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Aromas que curam: um guia completo sobre aromaterapia e seus efeitos no organismo

Na coluna desta semana, Jamar Tejada fez um guia completo sobre a aromaterapia, como usar e recomendações de óleos essenciais para cada propósito

O colunista Jamar Tejada fez um guia completo sobre aromaterapia – Pexels/ Sora Shimazaki

Os óleos essenciais e, com eles, a aromaterapia nunca estiveram tão na moda como nos dias de hoje. Devido a quarentena grande parte das pessoas teve que reaprender a conviver consigo mesmo — curtindo sua casa, organizando seu espaço, sua idéias, sua espiritualidade. Nessas descobertas e redescobertas na qual alguns tentaram fugir e outros buscaram olhar pra dentro de si mesmo com mais atenção e prática de silêncio, de sua própria releitura acabaram chegando até a aromaterapia. Costumo dizer que a aromaterapia é o perfume que te ajuda a trilhar o caminho para a autoconsciência. Não pense que essa ciência é só indicada para aqueles que meditam, não, ela é indicada para tudo, desde problemas físicos até os problemas mentais e sensoriais.

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Mas afinal o que é a aromaterapia?

A aromaterapia é mais que ciência, é uma arte milenar que tem como objetivo promover a saúde e o bem-estar do corpo, da mente e das emoções, através do uso terapêutico do aroma natural das plantas por meio de seus óleos essenciais. Esses óleos são substâncias complexas, voláteis e de fragrância variável, que podem vir de qualquer parte da planta: podem vir da raiz, flor, caule, folhas ou mesmo semente.

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História

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Você sabia que a aromaterapia corresponde ao sistema de medicina mais antigo do mundo? Nos livros em sânscritos dos Ayurvedas já são relatadas o emprego de produtos naturais no tratamento das enfermidades, há mais de 2000 anos a.C. Os antigos persas e egípcios conheciam os óleos essenciais de Terebintina (madeira de pinheiro) e resina de mastique (Pistacia lentiscus) que, provavelmente, seria o primeiro óleo essencial obtido a partir da destilação a seco (processo em que a madeira é aquecida formando gases que irão condensar).

Os óleos essenciais eram empregados pelos egípcios, também, em massagens de embelezamento para proteger a pele do clima árido e evitar a decomposição de seus mortos. Vasos de alabastro, encontrados em antigas tumbas de faraós, possuíam óleos essenciais e datavam mais de 6.000 anos, demonstrando que os egípcios conheciam suas propriedades antissépticas. Todo esse conhecimento sobre os óleos se difundiu para os antigos gregos e deles para os romanos.

Como a aromaterapia age no nosso corpo?

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Cada óleo essencial traz benefícios de acordo com sua ação e efeitos sobre os locais de aplicação. Ao inalarmos o óleo essencial as moléculas odoríferas (que exalam um aroma), espalham-se pela nossa cavidade nasal e são carregadas aos nossos neurônios olfatórios. As células presentes nesses neurônios chegam ao sistema nervoso central e ao sistema límbico, parte do nosso cérebro onde são associadas as emoções, particularmente com o prazer, a dor, a raiva, o medo, a tristeza e os sentimentos sexuais, além da memória, dos padrões de comportamento, do aprendizado e da atividade mental — daí o por quê dos aromas produzirem uma resposta emocional e nos fazerem reviver uma memória passada.

Assim que chegam nos pulmões, os óleos essenciais desencadeiam um efeito físico imediato sobre eles, passando dos pulmões para a corrente sanguínea, que os transporta para o corpo todo. Uma vez no sangue, esses óleos podem gerar efeitos sobre qualquer órgão pelo qual passam resultando em uma ação revitalizante.

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Se os óleos são tão benefícos, não seria melhor ingerir do que cheirá-los?

No início da década de 1920, os cientistas Gatti e Cayola observaram os efeitos terapêuticos dos óleos essenciais e concluíram que tanto a ação sedativa, quanto a estimulante, eram obtidas mais facilmente através da inalação do que da ingestão. O sentido do olfato requer a presença de uma molécula odorífera que é registrada no cérebro quando o ar é exalado ou inalado, os odores são  carregados por um conjunto particular de células nervosas que respondem ao estímulo dessas moléculas. No entanto, substâncias aromáticas prosseguem para o sistema límbico, sem que o córtex cerebral as registre. Elas chegam aos centros de controle mais profundos do cérebro, ou seja, ao lugar onde estão armazenadas as informações a respeito dos odores (HOARE, J. Guia completo de Aromaterapia. São Paulo: Editora Pensamento, 2010.)

Por que usar óleos essenciais em casa? Como eles podem melhorar o dia a dia?

