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Contra a rigidez – Shutterstock

A edição de fevereiro/março da revista Você RH traz novos dados sobre a
relação do estresse com o bem-estar físico, mental, emocional e espiritual. O
veículo informa que, segundo a última pesquisa da International Stress
Management Association (Isma-BR), organização sem fins lucrativos dedicada aos
estudos do estresse, nove entre dez trabalhadores brasileiros apresentam algum
sintoma de ansiedade, do grau mais leve ao incapacitante. E metade (47%) sofre
de algum nível de depressão.

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Essa dor de alma pode começar de maneira suave, borrando a alegria,
diminuindo a produtividade e evoluir pra aumento ou perda de peso, dificuldade
para dormir, tristeza profunda e, se não for tratado, pode culminar no chamado
burnout, quando, sobrecarregado de tarefas e do sentimento de não dar conta
delas, o corpo desliga.

 

Por isso – e para minimizar – o impacto do estresse na vida cotidiana,
BONS FLUIDOS vai publicar essa semana uma série de reportagens com a finalidade
de prevenir o problema e apontar caminhos quando os ânimos esquentam. Na
primeira reportagem, um passeio sobre o que fala o mestre zen.

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O bom é que, para driblar o estresse, não é
preciso ser nenhum buda. Basta treinamento, garantem os mestres.

O que fala o mestre zen?
Na era da hiperconectividade, o excesso de estímulos é um dos principais
causadores dos transtornos mentais.  A
atitude zen abre uma porta para você recuperar a tranquilidade. 

Especialistas na arte da harmonia e do
equilíbrio, os mestres zen-budistas partem de um pressuposto quase singelo: o
tempo em que a vida transcorre é o presente, não há outro. Por isso, cada momento
deve ser vivido plenamente, com o máximo de consciência e atenção ao que
estamos fazendo. Isso vale tanto para férias no Caribe como para
congestionamento de trânsito, desentendimento com o vizinho ou para os dias em
que parece impossível dar conta de todas as tarefas. “O estresse e a
ansiedade acontece quando não estamos presentes aqui e agora, quando fazemos
uma coisa e pensamos em outra ou ficamos ansiosos com o futuro e presos ao
passado. O desgaste físico e mental vem daí”, explica a Monja Coen, da
tradição japonesa soto zen, fundadora da comunidade Zen do Brasil, em São
Paulo.

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Se nossa vida é vivida a cada instante,
como transformar os momentos de que não gostamos e as dificuldades em
experiências agradáveis? “Observando as emoções, o corpo, o pensamento, a
respiração e procurando relaxar”, ensina Monja Coen. “Se você está na fila do
banco e começa a se irritar, preste atenção nas pessoas em volta. Perceba o
lugar, os sons. Depois, verifique seus sentimentos, se há pontos de tensão no
corpo. Concentre-se na respiração e solte a musculatura. Viva esse momento”,
exemplifica.

Praticar esse tipo de atitude é, para
os zen-budistas, uma forma de meditação. “Meditar não é só sentar em
silêncio. Tudo que se faz com atenção e concentração é meditação”, afirma
o monge Hui Hou, do Templo Zu Lai, em Cotia, SP. “Seja qual for a dificuldade,
o método para se livrar do estresse é se concentrar no que está fazendo e
se observar”, resume.

Dessa sabedoria vem outro ensinamento
que ajuda a serenar os ânimos: não há nada de errado com o estresse. Como na
velha história do copo que está meio cheio ou meio vazio conforme o observador,
as pressões podem ser um estímulo para o crescimento ou para a sobrecarga. Tudo
depende da atitude.

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“Lidar com desafios é como jogar bola.
Se usarmos muita força, ela voltará dura e nos machucará. Se formos muitos
moles, faltará energia para continuar no jogo. O segredo é saber receber e
lançar a bola”, compara a monja Sinceridade, da escola Ch’an, o equivalente
chinês do zen-budismo japonês, e fundadora do Templo Zu Lai. “Se alguém me
insulta, não pego essa bola para mim porque a raiva é da pessoa. Mas procuro
entender suas razões e agir com equilíbrio”, explica.

À luz do zen, cada um deve atuar como
filtro. Por exemplo: se receber uma carga pesada de irritação ou raiva, em vez
de retribuir na mesma moeda é melhor transformar a energia em harmonia.
“Observo como a situação me parece difícil, fico atento à respiração e me
acalmo em vez de engrossar o circuito de violência e agressividade. Aí avalio
se vou res-ponder e de que maneira”, observa Monja Coen.

Isso não significa que o zen pregue a
passividade. “Às vezes, é preciso ser firme e enérgica. Nessas situações,
a saída é dizer o que pensa, mas sem perder a calma”, avalia ela. “Quando
sentamos para meditar, oscilamos suavemente o corpo de um lado para outro até
encontrarmos o eixo. Na vida é a mesma coisa. Algumas situações nos balançam, a
gente oscila e volta para o centro. Mas para isso o segredo é ser flexível como
o bambu ou como a água, que assume a forma do vaso que o contém.”

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Quando está atolado de trabalho

Como parte de seu treinamento, os
antigos samurais eram atacados por vários adversários ao mesmo tempo. Para não
serem mortos, precisavam lutar com cada um deles e derrotá-los. Da mesma forma,
quando há muitas tarefas a serem cumpridas, devemos realizar uma de cada vez
para que o resultado seja positivo. “O importante é manter o foco e se
concentrar apenas na tarefa que está sendo feita sem se preocupar com as
outras”, sugere Monja Coen.