Estudo aponta: idosos que usam celular têm menor risco de declínio cognitivo
De acordo com pesquisadores, isso ocorre pois os aparelhos eletrônicos estimulam o raciocínio através de atividades complexas, bem como a interação social

De acordo com pesquisadores, isso ocorre pois os aparelhos eletrônicos estimulam o raciocínio através de atividades complexas, bem como a interação social
Em muitas situações, o celular e outros aparelhos eletrônicos aparecem como prejudiciais por estarem atrelados ao vício, à desconcentração e à estagnação cerebral. Entretanto, neurocientistas da Universidade Baylor e da Escola Médica Dell da Universidade do Texas descobriram que, no caso dos idosos, o uso dessas tecnologias está ligado à redução do declínio cognitivo.
“Uma das primeiras coisas que adultos de meia-idade diziam era: ‘Estou tão frustrado com este computador. É difícil de aprender‘. Isso, na verdade, é um reflexo do desafio cognitivo que pode ser benéfico para a mente, mesmo que não pareça ótimo no momento“, apontou o pesquisador Michael K. Scullin, ao ‘O Globo’.
Inicialmente, o estudo, publicado na revista científica Nature Human Behavior, buscava evidências de que os eletrônicos poderiam ocasionar a demência. “As pessoas costumam usar os termos ‘fuga de cérebros’ e ‘deterioração cerebral’. Como pesquisadores, queríamos saber se isso era verdade”, explicou. Mas, ao analisar informações de mais de 400 mil adultos, com uma idade média de 69 anos, eles obtiveram que o uso da tecnologia está correlacionado a um risco 58% menor de comprometimento cognitivo.
De acordo com os estudiosos, isso ocorre pois os celulares estimulam a solução de problemas e maiores interações, através de videochamadas, e-mails ou mensagens. “Acreditamos que os três Cs podem ser importantes: complexidade, conexão e comportamentos compensatórios. Aparatos digitais podem ajudar as pessoas a se envolverem em atividades complexas e fortalecer suas conexões sociais, o que auxilia a mente em processo de envelhecimento“, afirmou o neuropsicólogo Jared Benge para o ‘The Guardian.
Além disso, eles ressaltam como os aplicativos ajudam a compensar o declínio. Isso porque, no caso dos idosos que já possuem problemas de memória ou raciocínio, os eletrônicos disponibilizam ferramentas de lembretes e orientações, como o GPS e as agendas digitais.
No entanto, segundo os profissionais, os aparelhos também apresentam riscos à saúde física e mental. Desta forma, o que diferencia os benefícios dos malefícios é a maneira que esses dispositivos são utilizados. Por isso, a pesquisa indica que o uso não seja feito de uma forma passiva ou sedentária, semelhante aos momentos em que assistimos à televisão.
“Nossos computadores e smartphones também podem ser mentalmente estimulantes, proporcionar conexões sociais e compensar habilidades cognitivas que estão diminuindo com a idade. Esses últimos tipos de uso são saudáveis para o envelhecimento cognitivo”, esclareceu Scullin.