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Professor refugiado

O projeto Abraço Cultural oferece cursos de idiomas e cultura com imigrantes e refugiados em São Paulo e no Rio de Janeiro, que recebem treinamento especializado

MARI GARBELINI – Divulgação
MARI GARBELINI é formada em direito pela USP e relações internacionais pela PUC-SP. Há alguns anos, atua no terceiro setor. Entrou no projeto como voluntária e aluna de árabe, mas, de tão encantada, tornou-se coordenadora-geral, de um grupo que reúne 25 voluntários. A iniciativa se sustenta pelos próprios alunos, que, ao pagar pelas aulas, ajudam os professores a escapar de subempregos e da marginalização social.
1- Como nasceu a iniciativa Abraço Cultural?
Começamos em 2014, quando o Atados e Abus (duas organizações que atuam com refugiados no Brasil) estavam organizando a Copa do Mundo dos Refugiados e um grupo de voluntários se uniu para criar os cursos. Nossa ideia é ajudar na reintegração social e na geração de trabalho e renda para esses imigrantes, que, em geral, têm uma formação profissional, mas chegam aqui sem diploma validado e caem em situações muito precárias e de preconceito.

2- Quais são os cursos oferecidos e o perfil dos professores?
Atualmente, o projeto oferece aulas de inglês, árabe, francês e espanhol, além de eventos que promovemos para valorizar a cultura desses povos. Já tivemos professores ensinando gastronomia, dança, música, artes visuais. São 15 professores em São Paulo e dez no Rio de Janeiro, entre sírios, haitianos, congoleses, nigerianos, cubanos, peruanos, venezuelanos, beninenses e marfinenses. Cinquenta refugiados já passaram pelo projeto e já atingimos 800 alunos.
3- Como é a relação entre professores e alunos?
É uma troca muito rica, que dá a todos uma visão diferente para os refugiados. Em geral, o que atrai os alunos é a curiosidade, a chance de aprender a língua com um nativo e a oportunidade de ajudá-los indiretamente. Mas o mais interessante é a percepção que se constrói no caminho, de quem são os refugiados e sua vida única. Isso gera muita empatia e derruba qualquer tipo de preconceito, criando ainda um ambiente de acolhimento que é muito importante para eles. 

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