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Os benefícios dos óleos essências são muitos: desde o controle da dor, melhora da qualidade do sono, tratamento de dores em geral, alívio nos desconfortos do trabalho, aumento da imunidade, combate de vírus e bactérias, alívio dos efeitos colaterais da quimioterapia, entre tantos outros. Atualmente, mediante o momento de estresse e ansiedade que estamos atravessando há o maior emprego dos óleos, ajudando a aliviar esses sintomas. Óleos como os de bergamota (Citrusbergamia), lavanda (Lavandulaangustifolia), limão (Citruslimon) e sândalo (Santalumalbum) possuem propriedades que promovem o relaxamento e a sedação, fazendo com que o ambiente se torne mais calmo e acolhedor.

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Quais critérios usar na hora de escolher os óleos para cada ambiente da casa?

A escolha dos óleos é muito particular, independente da sensação de resposta que cada óleo proporciona, temos que levar em consideração as preferências olfativas de cada um. Não adianta você aromatizar, por exemplo, um óleo de limão ou lavanda com propósito de calma ao ambiente se as pessoas que ali moram não gostam desse cheiro — ao invés de acalmar fará com que esse pessoa fique ainda mais agitada. Escolha os óleos dentro de suas propriedades terapêuticas e depois teste com os moradores os óleos que mais agradam a maioria, afinal o propósito é gerar um ambiente de paz e não mais uma discussão.

Agora, se for escolher o óleo por ambiente leve em consideração também o que cada ambiente da casa representa.

  • Sala de estar: é o ambiente de reunião em família, momento de prazer e conversa onde os moradores geralmente compartilham seu dia. São indicados: alecrim, eucalipto e ylang ylang.
  • Quarto: espaço para relaxar, acalmar e ter uma boa noite de sono. São indicados: lavanda, camomila e bergamota. Agora, se quiser criar no quarto um ambiente sensual faça uso de ylang ylang, rosa, sândalo e /ou cardomomo.
  • Cozinha: no local onde mais rondam aromas, já que ali são preparados os pratos, o indicado é usar outros aromas que tragam energia: canela, laranja, cravo.
  • Banheiro: neste ambiente que deve nos remeter frescor e limpeza, devemos utilizar óleos que, além de remeter essas sensações, atuem como bactericida. Para isso, utilize oléos essenciais de melaleuca, lavanda, jasmim, menta e/ou pinho.

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Qual é o melhor difusor para usar? Por quê?

O difusor de aromas elétrico pode ser do tipo ultrassônico ou nebulizador. O difusor ultrassônico preserva a integridade e as propriedades do óleo essencial, logo é a melhor escolha. 

Os difusores ultrassônicos utilizam frequências eletrônicas que vibram a água até que ela evapore, criando uma névoa fina de óleo essencial e água que se dispersam no ar. Por utilizarem água, também umidificam o ambiente, tornando o ar mais saudável além disso, o aroma do óleo fica mais suave. Já os cuidados com a limpeza exigem um pouco mais, além de sempre acrescentar água. São produtos silenciosos, indicados para os quartos e salas de estar. Também devemos levar em consideração a capacidade do reservatório de um difusor de aromas que varia de 50 a 400 ml, com área de cobertura que abrange de 10 a 30 m².

Já os difusores elétricos de aromas, sejam eles do tipo com tomada ou ultrassônicos, contam com um reservatório (às vezes chamado de “tanque”) onde o óleo essencial e/ou a água são colocados para serem evaporados. Nos modelos de tomada, o reservatório é bem limitado, em torno de 15 ml, pois só é necessária a adição do óleo. Entre os recursos extras que um difusor de aromas pode ter, podemos destacar: temporizador, desligamento automático e luzes de LED (cromoterapia), aí fica da escolha de cada um.

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Como realizar cada maneira de aplicação. Passo a passo:

