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Com máquina de datilografar, Daniel Viana vai às ruas de São Paulo, ouve histórias e as transforma em contos – Divulgação

Desde menino, o artista
Daniel Viana, mineiro de Poços de Caldas, gosta de observar pessoas e inventar
histórias para elas. A brincadeira cresceu, mas não deixou de ser jogo, movido
pela seguinte curiosidade: “Como seria transformar de imediato em poesia ou
conto curto uma história real?”. Para descobrir isso, ele leva mesa, cadeiras,
máquina de datilografar e guardanapos às ruas da capital paulista, onde mora
atualmente. E lança aos transeuntes a proposta: “Troco um causo por um conto”.
A iniciativa Guardanapos Poéticos foi tema da conversa a seguir.

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Como
surgiu a ideia de misturar literatura e intervenção urbana?
A
rua é plural. O fato de milhares de histórias se cruzarem em rostos múltiplos
me encanta. Aos poucos, chegaram um e outro, e fui percebendo que o percurso
das pessoas não seria o mesmo se, na caminhada, esbarrassem com um poeta pronto
para poetizar sua história pessoal. Gratuitamente.

Sua
poesia se abastece de quê?
Da forma como as pessoas contam suas
próprias histórias. Por incrível que pareça, elas se repetem. Afinal, todo
mundo tem uma lembrança da infância ou uma história de amor (bem ou mal
resolvida), mas a maneira como cada um relata sua experiência é única. Mudam-se
as pontuações e as narrativas ganham novos significados.

Qual
a melhor parte do trabalho?
O gesto espontâneo da pessoa ao
receber sua história poetizada. Leio o texto em voz alta antes de entregá-lo.
Esse é o momento mais gratificante: ver o rosto do outro se modificar, seja
para o riso, seja para o choro, e receber um abraço espontâneo.

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