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Harmonia dos cinco sentidos

Os bebês nascem prontos para experimentar os estímulos do mundo. No entanto, essa aproximação deve se dar de maneira suave e respeitosa. Quanto mais prazeroso, melhor

Harmonia dos cinco sentidos – Shutterstock

Engana-se quem pensa que os bebês nascem com os cinco sentidos pouco aguçados. Os pimpolhos, na verdade, chegam ao mundo a todo o vapor, a não ser que haja alguma limitação congênita. Por isso, estímulos variados e, de preferência, moderados, são bem-vindos. “Música e fala suaves, banho e toques delicados, odores amenos próprios para bebês e variação de sabores após a introdução dos alimentos são muito importantes para o pleno desenvolvimento. Quanto à visão, cabe tomar cuidado com a torrente de imagens que a TV impõe às crianças, uma vez que estudos relacionam o excesso de TV com hiperatividade infantil”, afirma Tadeu Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), com sede no Rio de Janeiro.

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Como lembra Denise Gurgel, fisioterapeuta materno-infantil, consultora do sono e de desenvolvimento motor, de São Paulo, a relação com a dimensão sensorial se inicia dentro do útero. “A mãe e o bebê são ligados pelos cinco sentidos. Desde a gestação, o pequeno ser escuta a voz materna, percebe os movimentos do seu corpo quando anda e até mesmo quando acaricia a barriga. Também sente gosto diferente a partir dos alimentos ingeridos por ela”, afirma.
Após o nascimento, é natural que o filho se sinta atraído por sua referência de mundo: a mãe. “Ele identifica o cheiro de sua progenitora, reconhece a sua voz, os seus movimentos e o contato pele com pele. Dessa forma, se tranquiliza”, explica Denise. A figura materna atua como um filtro entre a criança e o entorno. Espécie de anteparo que torna a integração ao ambiente mais gradativa e segura. “O sentir por meio da mãe ajuda o bebê a conhecer o mundo devagarzinho, percebendo e integrando todas as sensações que surgem em seu dia a dia”, complementa a especialista.
Não há por que acelerar o desenvolvimento dos bebês. Seres frágeis e suscetíveis, eles merecem todo o respeito e delicadeza. Quanto mais tranquila for a apresentação do mundo que os rodeia, mais eles serão capazes de assimilar as experiências sensoriais. Denise recomenda aos pais aproveitar o pouco tempo que os recém-nascidos permanecem acordados ao longo do dia para se manter próximos e, de quebra, estimular a sensibilidade dos filhotes. Confira, a seguir, algumas dicas fornecidas pela fisioterapeuta materno-infantil para aguçar os cinco sentidos dos pequenos de maneira harmônica e prazerosa.
Universo em expansão
 
– Audição
Já no terceiro trimestre de gestação esse órgão do sentido está completamente formado e o bebê é capaz de escutar com clareza os batimentos cardíacos da mãe, bem como os sons externos. Conteúdo que fica gravado em sua memória. Por isso, desde os primórdios da gravidez, a mãe pode e deve escutar música, falar, conversar e até usar timbres de voz diferentes para se comunicar com sua cria. Pesquisas indicam que os bebês se tranquilizam ao escutar esses registros após o nascimento. Os barulhos cotidianos da casa fazem parte do pacote de estímulos auditivos.
– Paladar
O contato do bebê com esse sentido já começa por meio do líquido amniótico; e, só depois, na amamentação. Além disso, bem no início da vida, ele é capaz de reconhecer o sabor doce ou azedo. Apesar de nascer com o órgão do sentido completamente desenvolvido, a experiência do paladar ocorre com mais ênfase quando o pequeno passa a levar a mão à boca, por volta de 40 dias de vida, ou quando coloca objetos na boca, por volta do terceiro mês. Essa fase é importante para que ele sinta e perceba o próprio corpo e os objetos, e se explore. Todo conhecimento do bebê está ligado ao sentir, portanto, não devemos inibi-lo. Não há problema em chupar o dedo ou a mão, desde que isso não aconteça quando a criança estiver nervosa. Porque, numa situação de estresse, ela buscará essa sensação de conforto. A introdução alimentar (após seis meses ingerindo exclusivamente leite, preferencialmente, materno) representa um grande convite para o paladar. Nessa fase, alimentos sortidos devem ser oferecidos ao bebê, mesmo que a mamãe ou o papai não gostem de um ou outro item.
– Visão
O desenvolvimento desse órgão do sentido se dá após o nascimento, principalmente nos primeiros meses, quando o campo visual do recém-nascido aumenta e as imagens vão ganhando mais nitidez e foco. No início da vida, o bebê se interessa por cores contrastantes, principalmente o preto e o branco. Portando, móbiles que contenham esses matizes são fascinantes para eles. Ou simplesmente uma roupa listrada. Conforme a criança vai amadurecendo, seu interesse pelas coisas se amplia. Nessa fase, é bom deixá-la numa posição de 45 graus para que ela possa olhar o entorno.
– Tato
 
É o primeiro órgão do sentido a ser formado. O estímulo sensorial da pele desde a gestação leva ao reconhecimento íntimo do bebê em relação à mãe. Por isso, o colo materno é o lugar perfeito para ele. O contato com a pele, somado ao funcionamento dos outros órgãos do sentido, traz segurança para todas as novidades apresentadas pelo ambiente. Por meio do contato pele com pele e dos carinhos absorvidos pelo corpo, o bebê se sente confiante para experimentar as diversas sensações afloradas em seu cotidiano. E, como ele está se desenvolvendo, a cada dia nasce um receptor novo em sua delicadíssima pele. Após a fase inicial, ele passa a abrir e fechar os dedinhos e a ter maior controle das mãos. É o momento de perceber o mundo e de expressar sentimentos por meio das sensações táteis. Portanto, faz parte dessa experiência tatear os alimentos, pegar objetos de diferentes tamanhos e formas, sentir texturas variadas e temperaturas como quente e frio. Todas essas sensações são benéficas e se reverterão em habilidades futuras.
– Olfato
 
Trata-se de um órgão superdesenvolvido. A prova disso é a capacidade de reconhecer a mãe pelo cheiro. Por existir tamanha correlação, as mamães devem evitar perfumes. Assim, o bebê terá a chance de se impregnar com o odor natural de sua progenitora – o que só reforça o elo afetivo dos dois. Conforme ele for amadurecendo, vale introduzir novos aromas, por exemplo, durante um passeio no parque. E, quando o pediatra liberar, é interessante usar temperos diferentes (ervas) na comidinha a fim de explorar ainda mais esse sentido.