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A fé absoluta do professor Hermógenes – Divulgação

BONS FLUIDOS  presta homenagem a
um dos precursores da ioga no Brasil: o sábio professor Hermógenes. Ele faleceu
na última sexta-feira, dia 13, aos 94 anos. Em junho de 2013, publicamos na
seção Palavra de Mestre, um dos seus textos onde ele fala sobre fé e ioga e
anuncia o seu mantra de vida: “Entregue, confie, aceite e agradeça”.
Veja o texto na íntegra.

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Entregue, confie,
aceite…

… e agradeça. Esses
quatro verbos definem o mantra criado por  um dos precursores da ioga no Brasil, o
professor Hermógenes, para superar as fases difíceis. Trata-se de um verdadeiro
ato de fé absoluta que não questiona, em nenhum momento, os desígnios de Deus.

 Envolvidos em uma situação de estresse
violento, assaltados pela dor em forma de doença, pelo desemprego, quando
imersos numa crise que ultrapassa nossas esperanças de solução, é imperioso
mobilizar todos nossos talentos, poderes e possibilidades, para tentar uma
saída. O sofrimento pode ser a oportunidade de afastar obstáculos futuros mais
sérios, pois estamos sempre aprendendo, seja no sorriso seja na dor. Então,
aproveite o sofrimento e veja a lição que ele vem trazer. Isso é ioga: procurar
ter uma visão mais verdadeira e bela das coisas. Muito mais do que ser apenas uma
ginástica física, a ioga é, sim, um estilo de vida. Envelhecido, eu continuo
praticando ioga, mas sem trabalhar o corpo. O yogue é o caminho de entrega
plena e confiante aos desígnios de Deus.
Por
volta dos 10 anos, tive uma experiência que considero o primeiro contato com os
princípios do yogue, e que futuramente regeria toda a minha vida. Ao me banhar
na beira do mar, fui puxado pela correnteza e quase me afoguei, não sabia
nadar. De repente, vi um rapaz nadando em minha direção. Ele me disse:
“Não tente me ajudar, nem me segurar. Simplesmente amoleça”. Eu
obedeci. Naquele instante, aprendi a lição da entrega. Fui aprendendo a viver
de forma suave e a aceitar de forma positiva as dificuldades que a vida me
impõe para poder transformá-las em aprendizado.
Diante de situações que me convencem de minha impotência, tenho
aplicado, com vitória, uma estratégia que minha longa existência me fez
aprender: entrego o problema à providência divina e me predisponho a aceitar o
que vier como resposta. E, numa prova de amor e fé, agradeço a Deus,
antecipadamente, pela resposta que Ele achar melhor, seja qual for. Meu mantra
é: entrego, confio, aceito e agradeço! A entrega não chega a ser verdadeira se
desejamos uma determinada resposta. Se nos entregarmos totalmente, de imediato
a paz nos acaricia e, naturalmente, deixamos a batalha com Deus, que tudo pode,
para que Ele batalhe por nós. O alívio será imediato. Estar entregue a Deus é a
mais perfeita condição de brandura, de sábia imobilidade e, por isso mesmo, a
mais eficaz. Suponho que Deus, que sempre nos quer vivos, sadios, felizes,
vitoriosos, se sente homenageado quando Lhe damos a chance de nos socorrer.
Ele, que sempre deseja nossa fiel e incondicional confiança, aproveita a
entrega e põe a nosso favor Sua onisciência, onipresença, onipotência, e é só o
que nos salva. Enquanto ficamos apavorados, estressados, nos debatemos em
gestos inócuos, desesperados, imprecisos, violentos e agoniados. Ele não
encontra condições de assumir nossa batalha, não tem como atuar. Ter fé em que
Deus nos dará isso ou nos livrará daquilo é o que mais se vê. E achamos que
agir assim é ter fé. A verdadeira fé consiste em calar para que Ele fale, em
nos render ao que Ele quiser fazer de nós e por nós. Se você quiser dar uma
chance a Deus para que Ele ganhe a batalha, para que o salve, cure, liberte,
ilumine, pacifique, o que tem a fazer é precisamente oferecer-Lhe sua quietude,
sua brandura, sua não violência. Se continuar afobado, como pode Deus atuar? ´Aquietai-vos
e sabei que Eu sou Deus´ (Salmos 46:10) ”.

 Perfil:

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José Hermógenes de Andrade Filho
(1921-2015), 94, nasceu em Natal no dia 9 de março de 1921. Aos 20 anos,
mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer um curso na Escola Militar. No fim
dos anos 1950, foi acometido pela tuberculose quando descobriu a ioga. Começou
a praticá-la e se curou. Em 1962, fundou a Academia Hermógenes de Yoga, no Rio,
hoje
dirigida
pelo seu neto. Escreveu inúmeros livros, entre
eles Autoperfeição com Hatha Yoga.

 

 

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