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Surfando a transição

Pegar a onda da descentralização do poder e do controle leva à diversidade, ao empreendedorismo e à proliferação do conhecimento

Lala Deheinzeli – Divulgação
Você tem ouvido cada vez mais a palavra transição? Está sentindo impulsos de mudar de vida, trabalho, cidade, jeitos de fazer? Está meio perdido, se perguntando “onde estamos e para onde vamos?” Você não está só. Muitos sentem o mesmo.
Futuristas têm visão sintética, observam os macromovimentos da história e da sociedade e conseguem fazer uma radiografia mais traduzida disso. Repare, por exemplo, que tudo na vida é fluxo (por isso, inclusive, digo que sou futurista e fluxonomista). Existe vida quando há fluxo de sangue e alimentos. Energia é fluxo de elétrons; economia é fluxo de recursos; cidade é fluxo de pessoas; cultura é fluxo de informações; política é o fluxo de decisões e; por aí vamos. Então, se compreendemos como se organizam os fluxos de informação, recursos, pessoas, decisões, fica mais fácil compreender onde estamos e para onde vamos.
A forma mais simples de perceber isso pelos tipos de rede que se formam, indicando o modo como se dão as conexões e fluxos de qualquer coisa. Vamos fazer um rápido passeio pela história para explicar isso melhor. 
Na época da monarquia tudo é CENTRALIZADO. A economia é monopólio dos reis; a cidade se organiza em torno do castelo; até o serviço de correio passa pelo rei (aliás, só na corte e na Igreja havia quem soubesse ler e escrever). A baixa circulação geográfica, de informações e bens resulta em população, produção e mudanças pequenas. O ritmo é semelhante a uma soma: 5 + 5 = 10. 
Aí vêm a imprensa, as navegações, a burguesia comerciante e aumentam as conexões possíveis. A rede começa a ser DESCENTRALIZADA, com vários núcleos de produção e mudança. A informação pula para o ritmo de multiplicação: 5 x 5 = 25. Mudanças de modelo político e econômico são inevitáveis e avançamos para a Revolução Industrial, a abolição da escravatura e a república.  
A descentralização permite mais mobilidade, diversidade, empreendedorismo, autonomia e consequentemente gera mais circuitos. E surge um novo tipo de rede: DISTRIBUÍDA, onde todos os pontos podem se conectar diretamente à exemplo da internet. A combinação de internet com tecnologias mobile permite fluxo direto de informação, bens, acesso a pessoas e coisas, tomada de decisão. E mais: conexão e fluxo em tempo real e independente da sua localização geográfica. A velocidade passa a ser exponencial: 55 = 3.125. Mas a capacidade de resposta dos modelos políticos e econômicos atuais é linear, não dá conta. Estamos exatamente aí, na passagem de algo que não nos serve mais para o ainda desconhecido.
 A transição é a inevitável mudança de modelo – econômico e político, inclusive. E o que fazemos nós? Paramos de resistir à mudança, pois a resistência é a raiz da crise. Se lá atrás houve abolicionistas que aceleraram a mudança, assumimos nosso papel de “transicionistas”, transformando toda essa potência do exponencial em oportunidade de desenhar novas relações, iniciativas, formas de gestão. Na próxima coluna falo sobre maneiras de fazer isso. – LALA DEHEINZELIN é futurista e considerada uma das 100 mulheres no mundo que estão cocriando a sociedade e a nova economia. Inventora do movimento Crie Futuros e da Fluxonomia 4D, seu foco é gerar alternativas para um desejável mundo novo. laladeheinzelin.com.br

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