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40 anos de qualidade de vida

Você usa termos como zen, consumo consciente, alimentação orgânica ou economia colaborativa? Veja a linha do tempo ao lado e saiba mais como esses conceitos e práticas revelam sementes do bem-estar plantadas quatro décadas atrás, no movimento hippie

40 anos de qualidade de vida – luckyraccoon / Shutterstock
A linguagem é viva e vai se modificando conforme a sociedade evolui, incorporando termos e forjando outros conforme a necessidade de representar comportamentos, valores e modas que estamos assimilando. No que se refere ao bem-estar, o vocabulário de agora deve muito ao que acontecia no mundo de 40 anos atrás.
Final dos anos 60, início dos 70
No terreno fértil do movimento hippie – que começou nos Estados Unidos e na Europa no final dos anos 60 e início dos 70 –, baseado em ideais de não violência, foram plantadas as sementes do estilo de vida que mais buscamos atualmente. “Naquele momento pós-Guerra do Vietnã, na ânsia por um mundo diferente, o Ocidente olhou para o Oriente”, justifica o filósofo Renato Janine Ribeiro, da Universidade de São Paulo. E viu a ioga, o budismo, a comida orgânica. Descobriu o conceito de zen e vislumbrou um futuro em que iria colher os frutos do progresso da humanidade.
Anos 80
É certo que os anos 80 correram praticamente na via oposta. Na conhecida era yuppie, termo derivado de YUP (expressão inglesa para Young Urban Professional), jovens profissionais urbanos entre 20 e 40 anos, favorecidos pelo boom econômico incentivado pelas duas principais economias mundiais (Estados Unidos da era Ronald Regan e Inglaterra de Margaret Thatcher), deixam de lado as causas sociais abraçadas pela geração anterior. “A coisa mais importante passa a ser o dinheiro e o poder. Trabalhar muitas horas é valorizado, celular torna-se sinônimo de status”, destaca David Baker, do corpo docente da The School of Life, escola londrina destinada a explorar as questões fundamentais da vida e que tem filial em São Paulo.
Anos 90
Baker lembra que na década de 90 redescobrimos que o dinheiro não era tudo e mudamos de foco outra vez. Ainda mais motivados pela preocupação com o destino do mundo, característica de todo final de milênio. O homem retoma os valores de paz e amor, porém sem negar os benefícios tecnológicos e urbanos conquistados. “Percebemos que não precisamos sair do Ocidente para encontrar esses valores, mas, atropelados por uma competição acirrada, voltamos a tomar ar fresco nas culturas milenares, estáveis e valorizadoras do potencial humano”, complementa o professor Washington Martins, diretor do departamento de filosofia da Universidade Federal de Pernambuco.
Anos 2000
Passados 16 anos do início do século XXI, a linha do tempo do bem-estar aponta para um caminho de ponderação. “O Oriente, que uma vez buscamos como símbolo do diferente e de tudo que a gente gostaria de ser, revela também a outra face. Em alguns pontos, notamos a falta de civilização e liberdade, a opressão às mulheres. E isso nos afasta”, analisa Guita Grin Debert, professora de antropologia da Universidade de Campinas.
Do encanto pelo Oriente ao encanto pelo que é natural
A saída é, então, voltar para a natureza. “A um entendimento de que o que é mais natural vai nos ajudar a recuperar o equilíbrio”, pontua a professora de antropologia. Por
isso a meditação e os trabalhos manuais passam a ser
importantes. Eles nos devolvem o ritmo”, destaca.
Não se trata de uma volta ao passado propriamente dito, insuficiente para atender nossos anseios. “Quem busca o bem-estar, agora, sabe que nem o conhecimento antigo nem a ciência de ponta são 100% confiáveis. É preciso encontrar uma resposta pessoal. Pensar a melhor alternativa”, arrisca Guita. Segundo ela, é essa compreensão que faz crescer a maternidade ativa (uma reação à violência obstétrica que determina a forma de parto sem consultar a mãe), recupera o sabor dos alimentos (chega de fast-food), valoriza a bicicleta como meio de mobilidade.
Em uma recente apresentação em São Paulo, a consultora para América Latina do escritório de tendências WGSN Bruna Ortega, reforça a mudança de mentalidade em
