Hipnose pode ajudar a controlar diabetes
“As interações entre mente-corpo, propostas na hipnose, atuam no tratamento e no controle das doenças autoimunes”, pontua Charles Bueno na coluna desta semana
“As interações entre mente-corpo, propostas na hipnose, atuam no tratamento e no controle das doenças autoimunes”, pontua Charles Bueno na coluna desta semana
Segundo um estudo do departamento de Psicologia da Saúde e Reabilitação Neuropsicológica pela Universidade de Aveiro (UA), as pessoas com diabetes tipo 1 que possuem assiduidade na psicoterapia aliada à hipnose, baixaram os níveis de glicose no sangue e diminuíram a dose diária de insulina.
Não se trata de uma relação linear. Reflita comigo: neste exato momento em que você lê este texto, você não está pensando se está respirando, se o seu coração está batendo e nem se o seu cabelo está crescendo. Essa é uma grande prova de que existe uma parte não consciente da nossa mente/cérebro, que regula os processos biológicos e psicobiológicos de funcionamento automático no nosso corpo sem que a gente não pare para pensar sobre nada disso.
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Outros estudos de neurociência já mostraram que cerca de 12% de todo o nosso funcionamento mental seja consciente e que a maior parte dele – quase 88% – ocorre sem que tenhamos noção disso. Isso é tudo trabalho do que chamamos de Mente Não Consciente – uma ação que controla o nosso corpo automaticamente.
Em um momento de transe hipnótico, em que a atenção fica focada, conseguimos produzir alterações positivas concretas e mensuráveis no sistema imune associada a um padrão de ondas cerebrais. Assim, atingindo esse estado, é possível alcançar mudanças internas decorrentes da diabetes tipo 1 tanto ao nível emocional, quanto no mental – diminuindo ansiedades, medos e emoções – assim como ao nível orgânico, índices glicémicos (com implicações nas necessidades de insulina) e outras variáveis físicas da doença.
Ficou provado que ao deixar-se guiar pelas sugestões da terapia de hipnose, o corpo sente essas mudanças nas relações entre a atividade mente/cérebro que interferem diretamente na fisiologia e se reflete nos valores apresentados no glicosímetro (aparelho para medir a glicose na corrente sanguínea).
Os resultados encontrados neste estudo os permitem constatar uma conclusão principal: o grupo submetido a hipnose diminuiu de forma significativa a glicemia após as sugestões pós-hipnóticas (sugestões dadas no final da sessão, ainda em transe) e o comando de auto-hipnose (tornando as pessoas capazes para fazerem autonomamente), em relação à glicemia do momento de sugestões diretas de imaginação guiada.
Posso acrescentar ainda que a hipnose vem no sentido de credibilizar esta ferramenta para melhor ajudar os pacientes nas suas perturbações emocionais, psicológicas e físicas. É a utilização da técnica em contexto psicoterapêutico. Assim, apesar de a hipnose não curar a diabetes tipo 1, ajuda na gestão da mesma, minorando as consequências e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos doentes.
Até ler esse texto você já tinha se dado conta da importância da hipnose? Já tinha parado para pensar que a prática precisa ser desmistificada? Pois é! É por isso que nosso colunista Charles Bueno está aqui! Vamos conversar semanalmente sobre hipnose e todos os seus benefícios para a saúde mental e física!
Instagram: @charlesbuenohipnologo