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Sem excessos, bem natural

Ela é polonesa, professora de pilates. Ele é designer e fotógrafo francês. No Rio de Janeiro, se conheceram e neste apartamento, onde moram e trabalham, tiveram Lila

Só harmonia é o que transborda da morada de Nicolas, Monika e Lila. – André Nazareth
Foi no apartamento da polonesa Monika Pietrusewicz, na época trabalhando como professora de inglês, que o designer francês Nicolas Bouriette chegou de malas prontas para passar uma pequena temporada carioca, há cerca de quatro anos. Alugou ali um quarto amplo, se instalou confortavelmente e não demorou muito para se apaixonar pelo lugar e pela dona do espaço. Regressou para Paris, mas não deu outra: três meses depois voltou à cidade maravilhosa para car de vez, trazendo seu computador, sua máquina fotográfica e poucas roupas. “Sou um minimalista. Gosto de viver sem excessos e sem frescuras. Essa é uma loso a que torna qualquer deslocamento e mudança mais simples e fácil. Na verdade, o que realmente importa está dentro da gente e isso levamos para onde quer que seja”, revela ele, que já tinha sido casado anteriormente com uma brasileira e morado por dois anos no Rio. “A cidade me atrai, há uma leveza no ar”, afirma.
Assim que Nicolas e Monika resolveram morar juntos, com planos de engravidar em seguida, viram que a melhor solução seria procurar um endereço mais confortável para ver a família crescer. Na época, Monika já tinha deixado para trás a carreira de professora de inglês e, recém formada na Escola e Faculdade de Dança Angel Vianna, trabalhava com terapias corporais. “Fiquei dando aula de pilates por um tempo em um estúdio, adorava o que fazia, tinha alunos queridos. Mas quando engravidei, percebi que seria interessante montar um espaço em casa, atendendo principalmente as grávidas, já que tinha feito uma tese sobre movimento e parto. Saímos, então, à cata de algo que desse para abrigar a família e funcionar como local de trabalho. E também que fosse simples, com um ar retrô, do jeito que gostamos”, arremata ela, sempre suave.
Encontraram um imóvel em Ipanema, numa rua tranquila, em um prédio sem elevador. Compacta, a planta com dois quartos somava 47 m, mas trazia uma sensação de amplidão, reforçada pelo pé-direito alto, os tacos de madeira em dois tons desenhando o piso e as portas-balcão que se abriam para pequenas sacadas na altura das copas das árvores. “Adoramos esse clima de época (o prédio com sacadinhas dos anos 1950 tem a fachada tombada pelo Patrimônio Histórico). Trouxemos tudo o que tínhamos, mas era pouco, não somos de acumular. Como faltavam itens de decoração, partimos para um bom garimpo”, diz Nicolas, que é um faz-tudo assumido. “Encontrei cadeira e luminária na rua, restaurei e agora estão em uso. Frequentei vendas de garagem, além da feirinha de sábado na Praça XV. Montei também todo o quartinho da Lila; pedi para a o cina recortar os pranchões de madeira no tamanho certo e fui só colocando no lugar, para criar o armário e a bancada. Pôr a mão na massa é um processo que me faz bem.
Sou designer e aprendi a manusear todo tipo de ferramenta”, avisa ele, que desenvolveu ainda o projeto de um berço para ser acoplado à cama do casal: o co-dodo, muito comum na Europa, mas pouco divulgado por aqui. “É feito apenas com encaixes. Sem cola ou pregos. Por enquanto, a Lila dorme ali, do nosso lado. A estrutura é muito prática porque fica fixada na cama com um cinto, bem seguro. Tem feito tanto sucesso entre
as grávidas que comecei a aceitar encomendas”, adianta ele. Fora os móveis da sala de estar, grande parte resgatada em feiras e pequenos brechós, havia ainda o estúdio de Monika para ser montado. E esse começou a tomar forma quando Nicolas se deparou, em pleno bairro, com um homem carregando uma cadeira de pilates em um carrinho de mão. “Fui perguntar se estava à venda e soube que era de uma antiga academia, que havia sido fechada. Comprei na hora, por um valor irrisório, e quando o coloquei no lugar, logo interpretamos que seria o marco inicial do canto de trabalho. Trouxemos do exterior umas cortinas brancas de linho, que separam os ambientes sem barrar a luz, e esse mix de casa e estúdio passou a funcionar de maneira fluida e natural”, diz ele. Outra sorte grande da dupla foi o fato de ter uma banheira confortável no apartamento. “Desde o início da gravidez, fui me preparando para um parto humanizado, na água. Fiz até curso de doula. E tive uma parteira
muito especial, a Claudia Orthof, que cuidou de mim o tempo todo e fez o meu pré-natal de uma forma extremamente segura, e ciente e carinhosa. O importante foi ter me sentido bem amparada. Na hora em que a Lila nasceu estávamos só eu e Nicolas no banheiro. Foi emocionante. Meu pai veio da Polônia e ajudou a cortar o cordão”, lembra ela.
Hoje esses laços tão fortes ficam evidentes na harmonia com que Nicolas, Monika e Lila dividem esse espaço, com tudo o que precisam para ter uma vida tranquila. A cozinha é equipada com os temperos prediletos do casal, que é vegetariano e adora preparar um bolinho de banana feito de farinha de coco para as visitas. Com direito a chá quentinho e um papo sem fim.

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