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Vivendo entre os peixes

A interação com animais marinhos proporciona momentos de contemplação, silêncio e calma para mergulhadores. Com alguma dose – bem-vinda, sem dúvida – de adrenalina

Vivendo entre os peixes – Divulgação
Ficar frente a frente com um tubarão em alto mar não seria a escolha da maioria das pessoas, mas é o que faz o fotógrafo Daniel Botelho sentir-se realizado. Criado no litoral do Rio de Janeiro, ele sempre teve fascínio por animais marinhos e hoje, aos 34 anos, faz expedições em busca da melhor imagem de baleias, peixes, serpentes e enormes tubarões brancos.  A proximidade com a fauna é o que motiva muita gente a mergulhar, seja profissionalmente, seja entusiasmada pela proposta inovadora, durante a viagem para uma praia paradisíaca. O nado dos peixes e o colorido dos corais podem ser extremamente relaxantes e intrigantes. “Alguns peixes são curiosos, ficam seguindo você, observando. E o que mais fascina é essa interação”, conta Clécio Mayrink, consultor de tecnologia da informação e mergulhador desde a adolescência. Para ele, estar embaixo da água, ambiente tão diferente do nosso habitat, pode ser uma válvula de escape, funcionando especialmente para executivos ou pessoas que vivem sob estresse intenso: “Parece um outro mundo, algo semelhante ao ponto de vista de um astronauta. E você esquece toda a preocupação daqui de fora”.
Superficial ou com cilindro de oxigênio, o mergulho alia o silêncio e a beleza da paisagem submarina ao exercício da natação, o controle da respiração e a flutuação – o que em si já relaxa e reduz os batimentos cardíacos. “Comparo a atividade a uma caminhada em uma trilha. Além de mexer com o corpo, a mente, o contato com a natureza desperta paz e felicidade”, garante Botelho. No caso dele, as horas submersas são também um treino de paciência, já que um encontro de dez segundos com o animal fotografado tende a ser precedido por meses de espera, procura e planejamento: “Eventos como a corrida das sardinhas na África do Sul, por exemplo, podem  premiar os mais persistentes, e eu realizei uma expedição de dois meses atrás desse fenômeno”.
A convivência com animais selvagens desenvolve ainda um manejo adequado da ansiedade, que repercute em outras áreas da vida. Sangue frio é fundamental para evitar acidentes e manter o animal por perto: “Aprendi a controlar as emoções que podem atrapalhar a técnica do trabalho, mas, depois que a foto foi tirada, tenho a melhor sensação do mundo!”, conta Daniel. Estar sempre embaixo – ou perto – da água virou uma opção de vida para ele. “A fotografia começou com a vontade de dividir com as pessoas tudo aquilo que eu via no fundo do mar. É consequência do meu amor pelos animais”, diz ele, que continua viajando o mundo registrando baleias-azuis, lulas gigantes, narvais (da família das baleias, têm um dente protuberante na arcada superior que faz parecer um chifre), peixes-lua, marlins e espécies raras encontradas pelos sete mares – e alguns rios.
JÚLIA REIS é jornalista, mora em São Paulo e cria dois gatos e dois cachorros. Todos vira-latas e adotados. A Rogue é uma cadela preta e esfomeada; o Crisp, caramelo, come os móveis. O Tripel é um gatinho negro de três pernas que adora caixas de papelão; o Pilsen, amarelo, está sempre em cima ou dentro dos armários.

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