Só machos são laranjas? Especialistas explicam o que influencia a pelagem dos gatos

Pesquisadores das universidades de Kyushu e Stanford descobriram que a tonalidade ruiva dos felinos está relacionada a uma mutação genética

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Pesquisadores das universidades de Kyushu e Stanford descobriram que a tonalidade ruiva dos gatos está relacionada a uma mutação genética – Canva Equipe/ssnowdrops-images

Os gatos laranjas já são conhecidos por sua personalidade marcante, sendo frequentemente associados a comportamentos mais arteiros e agitados. Essa fama é tão forte que inspirou grandes personagens, como o Garfield. Mas o carisma desses felinos não conquistou apenas o público. Isso porque eles também despertaram o interesse da ciência. Você já reparou que a maioria dos felinos com essa coloração é macho? Foi justamente essa peculiaridade que chamou a atenção de pesquisadores.

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Resposta está no gene

Curiosos com a incidência do fenômeno, estudiosos das universidades de Kyushu e Stanford buscaram entender o que influenciava a pelagem ruiva dos animais. Assim, eles analisaram 58 gatos, sendo 24 dessa tonalidade e 34 de outras cores. Desta forma, os especialistas identificaram que, em 100% dos casos analisados, houve uma relação entre a pigmentação laranja e uma mutação no gene ARHGAP36.

A pesquisa explica que isso ocorre devido à genética dos cromossomos sexuais, especialmente do fator X, pois, quando há uma alteração no código do DNA, ela interfere na produção de eumelanina escura, responsável pelos tons de marrom e preto. Por conseguinte, há o favorecimento da feomelanina, que origina a coloração alaranjada. Mas por que esse processo prevalece nos machos?

Ação da mutação nos gatos

Como a cor depende do impacto nos cromossomos X, o fato dos felinos possuírem configuração XY, possibilita a ação da anomalia. No entanto, no caso das fêmeas, que apresentam dois X, seria necessário herdar a mutação em ambos para atingir a pelagem laranja. Esse cenário, contudo, é raro. Por isso, quando acontece da gata apresentar a alteração em uma das regiões, ela costuma ter três cores.

“Esta descoberta é o resultado de décadas de curiosidade científica. Agora temos a explicação molecular para uma manifestação observada há séculos”, disse o professor e principal autor do estudo japonês, Hiroyuki Sasaki, em um artigo da revista ‘Current Biology’.