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Para fazer a energia vital florescer

A fonte da motivação que o impulsiona diariamente está bem aí, dentro de você, e pode puxá-lo para o caminho certo, da felicidade e do engajamento na vida

Para fazer a energia vital florescer – Divulgação
Podemos não enxergar com os olhos físicos, mas a energia que sustenta o universo está por toda parte. Inclusive dentro de nós. A qualquer momento podemos trocar de estação e nos sintonizar com essa matriz farta de vitalidade. Por exemplo, quando respiramos profundamente por alguns minutos levando o ar até o abdômen, quando colocamos nossa música predileta e dançamos na sala de casa (quem viu o filme Aquarius vai lembrar bem da cena em que a protagonista Clara faz isso e por quê),
ou quando damos uma volta no quarteirão para aproveitar o gostoso sol da tarde. “Todas essas atitudes fazem com que essa ‘seiva’ circule e nos alimente”, afirma Ma
Gyan Dayita, terapeuta e professora da Escola de Meditação Osho, em São Paulo.
Segundo o guru indiano que dá nome à escola, a sede da energia vital – do entusiasmo, da criatividade e da alegria genuína, portanto – está localizada dois dedos abaixo do umbigo, num ponto chamado hara. Se colocarmos a atenção nele, fugiremos da turbulência mental, concentrada na cabeça, e da desordem das emoções, alocadas no peito. E poderemos viver a partir do centro, ou seja, a partir da alegria. Não por acaso, quando gargalhamos, livres de amarras e julgamentos, automaticamente colocamos as mãos na barriga. Estamos inteiros, espontâneos e vitalizados. E aí está uma boa pista: na dúvida se algo lhe dá ou não energia, perceba se essas três qualidades aparecem juntas, apontando feito uma seta para aquelas experiências que, indiretamente, falam sobre o propósito maior de nossa vida. Cada um tem o seu. E esse propósito, de acordo com o mestre espiritual brasileiro Prem Baba, seria como um programa de alma com o qual nascemos e que nos impele a ir em determinada direção. “Uma vez nessa trilha, nos sentimos encaixados, satisfeitos, pois sabemos por que e para que estamos naquele lugar”, ele escreve no livro Propósito – A Coragem de Ser Quem Somos (Sextante). Nossa parte é dar passagem para aquilo que a alma quer manifestar. Algumas perguntas são verdadeiras alavancas nesse sentido. A principal delas é: “Se você não tivesse que ganhar dinheiro nem agradar alguém, o que faria da sua vida?”.
É bem provável que a resposta abra o baú da infância, onde nossos dons e talentos repousam à espera de um chamado. “A criança já sabe o que deve fazer, pois traz notícias do propósito, posteriormente esquecidas pela mente condicionada”, esclarece Prem Baba, o conhecido guru do amor. Pistas preciosas podem brotar dos seguintes questionamentos: “O que a criança em mim queria ser quando crescesse?”; “Quais eram seus sonhos e quem eram as pessoas que ela admirava?”. Se alguém relembra quão felizes eram as brincadeiras com panelinhas, a aventura de desmontar e montar carrinhos ou as aulas endereçadas às bonecas, por exemplo, pode ser que essa memória e a alegria que ela desencadeia revelem um caminho mais vibrante no momento atual. Talvez desbravar a gastronomia, apostar no trabalho manual ou transmitir conhecimento às pessoas. A baliza decisiva para saber se finalmente encontramos o propósito é sentir que o amor pela existência flui através de nós e toca quem cruza o nosso caminho.
Seres dadivosos Sentir-se capaz de afofar a terra e fazer brotar essas contribuições é justamente o segredo da vitalidade. Todos nós temos dádivas a ofertar ao mundo. E, uma vez que essas benfeitorias são entregues, há um duplo ganho: nós nos realizamos e o mundo se eleva. E quando não é assim? A coach de vida e carreira Ana Raia, de São Paulo, sabe que para muitos o entusiasmo não verte tão facilmente. De acordo com ela, uma pesquisa do Instituto Gallup detectou que 87% dos trabalhadores do mundo não estão engajados no seu trabalho, ou seja, andam desprovidos de energia, de interesse, de paixão – logo, estão infelizes. “É muito potencial desperdiçado”, alerta a especialista. Para ajudar na a nação do que nos faz engajados e felizes, o primeiro passo é a motivação. Isso depende de um olhar profundo para dentro de
si: “Quem eu sou?”; “Quais os meus talentos?”; “O que é importante para mim hoje?”; “O que gosto de fazer?; “Como quero ser visto pelo mundo?”.
