madeira, com um toque de mineirice. Não combinava com a energia daqui”, descreve Rosy.
Enquanto a documentação da compra do imóvel andava, a futura moradora teve tempo de estudar que peças levaria para o novo lar e quais teriam que ser recicladas. “Eu pensava: ‘Meu Deus, não vou acabar com a modernidade do que eu vi. Eu preciso dela’.” Criteriosamente, foi selecionando o que mais harmonizava com a atmosfera do novo endereço. Trouxe a mesa de jantar de madeira escura, mas substituiu as cadeiras com design campesino por outras de linhas retas. Doou móveis para a faxineira e para uma amiga, dirigente de um centro espírita que organizou um bazar com os pertences. E fez uma única troca: o marceneiro que encerou seus móveis recebeu uma admirável cristaleira como pagamento. Assim a morada virou uma adaptação do que a família já tinha e do que passou a ter. Com alguns upgrades. Como a instalação de pastilhas na área molhada da cozinha. “Uso muito esse espaço. Adoro. Antes, minha cozinha era apertada e eu ficava isolada. Não podia chamar as pessoas para ficarem conversando comigo. Agora fico cercada de gente. Enquanto cozinho, bebemos vinho”, diz. É puxar a cadeira e a conversa. Especialmente quando o filho chega da feira de orgânicos e mostra os ingredientes que encontrou.
Rosy e Celso vêm aprendendo dia a dia com o lho Lucas, professor de artes marciais, preparador físico e um profundo autodidata, no que se refere à nutrição humana. “Tudo começou porque ele é um atleta e queria saber como melhorar a performance e a saúde sem precisar tomar suplementos. Descobriu que o crudivorismo era a solução, que as oleaginosas germinadas podem oferecer gordura e proteína vegetal de qualidade e, aos poucos, foi nos convencendo a trilhar o mesmo caminho”, diz Rosy. “A primeira coisa que nos convenceu foi parar com o consumo de leite. Depois a usar a manteiga clarificada (ghee) para cozinhar, a substituir o sal comum pelo do Himalaia, que tem menos sódio e, finalmente, a ingerir menos carne”, detalha ela. O apreço pela qualidade se estende por outros hábitos da família Góes. “Não basta comer bem, o que você passa na sua pele também é importante. Por isso, há alguns anos só uso cosméticos bio (orgânicos). Evito parabenos, conservantes, sulfatos”, conta Rosy. Em uma feira na Vila Madalena ela compra alguns dos itens de primeira necessidade como a pasta dental da marca Vicco. Não fica sem os xampus da Surya Brasil, tradicional marca brasileira de produtos naturais e com selo de qualidade orgânica, nem os produtos para a face da Burt´s Bee, apresentados pela lha Anita, que teve a chance de conhecer de perto a fábrica e sua loso a. Outro momento que tem feito cada vez mais sentido para Rosy desde que se mudou é quando
senta para escrever. No piso superior da casa, ao lado do seu quarto, em uma área fartamente iluminada, entre o banheiro e a sauna, ela encontrou um cantinho especial para suas incursões literárias. Dali ela pode sentir de vez em quando um cheirinho de eucalipto e sálvia que vem da sauna. Se não, há sempre o cheirinho de alecrim ou gerânio, seu óleo essencial favorito. E são esses aromas que sentimos também, informando sutilmente que a atmosfera de boas-vindas aqui não é pré-fabricada. É genuína, orgânica. Nos 220 m² dessa morada, tudo que entra vem para fazer bem. Aos moradores, aos amigos e ao nosso abrigo maior, o planeta.

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