outro agrante. “Pela primeira vez o mercado de saúde e bem-estar, que engloba fitness, beleza, produtos antienvelhecimento, spas, academias, superou a indústria farmacêutica e faturou 3,4 trilhões de dólares (dados de dezembro de 2014 da agência de notícias Reuters)”, declarou.
É uma clara demonstração de que, para estarem saudáveis, as pessoas têm buscado a alimentação orgânica, a meditação, o esporte. Neste último quesito a pesquisa da WGSN constatou que fazer ginástica em casa (de volta ao básico), praticar exercícios que imitam os movimentos animais (animal fit) e uma nova modalidade chamada bowka, em que se faz movimentos com as pernas pensando no formato das letras e números, têm despontado como alternativa. “Os exercícios físicos na academia não são mais uma obrigação. Estão associados ao estilo de vida de cada um”, diz Bruna. “Graças a isso surgiram conceitos como o playtime, de brincadeiras ao ar livre, como queimada, para ficar em forma. A empresa Vitamin D Workout incentiva treinos em parques infantis – o escorregador, por exemplo, torna-se suporte para os abdominais.”
Comportamentos verdes
É verdade que a falta de dinheiro e tempo, assim como o sedentarismo e o estresse, são alguns dos principais sabotadores de uma vida plena, como revelou um recente estudo do Laboratório Abbott. E o fato de a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano lançar como foco o saneamento básico para todos confirma que ainda há muita distância entre o básico para ter saúde e uma saúde plena. Contudo, a qualidade de vida é uma conquista em evolução. E, em alguma medida, há iniciativas que
estão contribuindo para ela. Atitudes como a carona solidária e conceitos como o slow (food, beauty ou fashion), a pegada zero de carbono, a nas relações, a
maior abertura para as escolhas sexuais, nutrem um presente melhor. Da mesma forma que deixarmos para trás alguns conceitos. Cuidar apenas de si mesmo, sem considerar o entorno, está se tornando algo ultrapassado. “Estamos no meio de uma grande transição da era cartesiana de ‘Penso, logo existo’ para uma era empática de ‘Você é, logo sou’, escreveu o historiador da cultura Roman Krznaric, no livro O Poder da Empatia (ed. Zahar).
Na obra, Roman ilustra com um bonito exemplo essa arte de se colocar no lugar do outro para promover as mudanças urgentes de que o mundo precisa. Ele fala da jovem Patricia Moore, que em 1979 trabalhava como designer de produtos da mais importante empresa de Nova York, a Raymond Loewy, responsável pela criação da garrafa de Coca-Cola e pela logomarca da Shell. Recém-formada, ela queria entender as limitações de um idoso. Porque só entendendo isso conseguiria projetar uma
geladeira que eles pudessem abrir com facilidade. Krznaric relata que ela “aplicou sobre o rosto camadas de látex que a fizeram parecer enrugada, usou óculos que lhe borravam a visão, obstruiu os ouvidos de modo a não poder ouvir bem, enrolou bandagens em volta do torso para ficar encurvada, prendeu nos braços e pernas talas que a impediam de flexionar seus membros e arrematou o disfarce com sapatos desiguais que a obrigavam a ter um andar trôpego e precisar de uma bengala”. A caracterização serviu para ela sentir na pele como os idosos são tratados e as dificuldades de movimento que possuem. E esse pioneirismo a tornou fundadora do design universal ou inclusivo.
A experiência empática pode ser incentivada e multiplicada pelas redes sociais, outro fator ímpar na história da humanidade. Só há um receio: “As redes sociais podem ser um meio de atordoar e impedir a reflexão profunda. Afinal, mal você tem tempo para uma resposta e já vem outra pergunta em seguida exigindo um comentário seu”, assinala a professora Lia Diskin, da Associação Palas Athena (veja mais na página 18). “Quem não tem tempo para qualificar o que quer expor na rede acaba expondo o irrelevante (quando não o preconceito).”
A conclusão é que temos mais para comemorar. Principalmente porque muitos dos véus que nublavam a nossa compreensão caíram. As ideias boas podem vir do Oriente e do Ocidente, do presente e do passado. Bem-estar é ter autonomia de pensamento e escolha. A seguir, elencamos alguns conceitos que sinalizam por onde prosseguir em quatro pilares: filosofia, alimentação, práticas terapêuticas e sustentabilidade.