Talvez estejamos cansados de tanta competitividade e aprendendo a precisar de menos dinheiro. Talvez, por isso, estejamos permitindo que os sentimentos venham à tona e que a ideia de trabalho que faz sofrer que cada vez menos sustentável – sendo substituída por uma concepção, muito melhor, de trabalho como meio de expressão. ara manter tal chama acesa, ensina a mentora, é preciso fazer com que o propósito de vida esteja claro na cabeça, no coração, e na narrativa. Se você diz para si mesmo: “Esquece, você não vai conseguir, isso não é pra você”, há uma discrepância que nos desvia da rota e nos enfraquece. A saída é se conectar ao paradigma da abundância, governado por aquela vozinha confiante que encoraja: “Sim, você pode mais”. “Esse modelo ensina que quanto mais compartilharmos com o mundo, mais nós teremos. Gera ousadia, coragem e prosperidade.”
Outro importante exercício é fincar os pés no tripé criatividade, conexão e contribuição. “Quando realizamos algo, nos sentimos úteis e enxergamos um significado para nossa vida. E é só por meio da conexão entre as pessoas que nossas investidas podem se consolidar. Por fim, temos que passar adiante vivências e conhecimentos adquiridos. Dessa combinação vem o senso de gratificação”, explica a coach. Foi o que aconteceu com a consultora de branding Alessandra Garattoni, carioca radicada na capital paulista. Há cerca de um ano ela sentiu que precisava reavaliar os rumos profissionais. Para seguir em frente ou mudar de vez. Através de uma série de exercícios, entre eles pedir que colegas, amigos e familiares respondessem a um questionário sobre suas habilidades, qualidades inatas, pontos fortes e fracos, ela constatou que estava no caminho certo. “A confirmação de que meu dom é transmitir conteúdo para meus clientes, pequenos empreendedores, caiu como uma importante validação. E só fez aumentar minha garra”, comemora.
Essa revisão é mais necessária do que imaginamos. Até porque nem sempre temos condições de detonar uma revolução profissional. Nesse caso, encoraja Dayita, podemos identificar algum ponto de luz naquilo que fazemos e nos ar por esse acalento: seja o apreço pelos colegas, a maneira de atender o público, a possibilidade de acrescentar algo à equipe etc. Enfim, transmutar a energia da negatividade para uma vibração virtuosa, até que a mudança almejada possa ser concretizada. O que, sem dúvida, requer, além de clareza e energia extra, planejamento. “No meu caso, estabeleci um plano de seis meses para gestar uma alternativa e pedir demissão”, revela a coach Vivian Rio Stela, de São Paulo, que foi atrás de livros, conversas com pessoas influentes (marcou aquele café que precisava com aquela pessoa importante)
e uma pós-graduação que a ajudasse a pensar sobre o futuro da carreira. “Todo mundo tem um potencial criativo. Mas nem todo mundo arrisca, porque fica esperando a hora ideal. Bem, tenho que dizer que nunca haverá o momento ideal. Por isso, acima de tudo, é preciso não parar de perseguir o sonho”, ela acrescenta.
Dar vazão ao ímpeto criativo é, na visão da escritora americana Elizabeth Gilbert, o mais eficaz para manter a energia vital. No livro Grande Magia – Vida Criativa sem Medo (Objetiva), ela explica que o que mantém essa energia em constante desabrochar é se permitir farejar os movimentos da curiosidade. Aquele comichão que nos leva a pisar em terrenos inexplorados, experimentar novos sabores, enfim, viver o inédito, justamente o que devolve a graça aos dias. “Por um momento, retire de cena a palavra ‘paixão’. Faça algo mais simples e fácil, apenas siga sua curiosidade”, ela sugere. Esse impulso, garante Elizabeth, fornece pistas valiosas, que devem ser guardadas sem grandes expectativas ou cobranças por resultados. “Se você conseguir mudar o foco, seguindo a trilha da intuição, a curiosidade acabará levando-o
até sua paixão”, ela assegura. De início, você pode encontrar apenas uma sementinha, mas ela vai crescer e florescer se você a cultivar – e se, principalmente, não deixar que as atividades do dia roubem sua atenção e o façam esquecer do que realmente importa.
