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Seja parte da solução

Querer controlar o caos é como criticar o jeito de as ondas quebrarem no mar. Como rever essa posição foi a lição de Ken O’Donnell no evento que marcou os 37 anos da Organização Brahma Kumaris no Brasil

Ken O’Donnell – Divulgação/Brahma Kumaris
“Começo trazendo uma boa definição de caos: qualquer sistema vivo que seja dinâmico, complexo, não linear e que se auto-organize. Logo, quanto maior seu grau
de complexidade, maior sua imprevisibilidade. Na vida é assim. De repente emerge alguma coisa que não estava nos planos: uma enfermidade, uma crise financeira,
uma traição. Diante disso, o que fazer?
No meio desse turbilhão, não podemos controlar muitas coisas. Entretanto, não importa quão caótico seja o entorno, temos que focar nas lições a serem assimiladas em cada situação. Acredite, existem aprendizados valiosos por trás, entre e por debaixo das aparências.
Uma coisa é certa, se você é afetado pela desordem, está participando dela de alguma forma. Então assuma sua parcela de responsabilidade. Pare de reclamar. Ficar
indignado sem colocar em prática alguma ação positiva de nada adianta. Afinal, você é parte do problema ou da solução?
Dê sua contribuição, só não tente controlar o caos. No dia a dia, lidamos com três dimensões: eu, os outros e os eventos. Dessa trinca, apenas controlamos – em geral, com certa dificuldade – a nós mesmos. O resto é ilusão. É como uma pessoa dizer para o mar que não gosta do jeito que as ondas quebram. Em contrapartida, se colocarmos um pouco de ordem no lado de dentro poderemos fazer leituras mais adequadas dos fatos. E ainda in uenciar o entorno positivamente. Ora, se queremos mudanças, precisamos cultivar condições favoráveis para que elas aconteçam.
Quando o furacão se instala, onde você se posiciona? Nas bordas ou no olho, onde os ventos são bem mais amenos? Todo mundo tem a opção de ser vítima
ou protagonista em qualquer situação. De ficar em pleno vendaval ou de buscar a proteção do centro, o único lugar que não se altera ao sabor das circunstâncias.
E a partir dele se relacionar com as demais áreas da vida, respondendo a elas de forma mais equilibrada.
Turbulências atingem a superfície. Mas, se nos dirigimos até as profundezas, encontramos conexões. E, se cultivamos uma percepção mais ampla e profunda, a tendência é permanecermos mais estáveis, mesmo em face dos ‘terremotos’. Se, ao contrário, nossa percepção é rala e estreita, a estabilidade é impossível.
Quando alimentamos nossa força espiritual, por meio do trabalho interior profundo, a vida se ordena melhor. Então, de tempos em tempos, precisamos recarregar a bateria do espírito, alimentar o estoque de calma. Se ele zerar, entramos em falência em diversos setores da vida. E, como o único ponto estável é o princípio divino – a fonte –, temos de nos manter conectados com essa verdade maior meditando regularmente. Não é na hora em que as coisas estão desabando que vamos conseguir angariar paz e clareza suficientes para enfrentar o que nos aflige. É sempre melhor ter um reservatório de calma cheio. De preferência, com uma cota de serenidade superior aos desa os trazidos pelo caos.”
Coordenador da Brahma Kumaris na América do Sul, entidade de origem indiana engajada na difusão da cultura de paz através dos princípios da haja yoga, e consultor organizacional internacional nas áreas de qualidade e planejamento estratégico, o australiano Ken O’Donnell tem dedicado sua vida ao desenvolvimento do ser humano e à educação de valores. Além de praticar e ensinar meditação há 40 anos, é autor de 12 livros sobre desenvolvimento pessoal e organizacional publicados em nove idiomas, entre eles, A Paz Começa com Você (Ed. Brahma Kumaris) e Caminhos para uma Consciência Mais Elevada (Ed. Integrare). Ministrou mais de
duas mil conferências na Europa, Austrália, Ásia e Américas. www.brahmakumaris.org.br

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