FILOSOFIAS
Budismo
O verdadeiro boom no Ocidente aconteceu em 1990, quando celebridades como Tina Turner e Richard Gere afirmaram estar professando seus ensinamentos. Essa junção de filosofia e religião criada pelo príncipe Sidarta Gautama (o Buda) na Índia, há cerca de 2,5 mil anos, já cativou milhões de seguidores no mundo. Algumas das premissas do budismo são a transitoriedade das coisas, o desapego e a compaixão. Com ele, as práticas de meditação ganharam força.

Zen
Escola do budismo surgida na China do século VI d.C. e levada para o Japão no século XII. A essência das práticas zens é não pensar em nada. Com a propagação das técnicas orientais, o termo passou a definir um estado de paz. Então, estar zen é estar tranquilo. Os praticantes assíduos buscam um estado de iluminação, equivalente à quebra do pensamento lógico, que é obtido por meio da meditação.
Cabala
Essa ciência, que teve origem no antigo Egito, ganhou os holofotes por causa da cantora Madonna, que passou a seguir seus fundamentos e a se dizer mais calma, centrada e serena. Rabinos e estudiosos da cultura judaica, no entanto, observam com cautela essa febre, pois consideram a cabala algo muito profundo e que leva anos para ser compreendido. Os verdadeiros cabalistas trabalham a consciência, a vontade, o sentimento e o intelecto por meio de letras e palavras sagradas.
Taoismo
Base da filosofia oriental, seus princípios estão resumidos no Tao Te King, ou o Tratado do Caminho da Virtude, escrito pelo sábio chinês Lao Tsé há 3,2 mil anos. São lições de como cultivar simplicidade, humildade e alegria no cotidiano. Esses ensinamentos são transmitidos na Sociedade Taoista do Brasil, fundada em 1990, em São Paulo.

ALIMENTAÇÃO

Veganismo
Mais do que uma dieta, o veganismo é uma ideologia baseada, acima de tudo, na não exploração dos animais. “Vegan” é um termo inglês criado em 1944 e que
extraiu as três primeiras letras e as duas últimas da palavra “vegetarian”. A dieta vegetariana é apenas uma das práticas do veganismo, que se constitui como um estilo de vida – cada vez mais presente no Ocidente – que exclui a exploração animal não apenas do cardápio mas do vestuário ou de qualquer outra finalidade.
Alimentos orgânicos
A procura por frutas, legumes, grãos e outros itens sem agrotóxicos está crescendo de 30% a 40% ao ano. Justifica-se. Esses itens não estão contaminados por pesticidas com metais pesados, que se acumulam no organismo, e ainda têm o sabor e as propriedades nutricionais preservados.
Antioxidantes
A ingestão das vitaminas C e E e de betacaroteno (pré-vitamina A) minimiza os efeitos do envelhecimento. Elas ficaram conhecidas como antioxidantes porque
combatem a oxidação das células – um processo natural, mas que tende a acelerar com a ação do sol, do cigarro e da poluição, levando ao enferrujamento celular precoce.
Vegetarianismo
Mesmo quem não elimina o consumo de carne aceita vez ou outra trocar o bife com fritas pela soja com brócolis. A razão está associada à suspeita de que a gordura presente na carne aumente a taxa de colesterol e infarto. Difundido como um estilo de vida pelos hippies, o vegetarianismo virou sinônimo de alimentação saudável.

