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Para aquecer a vida

Um filme lembra que nunca estamos sozinhos, um livro fala sobre harmonia da casa e um CD ensina meditação: três sugestões para se recolher serenamente neste inverno

Para aquecer a vida – Divulgação
O que acontece quando um triste e carrancudo senhor desiste de tudo? Uma linda reviravolta. Um Homem Chamado Ove (California Filmes, Suécia, comédia dramática, 118 min) – que concorreu este ano ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e está disponível no Google Play – nos faz cúmplices desse viúvo amargurado que só sabe arrumar confusão no condomínio onde mora desde a juventude. Sua dor é palpável. Por vezes seguidas ele tenta o suicídio, mas interrupções ora banais ora cômicas o impedem de antecipar o próprio fim. Os vizinhos o solicitam o tempo todo. Um reparo aqui. O empréstimo da escada ali. Um dedo de prosa acolá. Sabe aquelas pessoas que têm o dom de serem necessárias mesmo sem perceber? Esse é Ove. Os condôminos de longa data conhecem suas histórias de perdas – a mãe, depois o pai, a casa, adiante a esposa – e se solidarizam. A eles pouco importa se o sessentão se fechou numa armadura áspera. O personagem é querido mesmo assim. E, apesar da aparente dureza, sabe amar, cuidar e se importar como poucos. Isso fica claro após a chegada da vizinha Parvaneh e sua calorosa família (veja cena acima). A imigrante grávida e cheia de vitalidade vai aos poucos envolvendo o ranzinza numa irrecusável teia de amizade e afeto. Ove, então, pode abdicar do passado. E desejar para si uma bela nesga de felicidade.

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