“Como se fosse a primeira vez”; após perder a memória em um acidente e esquecer da família, mulher conta sua história de vida e processo de ser reconquistada por marido
O dia 12 de junho é uma data especial para Anderson e Andréa Bonfim, naturais de Sorocaba (SP). Não só pelo Dia dos Namorados, mas também por ser aniversário de união do casal. Neste ano, os dois completaram 29 anos juntos. A história é emocionante: em 2005, Andréa sofreu um grave acidente que a fez perder a memória. Ela não se lembrava mais do marido e dos filhos e Anderson precisou conquistá-la como se fosse a primeira vez.
Em uma entrevista concedida ao portal de notícias G1, Andréa conta que foi atropelada: “Eu fui atravessar e um motorista, que tinha passado no semáforo, viu uma vaga e deu uma ré. Ele bateu em mim e me jogou para cima de outro carro que estava estacionado. Foi tudo muito rápido”.
Anderson foi avisado que a esposa tinha sofrido acidente e que o estado dela era muito grave. De acordo com os médicos, ela estava em um quadro de morte cerebral e ficou 15 dias em coma – durante esse período, Andréa teve pneumonia e realizou uma traqueostomia.
“Depois de uma semana, veio a fase mais difícil, era a fase que ela acordou. Ela já tinha tomado muito corticoide, estava inchada, deformada, e foi quando ela acordou sem lembrar de nada, nem da gente”, disse ele. Ela não fazia ideia quem era Anderson e as duas filhas do casal — Giovanna, que na época tinha 3 anos, e Olívia, com 1.
“O médico explicou que, como ela bateu no lado do cérebro da afetividade, ela apagou tudo. O olhar dela apagou. Não esboçava nenhum sentimento, era muito frio. Tem uma cena que foi muito forte. Quando ela entrou em casa, as meninas vieram correndo para abraçá-la, e ela não teve reação. Ficou parada. A única coisa que ela fez foi pegar na bochecha da Olívia, mas não tinha emoção”.
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Os dias se passaram e ela conseguiu se recuperar bem fisicamente. Porém, continuou não lembrando da família. Então, Anderson resolveu que iria conquistá-la novamente. Para ela, era a primeira vez em que eles estavam se encontrando como um casal. “Eu aprendi a vida em família de novo. Isso foi ativando a minha afetividade com eles. Nunca me senti cobrada nem por elas e nem por ele”, disse.
A memória voltou de repente, em um dia normal de setembro, quando ela já tinha se conformado que não conseguiria. Ela explicou que voltou a se lembrar dos momentos com sua família. Para ela, foi Deus agindo na sua vida. Em 2013, ela ainda engravidou da sua terceira filha, Pietra.
“Eu não tenho dúvidas, eu sei que foi um milagre. Em novembro daquele ano, eu já voltei a trabalhar, mas eu não era mais a mesma, com relação a tudo, a emoção, valores, o banco já não era mais o que eu queria. Em 2009, a gente se mudou para uma cidade do interior do Paraná, chamada Colombo, e eu me encontrei. Depois comecei a focar no que eu estudei: psicologia”. No ano passado, a família retornou para Sorocaba.