PRÁTICAS
Acupuntura
A acupuntura chegou ao Ocidente em 1971 por meio de um artigo do jornalista americano James Reston, que descrevia os efeitos positivos da aplicação de agulhas
na recuperação de uma cirurgia de apendicite. O objetivo do método é reequilibrar a energia que circula no organismo, prejudicada por causas internas e externas, emocionais ou físicas. Reconhecida no Brasil desde 1995 como uma especialidade médica, a acupuntura é usada no tratamento de insônia, estresse, TPM e ansiedade,
entre outros males.
Meditação
O processo de não pensar em nada, fechar os olhos e prestar atenção apenas na respiração – que deve ser leve e ritmada – ganhou força nos últimos anos como alívio para o estresse. Mais de mil estudos médicos e científicos confirmam os benefícios dessa prática milenar contra a ansiedade e a insônia, principalmente. Isso fez com que a meditação fosse incorporada à vida nas grandes cidades.
Aiurveda
Esse sistema de medicina, criado pelos indianos há mais de 5 mil anos, ganhou adeptos no Brasil pouco tempo atrás. Em 1986, surgiu o primeiro centro dessa medicina em Goiânia (o Hospital de Medicina Alternativa). Em parte, a popularização do método se deve aos livros do médico indo-americano Deepak Chopra. A abordagem terapêutica inclui fitoterapia, exercícios físicos, dieta, meditação, ioga, massagens e automassagens para amaciar a pele.
Feng shui
Essa técnica chinesa de harmonização de ambientes ganhou popularidade entre nós na década de 90. Baseado na análise da circulação da energia ch’i em casas e empresas, o método visa revitalizar as oito áreas da vida (Trabalho, Espiritualidade, Família, Prosperidade, Sucesso, Relacionamentos, Criatividade e Amigos) para que tragam paz e equilíbrio. O ba-guá é o gráfico por meio do qual o especialista localiza as áreas da vida na planta geral do ambiente.
Chacras
A gura de um corpo com uma linha central e sete pontos – cada um de uma cor – distribuídos entre a base da coluna e o alto da cabeça representa os chacras. O termo desembarcou no Ocidente nos anos 70, quando houve um maior interesse pela cultura oriental, em especial a indiana. Segundo ela, o desequilíbrio desses pontos de entrada e saída de energia se traduz em problemas físicos e emocionais. Para harmonizá-los, a medicina indiana propõe massagens, aplicações com cristais e pedras quentes e respirações.
Ioga
Asanas e pranayamas, ou traduzindo, posturas e exercícios respiratórios, são termos sânscritos que entraram para nosso cotidiano por conta da ioga e de suas várias
linhas: kundalini, raja, hata, bhakti, ashtanga e iyengar, entre outras. Atualmente, essa prática, que melhora a flexibilidade, a respiração e a concentração, invadiu academias – pois também ajuda a fortalecer a musculatura. Filosofia de vida nascida na Índia há mais de 5 mil anos, ela integra mente, corpo e espírito. Inclui
uma saudação típica, o namastê, que significa “O Deus que há em mim saúda o Deus que há em você” e já se tornou familiar por aqui também.
Aromaterapia
Ela estimula o bom funcionamento do organismo por meio dos aromas. Inalados, os óleos essenciais aromáticos chegam ao cérebro, onde fazem disparar uma série
de reações hormonais. Em contato com a pele, atingem a corrente sanguínea. Os efeitos são físicos e emocionais. O óleo essencial de lavanda, por exemplo, é cicatrizante e calmante. A terapia conquistou o Brasil no fim dos anos 90.
Homeopatia
Esse tratamento, à base de substâncias provenientes dos reinos vegetal, mineral e animal, foi criado há mais de 200 anos pelo médico alemão Sammuel Hahnemann e se destaca por privilegiar os aspectos saudáveis do paciente, e não a doença. No Brasil, onde chegou na década de 40, depois de muitas críticas a homeopatia foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, em 1980. A partir de 1998, passou a ter cobertura obrigatória nos planos de saúde. Os remédios naturais são indicados para adultos e crianças em tratamentos específicos ou para a prevenção e a manutenção da saúde.
Florais
Especialista em bacteriologia, imunologia e saúde pública, o inglês Edward Bach descobriu na década de 30 as 38 essências florais que ajudam a tratar males emocionais, como medo, ciúme, inveja e rigidez. A energia vital das plantas, concluiu Bach, tem ressonância com os padrões emocionais e por isso restaura o equilíbrio e ajuda a aceitar desafios com mais facilidade. Anos após sua morte, em 1936, foi criada uma fundação com seu nome. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde classifica os florais como remédios. O mais famoso é o Rescue, um tipo de pronto-socorro emocional em gotas.
SUSTENTABILIDADE