Para evitar que isso aconteça, Vivian tem uma receita: “No meu dia a dia, potencializo as atividades que amo fazer e faço bem. Outras que não amo, mas faço bem, se tornam esporádicas – não podem ser permanentes para eu não me desgastar. Já aquelas coisas que amo, mas não sei fazer bem, recebem menor atenção, pois teria que gastar muita energia para chegar a um resultado que apreciasse, e não valeria o sacrifício”, ela conta. Por meio dessa balança, ela vai descobrindo o que subtrai e o que acrescenta energia vital ao seu corpo e ao seu espírito.
Como a paixão lidera o caminho Muitas vezes a energia vital pode vir à tona através de um hobby e acaba transbordando para o trabalho, os relacionamentos, as tarefas diárias. Segundo o psicólogo americano Martin Seligman, pai da psicologia positiva, esse fenômeno é chamado de engajamento – aquela completa imersão no que se
está fazendo –, um dos pilares do verdadeiro bem-estar.
A advogada paulista ais Natale conhece bem essa deliciosa entrega. Retomou o balé, hobby que injetou um colorido todo especial à sua adolescência. E, desde então, a rotina ficou bem mais leve. “A dança é minha turbina, meu fertilizante. Sem ela, parece que murcho e, consequentemente, tudo à minha volta”, confessa. Já a estudante paulista Annelise Faklen pertence ao time dos que encontram pleno contentamento em ajudar o próximo. Atua na ONG Presente de Alegria, que forma palhaços que se passam por “médicos” em hospitais. Não bastasse a positividade que um nariz vermelho causa, a jovem ainda se abastece do amor que pode dar e receber em cada visita. “Esse combustível é tão incrível que a vida ganha outra perspectiva”, ela frisa. Como aconselha o filósofo americano Howard Thurman, “não se preocupe com as necessidades do mundo. Pergunte a si mesmo o que é que o faz se sentir vivo, e faça isso, porque o que o mundo precisa é de pessoas despertas”.
Prepare o terreno
A meditação a seguir, transmitida pelo mestre espiritual Osho, nos ajuda a centrar a atenção no hara, o ponto considerado a sede da energia vital, localizado duas
polegadas abaixo do umbigo. Deve ser praticada antes de dormir e ao acordar, por dez a 15 minutos. Tornar-se consciente desse ponto cria um grande centramento. A
vida então passa a se mover de maneira equilibrada e enraizada; a rotina, em vez de se arrastar, passa a ser expressão do poder criativo.
PASSO 1: deite-se na cama e coloque as duas mãos duas polegadas abaixo do umbigo. Pressione levemente o local.
PASSO 2: comece a respirar profundamente levando o ar até o baixo abdômen. Imagine que você vai encolhendo cada vez mais até existir como um pequeno ponto nesse centro de energia concentrada.
PASSO 3: ao dormir, o centramento persiste, isso significa que toda noite, sem o seu conhecimento, você estará entrando em profundo contato com esse centro.
PASSO 4: na parte da manhã, no momento em que você sente que o sono se foi, não abra os olhos. Novamente coloque as mãos no hara, pressione o local levemente
e comece a respirar. Faça isso por alguns minutos e depois levante-se.
Descubra a energia vital escondida
Às vezes não sabemos qual é a paixão que nos move. Mas podemos fazer algumas investigações para encontrá-la no fundo do baú.
ESCLAREÇA SEUS VALORES
PERGUNTE-SE: o que realmente importa para você? Em que você acredita? O que puxa a sua alegria lá do fundo para fora? Justiça, explorar novos lugares, família, fazer arte?
PRATIQUE: pense numa coisa relacionada a seus valores e como poderia ser utilizada profissionalmente. Sente-se confortavelmente, em silêncio, respire profundamente, mantendo essa coisa em mente, e veja o que surge.
LEMBRE DE SEUS SUPERPODERES DE INFÂNCIA
PERGUNTE-SE: o que você faz realmente bem? Há espaço para fazer isso hoje? Quando você pergunta isso a uma criança ela responde sem hesitação.
PRATIQUE: imagine-se como uma criança. O que você amava fazer e em que se achava bom? Deixe a imaginação a orar. Lembre de como se sentia. Ainda acontece
o mesmo? O que mudou? E, então, identifique as habilidades que precisa trazer à tona para desenterrar essa paixão.

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