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Por que nos perfumamos

Renata Ashcar relança Brasil Essência: A Cultura do Perfume, compêndio para entender a história das fragrâncias através da humanidade

Renata Ashcar – Divulgação
Tudo começou com os incensos, que, através (per) das fumaças (fumum), aromatizavam ambientes e corpos. Desde o antigo Egito, cerca de 3000 a.C., atravessando
civilizações até chegar ao Brasil dos dias de hoje, a criação de perfumes encanta pela alquimia dos ingredientes e pela capacidade de envazar memórias e histórias, liberadas à primeira borrifada. Renata Ashcar se deixou conquistar por toda essa magia. Há 30 anos se dedica a pesquisar e difundir essa arte. Seu livro Brasil Essência: A Cultura do Perfume virou referência na área e base para o primeiro museu de perfumes do Brasil, hoje instalado em São Paulo e do qual ela é curadora. Conversamos
com a especialista por ocasião do relançamento da obra, oportunidade para aprofundar o sentido do olfato.
Como você mergulhou nesse universo?
No início da minha carreira trabalhei como designer de vidros de perfume, mas no final da década de 90 vislumbrei a possibilidade de escrever a história da perfumaria no Brasil e fui a primeira a publicar um livro a respeito. O livro deu origem a muitos outros projetos, como o museu de perfumes, os guias de perfume e o curso de avaliação olfativa para pessoas com de ciência visual.
O perfume é indispensável no seu dia a dia. É fiel a algum?
Digamos que o perfume faz parte da minha indumentária [risos].E expressa também minhas intenções. Com uma coleção de mais de 3 mil frascos não consigo ser fiel a nenhum, mas minha família olfativa favorita é a dos florais, que expressam romantismo, delicadeza e feminilidade.
Do seu ponto de vista, por que a arte da perfumaria fascina tanto?
É uma criação comparável à elaboração de uma pintura, música ou poesia. Exige inspiração, sutileza de espírito, mistério e, sobretudo, sensibilidade. Além disso, os odores afetam o homem tanto do ponto de vista individual (físico e psicológico) quanto do coletivo (social e cultural). A prova está nas diferentes associações
que um mesmo aroma pode trazer – uma determinada flor pode lembrar uma perda para um, evocar um momento romântico para outro. No segundo caso, é evidente a relação entre olfato e vínculos sociais: cada um de nós pode reconhecer o filho, a mãe ou o amado pelo cheiro; do ponto de vista cultural, é certo que os odores são codificados em valores capazes de definir nosso papel na sociedade.
BRASIL ESSÊNCIA: A CULTURA DO PERFUME

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