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Quem foi São Paulo, o padroeiro da capital paulista?

Conheça a história de um dos principais colaboradores para a difusão do cristianismo. E inspiração para o nome uma das maiores cidades do Brasil

Escultura do Apóstolo Paulo localizada em frente à Catedral da Sé, na capital paulista. Criação Murilo Sá Toledo – Shutterstock

“A 25 de janeiro do ano do Senhor de 1554 celebramos, em
paupérrima e estreitíssima casinha, a primeira missa, no dia da conversão do
Apóstolo São Paulo, e, por isso, a ele dedicamos nossa casa!” A casinha era o
Pátio do Colégio e o autor da carta, o padre José de Anchieta, que informava
aos seus superiores da Companhia de Jesus sobre a fundação de um pequeno
colégio, nascedouro de uma das maiores cidades do mundo. O 25 de janeiro é o
dia no qual a Igreja Católica celebra a conversão do apóstolo Paulo.
  São Paulo de Tarso, também conhecido como Saulo pelos hebreus, foi
figura primordial para a difusão do cristianismo entre os gentios (que não eram
sectários do judaísmo). Embora tenha sido homenageado na fundação da capital
paulista, não foi o seu primeiro patrono. Até 2008, a padroeira da cidade era
Santa Ana, mãe da Virgem Maria e avó de Jesus Cristo. Foi um pedido do
cardeal D. Odilo Scherer ao papa Bento XVI que trouxe São Paulo ao posto.
Na verdade, D. Odilo queria celebrar o centenário
da arquidiocese paulistana e pediu que Roma nomeasse São Paulo, ao lado de
Santa Ana, como patrono da cidade. Como não era possível ter dois padroeiros,
São Paulo prevaleceu.
 

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Quem foi São Paulo, o santo? 

São Paulo
nasceu entre os anos 5 e 10, em Tarso, capital da Cilícia, na Ásia Menor,
descendente de uma família judia da tribo de Benjamin. Essa tribo, ao mesmo
tempo que seguia rigorosamente a religião judaica, não recusava o contato com o
Império Romano e sua cultura. Daí Saulo, como era chamado, ser considerado
também cidadão romano. Passou a infância em Jerusalém seguindo as doutrinas dos
fariseus (antiga seita judaica marcada pela severidade na observância à
tradição religiosa).
  Ainda adolescente, era perseguidor dos cristãos
por considerá-los hereges, de uma seita contrária à verdadeira fé, que, em seu
entendimento, era o judaísmo. Embora não tivesse idade para poder apedrejar os
ditos “hereges”, chegou a assistir ao apedrejamento de São Estevão, o primeiro
mártir da Igreja.
  Foi assim
a vida de Saulo até por volta de 30 anos, quando teve uma visão com Jesus
Cristo. Enquanto caminhava por uma estrada de Damasco, com autorização dos
sumos sacerdotes para eliminar alguns cristãos e levar os chefes algemados para
Jerusalém, foi envolvido por uma luz e caiu no chão. “Saulo, Saulo, Saulo,
por que me persegues?”, indagou Jesus. Saulo perguntou “Quem és tu, Senhor?”, e
a voz respondeu “Eu sou Jesus a quem persegues. Agora levanta-te, entra na
cidade e lá te dirão o que deves fazer”. Quando levantou a cabeça, Saulo estava
cego. Três dias depois, ao voltar a enxergar, converteu-se ao cristianismo e
dedicou a partir daí a vida à pregação.
  São Paulo é considerado “o Apóstolo” porque foi
o maior anunciador do cristianismo depois de Cristo, enfrentando toda sorte de
hostilidade. O seu passado de perseguidor dos cristãos dificultava sua missão
de anunciar Jesus Cristo ao mundo pagão e não lhe permitia eliminar todas as
suspeitas sobre a sua sinceridade. Mesmo assim ele não desistiu. Falou aos
homens e às mulheres, aos livres e aos escravos, aos judeus, aos gregos e aos
gentios.
  Passou um
tempo na Arábia, regressou a Damasco e, no ano 39, foi para Jerusalém. Depois,
chegou a Cilícia, Antioquia, Chipre, Panfília e Licaônia. Foi então que passou
a usar o nome grego Paulo em vez de Saulo. O apóstolo é considerado um
missionário que formou diversas comunidades cristãs no Ocidente.
  No ano
49, quatorze anos após sua conversão, partiu para Jerusalém com o objetivo de
participar do concílio apostólico, onde ajudou na tese de que a lei judaica deixaria
os cristãos professar sua fé.
  Em seguida, Paulo partiu para sua quinta visita
a Jerusalém. Não foi bem recebido ao fazer uma visita ao templo – acabou
detido, maltratado e preso. Seu cativeiro em Cesárea durou dois anos. Vendo que
não encontravam provas contra ele, o apóstolo exigiu seus direitos de cidadão
romano e sua causa foi vista pelo próprio imperador Nero. Em seguida ao
julgamento, foi posto em liberdade. Porém, durante uma viagem de pregação a
Roma, condenaram-no e cortaram-lhe a cabeça na Via Ostiense, perto do local
onde hoje está a basílica de São Paulo e onde se venera sua tumba. Morreu no
ano 67, em Roma, Itália.
  Seus
feitos são narrados na Bíblia por São
Lucas, nos Atos dos Apóstolos e nas cartas que o próprio Paulo escreveu.

A amizade com São Pedro

Paulo e
Pedro tinham em comum a devoção a Cristo e a disposição de peregrinar para
levar sua palavra. A crença popular acredita que eles foram executados no mesmo
dia e ano. Por isso, as homenagens a São Pedro, Príncipe dos Apóstolos e Vigário
de Jesus Cristo, e São Paulo, o Apóstolo dos Gentios, acontecem juntas, no dia
29 de junho.
  Simão,
nome verdadeiro de Pedro, ganhava a vida como pescador e tinha uma pequena
frota de barcos pesqueiros em Betsaida. Certo dia, seu irmão e sócio André foi
ao Rio Jordão, onde João Batista batizava as pessoas. Lá viu o messias e avisou
ao irmão. Simão quis saber quem era o homem que se dizia Cristo. Quando
chegaram diante de Jesus, ouviram: “Sigam-me e eu farei de vocês pescadores de
homens”. Após o chamado, deu a Simão um novo nome: “Você é Simão, o filho de
Jonas. Você vai se chamar Cefas (que em aramaico significa “pedra” e, na forma
espanhola, mudou para Pedro)”. A partir daí, os dois nunca mais se separaram.
  O
apóstolo foi escolhido por Jesus para ser seu sucessor como líder. “Você é
Pedro e sobre essa pedra construirei a minha Igreja e o poder da morte nunca
poderá vencê-la.” Mesmo assim, ele ainda teve momentos de fraqueza. Quando
Jesus foi traído e preso, o apóstolo tentou reagir cortando a orelha de um
soldado com uma espada e foi repreendido pelo messias. Depois, negou conhecer
Cristo por três vezes com medo de ser igualmente condenado. Mas foi perdoado
pelo mestre quando declarou seu amor a ele após a ressurreição.
  O
apóstolo virou o primeiro papa da Igreja Católica. Mas foi perseguido pelo
Império Romano, encarcerado e crucificado, só que de cabeça para baixo, por não
se achar digno de morrer como Jesus

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