Publicidade

Simón Paz fala sobre a vida monástica e a riqueza cultural de diferentes nações

O que há de comum entre a vida monástica, a riqueza cultural de diferentes nações e o casamento? Uma entrevista com o ex-frei Simón Paz estabelece a aliança

O colunista Carlos Sandano – Divulgação

“‘HORAR’ SIGNIFICA ‘CRIAR A HORA’ – ou o espaço – para as coisas importantes e não apenas urgentes, para que um tempo sagrado ingresse no nosso cotidiano e realize milagres”, diz meu único e queridíssimo irmão Simón Paz, “menino solto rabeando o vento, o olho bem aberto, alegre feito ramo de alecrim, um pouco louco de encantamento”, como fala a canção de Renato Motha no CD Menino de Barro. Simón, escritor e ex-frei, soube desde cedo a hora certa de fazer da vida uma casa consagrada, de viajar e ampliar os horizontes pela casa universal e de se casar e acolher a sagrada família no coração. “Quisera um dia a gente ser assim”, sigo a cantar. Essas três “moradas” são arquétipos, ideias úteis a todas as pessoas, e podem ser construídas em nós para a vida melhorar. Vejamos cada uma delas. 

Publicidade
Casa consagrada: a da boa vontade. Como “levar a boa graça da vida, indo ao léo, jogando sementinhas lá do céu”? Canto e escuto do meu irmão: “Uma casa consagrada, Solano, seria como um templo ofertado ao Divino, um lugar onde o espírito de Deus está sempre ativo. A chave é acender o fogo da vontade ao bem para não nos acomodarmos nas rotinas”, responde ele. “Quando ‘horamos’, ou criamos a hora para o que é bom e significativo, surge uma alegria, um sincronismo com o ritmo universal. Você precisa falar com alguém e aquela pessoa o chama. Você pensa em algo importante e, de repente, descobre que aquilo está acontecendo. O ‘horar’ transcende a pontualidade nos compromissos e se revela à medida que nos descobrimos.” Casa universal: a da compreensão. “Correndo de mãos dadas, dançando com a manhã, abrindo desmedidas asas”, Simón viajou por 20 países ajudando, palestrando e aprendendo. 
Com a beleza singular de cada nação, viu que a casa nossa de todo dia deve incluir o desigual. “É nela que os reinos da natureza podem encontrar a harmonia e as diferenças pessoais nos enriquecerem. A chave dessa morada é o despojamento de si mesmo que abre espaço para um olhar mais amoroso surgir.” Casa da sagrada família: a da reverência. “Quisera um dia a gente ser assim, um ´passarim´ saltando de galho em galho, crescendo entre pérolas de orvalho”, continuo a cantar. 

Em 2014, meu irmão enxergou a hora de viver o casamento, de celebrar “esse modelo de criação divina para a humanidade”. Para ele, “a chave de uma união verdadeira é a reverência, pois é ela que renova os sentimentos, ajuda nas superações, cria vínculos profundos e dignifica a vida. Sem reverência, as relações tendem a se degradar”, acredita Simón. Boa vontade, compreensão e reverência são os meios para criar a hora de viver um tempo mais pleno de graça e de paz. Feliz demais por ter esse irmão, “contente feito um assovio, festa de um dia de estio!