Em harmonia com a natureza
Quando mudou para uma ecovila a 100 km da capital paulista, Giuliana Capello deu início a uma profunda experiência de bioconstrução, forma de construir que reflete seus ideais de vida em sintonia com o planeta
Quando mudou para uma ecovila a 100 km da capital paulista, Giuliana Capello deu início a uma profunda experiência de bioconstrução, forma de construir que reflete seus ideais de vida em sintonia com o planeta
O sonho de levar uma vida mais perto da natureza e de seus ritmos fez a jornalista Giuliana Capello sair de São Paulo em busca de uma comunidade rural. “Queria voltar a contemplar as estrelas, os vagalumes, o cheiro de terra molhada da chuva. Um processo longo de transformação interna que começou em 2001 e que atingiu, digamos, o clímax, quando visitei a ecovila de Findhorn, na Escócia, e me apaixonei pela ideia de morar em uma comunidade ecológica”, conta ela. Após a viagem, foram anos pesquisando uma possibilidade de morada até chegar à ecovila Clareando, em Piracaia, interior de São Paulo. Da compra do terreno em 2006 até a mudança foram cinco anos de intensas e profundas descobertas e ajustes de hábitos. “Já em São Paulo tinha uma hortinha, com minhocário, fazia as refeições em casa e, como jornalista freelancer ambiental, trabalhava em esquema de home office. Afinal, não é só mudar de endereço. A primeira grande adaptação, quando se deseja viver em uma comunidade com princípios de permacultura como eu queria, é a interna”, alerta ela, que decidiu construir sua morada tal como um joão-de-barro, sentindo o prazer de erguer cada parede com as próprias mãos. No projeto, a estrutura de eucalipto de reflorestamento, além da construção da fundação e da cobertura, tiveram a assessoria da arquiteta Lara Freitas. “Uma vez montado o esqueleto, abracei o desafio de levantar as paredes em mutirões com amigos e vizinhos. Algumas são de tijolos de adobe, feitos na obra. Outras são de pau a pique, e tenho também paredes de toquinhos de madeira (conhecida como cordwood) com argamassa de terra e serragem fermentada, que eu mesma fiz, para aproveitar os restos da madeira usados na estrutura da casa.”