Como a acupuntura pode ajudar no tratamento da infertilidade? Médico acupunturista e ginecologista responde
O Dr. Decio Teshima explica que a fertilidade é um evento que ocorre e depende do corpo todo, nós somente dos ovários e trompas
O Dr. Decio Teshima explica que a fertilidade é um evento que ocorre e depende do corpo todo, nós somente dos ovários e trompas
Engana-se quem pensa que para ter um bom óvulo precisa apenas daquela medicação mágica. Sinto-lhe dizer que não existe ‘mágica’, existe preparação e comprometimento consigo mesma. É assim que a medicina chinesa (MTC) vê a fertilidade, muito mais do que algo que ocorre nas trompas e nos ovários.
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Neste sentido, a acupuntura, que consiste na arte de escolher determinados pontos pelo corpo para atingir o equilíbrio, pode ser um tratamento complementar muito importante. Além das agulhas, para aumentar a fertilidade, a MTC orienta também mudanças na alimentação, no estilo de vida e, muitas vezes, a prescrição de um fitoterápico.
Nos últimos anos, muitos estudos mostraram um aumento da taxa de gravidez em mulheres submetidas aos ciclos de reprodução assistida com a associação da acupuntura. Em 2002, Wofgang Paulus publicou o primeiro estudo na literatura com o uso da acupuntura no dia da transferência de embriões, sob a forma de duas sessões, uma antes e outra imediatamente depois.
O autor encontrou uma maior taxa de gravidez no grupo que realizou a acupuntura (42% vs 26%) segundo esse protocolo. A partir deste estudo, muitos outros foram publicados confirmando esse achado. A acupuntura pode ser utilizada como complemento aos tratamentos de reprodução assistida para qualquer mulher, independente do fator de infertilidade.
Para aquelas que desejam uma gestação espontânea, a acupuntura também pode ser uma grande aliada, exceto para as que apresentam alterações anatômicas como miomas, pólipos e malformações uterinas. As principais indicações são a infertilidade sem causa aparente, a síndrome dos ovários policísticos (SOP), a endometriose, as doenças anovulatórias e as alterações leves do espermograma.
• Aumento do fluxo sanguíneo: estudos mostram um aumento do fluxo de sangue para a artéria uterina, com maior aporte de nutrientes, oxigênio e agentes antioxidantes para o útero e ovários, podendo melhorar a espessura e a receptividade do endométrio. Outros estudos mostram inclusive uma ação imunológica e até molecular, favorecendo a implantação do embrião.
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• Diminuição da ansiedade e do stress emocional: cerca de 86% dos pacientes submetidos a acupuntura apresentam uma sensação de relaxamento já nas primeiras sessões por liberação de neurotransmissores no sistema nervoso central, como a serotonina e a beta endorfina. Vários estudos mostram uma melhora da ansiedade, da depressão e da adesão ao tratamento da fertilização in vitro.
• Modulação da secreção dos hormônios: ainda não se sabe qual o exato mecanismo de ação pelo qual a acupuntura age no eixo hipotálamo-hipófise-ovário. Entretanto, estudos mostram que a acupuntura libera neurotransmissores que influenciam as funções autonômicas, imunológicas e reprodutivas. Muitas mulheres voltam a ter ciclos regulares, restabelecendo a ovulação, principalmente naquelas com o diagnóstico da SOP.
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Por ser um tratamento simples e praticamente isento de efeitos colaterais, a acupuntura pode ser indicada para todas as mulheres com infertilidade. As sessões devem ser realizadas uma vez por semana e a escolha dos pontos deve ser definida de forma individual, de acordo com o diagnóstico pela MTC. Lembre-se sempre que a MTC busca o equilíbrio, e a paciente uma vez equilibrada, a gravidez será uma consequência.
*Dr. Decio Teshima – Médico Acupunturista e Ginecologista e colaborador do Cmaesp (Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo).