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”O mundo que nos espera já não é mais o mesmo”, afirma filosofo em reflexão sobre o pós-coronavírus

Filósofo e psicanalista Fabiano de Abreu expõe sua opinião sobre as mudanças que a humanidade terá que enfrentar após a pandemia

Filosofo faz reflexão sobre mundo pós-coronavírus – Reprodução / MF Press Global

A pandemia do coronavírus trouxe profundas transformações em curtíssimo prazo ao nosso modo de vida e costumes. Desde que a ameaça do Covid-19 se tornou real, vivemos em uma sociedade que está tomada por inseguranças e medo. Mas afinal, como tudo deve ficar daqui para frente?

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O filósofo e psicanalista Fabiano de Abreu acredita que, seja qual for o caminho que a Humanidade decida seguir, uma coisa é certa: a estrada não será a mesma: “A caminhada da nossa espécie faz-se por estradas que nos colocam constantemente à prova. Todos os grandes eventos do mundo têm a capacidade de nos mudar. Cada guerra, cada pandemia, cada episódio climático, são frutos que produzimos para uma evolução necessária. Num dia tudo está normal, no outro tudo desaparece. E, quando abrimos a porta, o mundo que nos espera já não é mais o mesmo. É a força da impermanência nos mostrando que somos mortais”.

Covid-19 pode moldar o mundo

Segundo o estudioso, a pandemia que vivemos neste exato momento é mais um desses acontecimentos que têm o poder de mudar e moldar o nosso mundo: “É um desses momentos que traz à superfície o melhor e o pior da humanidade. É um desses momentos em que o homem é invadido e dividido por sentimentos duais. Vivemos provavelmente a maior mudança presenciada por esta geração.”

Abreu também salienta que devido à quarentena e a redução do ritmo de atividades e da rotina, a humanidade tem se dado conta de prioridades e de onde tem investido seu tempo: “E o mais assustador de tudo é que entendemos que nos falta tempo. Tempo para viver, para decidir, e estruturar. Vivemos numa sociedade imediatista, onde tudo deve ser decidido no agora, na emergência que a situação acarreta. A sociedade que reclama da falta de tempo, efetivamente não o tem agora. Nossas vidas estão estagnadas. O mundo que não dormia é agora obrigado a adormecer enquanto a batalha ocorre no silêncio das cidades vazias, silêncio apenas quebrado pelo som das sirenes que nos adoecem no medo e no pânico que nos assola a alma de aflição”.

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Clausura e incertezas da quarentena

O filósofo também salienta que na clausura das nossas casas restam-nos o pensamento, muitas vezes voltado para o pior: “Imaginar quantos dos nossos vão sucumbir a essa crise, mas sempre com aquela esperança de que a humanidade não irá perecer. Contudo, quando isto acabar mudanças serão inevitáveis. Há uma fenda aberta entre o que fomos e o que seremos.”

Para Abreu, culturalmente, politicamente, economicamente e globalmente haverá um antes e um depois do Covid-19: “O mundo conectado em rede, a era da informação, do acesso rápido aos conteúdos, o mundo global que quando posto à prova teve que se recolher. A ameaça criou novamente barreiras. As fronteiras voltam a reerguer-se e cada um se sente infinitamente mais seguro na diminuição da escala. Ora, temos a certeza de que não estamos divididos em países e distrito, a nossa cidade, a nossa freguesia, a nossa casa. Somos todos habitantes de um mesmo planeta. Mas para nos salvarmos e salvarmos os outros temos que reconhecer a nossa individualidade.”

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Novos caminhos profissionais, sociais e econômicos

Em sua reflexão, o filósofo aponta que podemos repensar formas mais libertadoras e mais rentáveis de trabalho e renda: “As empresas vão descobrir que o home office pode ser uma ótima opção para a nova era e para o momento atual da economia mundial. A distribuição do investimento terá que ser repensada. Afinal um sistema de saúde saudável é mais necessário do que equipamentos de guerra. Essa constatação já é um caminho a se seguir! Vivemos acima de tudo uma experiência social alargada.”

Por fim, Abreu aponta para uma transformação irreversível em nível mundial como consequência da pandemia do Covid-19: “Seja qual for o caminho que a Humanidade decida seguir, uma coisa é certa: a estrada não será a mesma”.

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