Slow fashion
Criado pela inglesa Kate Fletcher, consultora e professora de design sustentável do Centre for Sustainable Fashion, de Londres, o conceito de slow fashion foi inspirado no movimento slow food. E incentiva que tenhamos mais consciência com aquilo que vestimos. Em vez da última moda ou tendência, na contramão das lojas de departamentos e do fast fashion, esse movimento prima por peças atemporais, ocasionalmente mais caras porque duram mais. A importância é evitar o descarte frequente e prolongar a vida útil dos itens do vestiário. Entram nesse conceito, além das peças artesanais, as customizadas e as adquiridas em brechós.
Pegada de carbono
Todos os dias você emite carbono na atmosfera – a nossa pegada de carbono. Seja respirando, ligando um eletrodoméstico, dirigindo seu carro até o trabalho, consumindo uma fruta que veio de caminhão de outro estado. Acontece que, em excesso, esse gás emitido forma uma na camada que impede a dispersão do calor do sol, depois de refletido no solo. E, assim, vamos gerando o “efeito estufa”, que eleva gradativamente a temperatura do planeta. Segundo a ONG Iniciativa Verde, cada pessoa emite cerca de 2 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano. Reduzir a quantidade de dióxido de carbono que libertamos para a atmosfera passa pela alteração de hábitos como andar mais a pé ou de transportes públicos, em vez de carro; consumir menos e, sempre que possível, localmente; poupar recursos energéticos; e investir em energias alternativas.
Permacultura
A definição de permacultura (que significa cultura permanente) foi dada na década de 70 pelo professor australiano Bill Mollison. Pode-se dizer que se trata de um modo de vida comprometido com o meio ambiente. De acordo com Marcelo Bueno, presidente do Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica (Ipema), “precisamos buscar soluções para diminuir o impacto do estilo da vida moderna no planeta”. Um permacultor utiliza materiais recicláveis, consome alimentos
orgânicos, cultiva uma pequena horta, usa lâmpadas econômicas, toma banhos rápidos. Quem sabe ele sonha morar em uma ecovila – condomínios planejados com o máximo de respeito às energias renováveis…
Menos é mais
Foi o arquiteto e designer holandês Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), um gênio dos projetos minimalistas, quem teria cunhado a máxima associada,
hoje em dia, ao consumo com consciência. E muitas pessoas, mesmo com a conta bancária abastada, estão descobrindo que o excesso de consumo não necessariamente traz felicidade. E que qualidade, tanto quanto responsabilidade, deve estar sempre na frente da quantidade. Em São Paulo, o Instituto Akatu, de São Paulo, acredita que o consumidor pode transformar o mundo ao evitar desperdício de comida, de água e de papel. Se 1 milhão de pessoas reduzissem seu banho de 12 para seis minutos, por exemplo, seriam economizados mensalmente 1,62 milhão de metros cúbicos de água, o suficiente para abastecer 432 mil pessoas por dia.
Economia colaborativa
O caminho aqui é envolver pessoas na criação de uma saída para as questões econômicas – afinal, a sustentabilidade não é mais opcional, mas o único meio de o planeta sobreviver. Compartilhar ideias, colaborar na execução delas á uma tendência mundial que envolve desde repassar algumas roupas do seu filho para o filho de uma amiga que acabou de ter bebê até alugar um quarto da sua casa para melhorar o orçamento mensal. Tudo que seja em prol do meio ambiente e que leve a um menor consumo ajuda a construir a economia colaborativa. Segundo um relatório do Centro de Colaboração para o Consumo e Produção Sustentáveis em parceria com
o Instituto Akatu (akatu.org.br) e com a Columbia Business Schooll, um dos desafios dessas iniciativas é obter massa crítica. Para isso, é essencial superar os hábitos e comportamentos tradicionais do consumidor.
Reciclagem
Três erres entraram para o vocabulário de quem está antenado com a preservação do planeta: R de redução, que evita o consumo de produtos desnecessários
(é o chamado consumo consciente); R de reutilização, que recomenda o reaproveitamento de embalagens; e R de reciclagem. A coleta seletiva também surgiu
nas últimas décadas, intensificando a separação do lixo doméstico.

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