Símbolo da luta por um país mais justo e exemplo de superação pessoal, o sociólogo Betinho ressurge em documentário para nos lembrar que batalhas urgentes não podem temer as adversidades
Num país carente de heróis, é reconfortante relembrar que por aqui passou um anjo guerreiro de olhar doce chamado Herbert José de Souza, o Betinho (1935-1997). A trajetória do sociólogo e líder humanista mineiro que lutou por grandes causas, apesar da saúde frágil, é o o condutor de Betinho – A Esperança Equilibrista (Documenta Filmes), com direção e roteiro de Victor Lopes (foto à esquerda). Após temporada nos cinemas, o filme será exibido pelo Canal Brasil e em plataformas de vídeo sob demanda.
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Betinho aprendeu a duelar muito cedo. Após seu nascimento, o primeiro baque: diagnóstico de hemofilia, doença hereditária que provoca hemorragias prolongadas por traumatismos mínimos e que também atingiu seus irmãos, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário. Dos 15 aos 18 anos, a tuberculose o manteve isolado num quarto. Sobreviveu. Mais tarde, a oposição à ditadura militar desembocou no exílio e, nos anos 1980, de volta ao Brasil, em plena peleja pela redemocratização, o vírus HIV o golpeou em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia.
Debilitado, mas sempre otimista, encampou, nos anos 1990, a luta contra a fome e a miséria, além do combate à aids, doença que causou a morte dos seus dois irmãos e a sua própria. Com a fibra dos idealistas, até o m mobilizou brasileiros a construir um país mais justo.
“Se uma pessoa com essas limitações fez tanta coisa, o que a gente está fazendo com todas as nossas faculdades à disposição? Betinho é o nosso grande símbolo humanista, uma espécie de Gandhi ou Mandela brasileiro, e o filme vem para cristalizar isso, além de apresentá-lo às novas gerações”, afirma Lopes, que costurou uma série de entrevistas em que o ativista teve a chance de expressar suas convicções e contagiar os expectadores Brasil afora, mostrando que é possível atravessar sucessivas adversidades sem dar as costas à esperança.
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