  • Inalação: a inalação do vapor do óleo essencial é um excelente método para tratar tanto os problemas respiratórios, como gripes, resfriados e sinusites; quanto os problemas emocionais, de ansiedade até pânico e depressão. Ao utilizar um vaporizador, acrescente apenas uma gota de óleo essencial ao soro fisiológico. Já em uma tigela, acrescente até 9 gotas para dois litros de água fervente. Posteriormente, coloque uma toalha sobre a cabeça e respire profundamente. É conveniente manter os olhos fechados durante o uso, já que os óleos são fortes e podem fazer com que seus olhos lacrimejam ou mesmo cause irritação.
  • Aromatizadores, difusores, vaporizadores: os recipientes utilizados para a difusão dos óleos essenciais em ambientes diversos, como em escritórios ou casas, são conhecidos como aromatizadores, difusores ou vaporizadores. Aqueles que funcionam com vela devem ter a parte superior preenchida com água e aproximadamente 10 gotas de óleo essencial. Enquanto a vela, que fica na parte inferior, aquece a água, a fragrância natural vai sendo liberada lentamente no ambiente. O uso desse tipo de difusor ou vaporizador é desaconselhável em áreas com grandes correntes de ar ou enquanto se dorme. Entre os aromatizadores elétricos, já existem aqueles que informam a quantidade de óleo essencial a ser utilizada. Os aromatizadores elétricos trabalham por processo de difusão, por evaporação ou simplesmente por propagação de partículas de óleos essenciais.
  • Aromatizador de varetas: em um recipiente de vidro de 200 ml, adicione 100 ml de água destilada e 100 ml de álcool de cereais a 10 gotas do óleo essencial de sua preferência. Misture bem e deixe a mistura tampada descansando por 3 dias. Depois abra o frasco e adicione a água destilada e misture novamente. Coloque as varetas de madeira (tipo espetinho) dentro e posicione as varetas de forma que fiquem espalhadas. Esse aromatizador deve durar cerca de 20 dias, sendo uma forma segura e eficiente de melhorar o aroma dentro de casa ou no trabalho, por exemplo.
  • Aromatizador em spray: coloque 30 gotas do óleo essencial de sua preferência em uma  garrafa de vidro e acrescente 350ml de álcool de cereais. Guarde-a fechada dentro de um armário fechado durante 18 horas e depois abra e deixe-a aberta num local arejado por mais 6 horas para que o álcool seja eliminado naturalmente. Depois acrescente 100ml de água destilada, misture bem e coloque a mistura num frasco com vaporizador. Pulverize pelo ar dentro de casa sempre que houver necessidade.
  • Banhos terapêuticos: no banho quente, os óleos essenciais entram em contato com a pele ao mesmo tempo em que são inalados e a absorção de suas propriedades ocorre tanto pela epiderme quanto pelo sistema respiratório. Em banhos de imersão são necessárias de 15 a 20 gotas de óleo essencial para uma banheira tamanho padrão, além de uma colher de óleo carreador, para que ajude a dispersão na água. Uma boa alternativa é fazer o óleo de banho com 100 ml de óleo vegetal de germe de trigo, óleo vegetal de semente de uva ou óleo vegetal de amendôas doces. Você pode misturar em iguais proporções ou como desejar os três óleos. Nessa mistura de 100 ml de óleo que agirá como carreador, devem ser acrescentadas 75 gotas de óleos essenciais da sua preferência. Para misturá-los, basta agitar bem. Guarde o blend obtido em um vidro âmbar e use uma colher de sopa para cada banho. A mesma mistura também pode ser usada no chuveiro, após a ducha. Para finalizar, basta enxaguar-se com uma ducha de água mais fria que a usada no banho.
  • Compressas: em um recipiente, acrescente um litro de água bem quente e aproximadamente 10 gotas de óleo essencial. Mergulhe uma toalha de mão ou uma fralda de pano na tigela, retire o excesso de água e a coloque sobre a área desejada. Repita essa operação quantas vezes achar necessário. As compressas são ideais para artrites, reumatismos, dores articulares, de cabeça ou musculares. Para fazê-las frias, o procedimento é o mesmo.
  • Escalda-pés ou pedilúvio: para refrescar pés doloridos e cansados, utilize uma bacia com 2 litros de água quente e, aproximadamente, de 10 a 15 gotas de óleos essenciais adequados, você pode ainda acresentar algum veículo como sal do himalaia e/ou óleos vegetais.
  • Inalação por meio de lenços: é uma maneira fácil de utilizar os óleos essenciais. Basta adicionar de 3 a 4 gotas de óleo essencial em um lenço e inalar profundamente. Excelente para resfriados, dores de cabeça, enjoos de viagem ou simplesmente para aliviar o cansaço.
  • Inalação em inalador elétrico: coloque 10 ml de soro fisiológico, e acrescentar apenas 01 gota do óleo essencial desejado, seja este para problemas respiratórios, ou para acalmar.
  • Travesseiro e roupas de cama: perfumar o travesseiro com 2 ou 3 gotas de óleo essencial é ótimo para relaxar ou aliviar o estresse e se livrar da insônia. Coloque as gotas em um pad de algodão e coloque-o entre a fronha e o travesseiro. Você também pode borrifar sobre o travesseiro e a roupa de cama com o aromatizador em spray.
  • Sachês ou Pout-Pourri: para deixar um aroma agradável dentro dos armários ou em qualquer ambiente da casa, use recipientes como rolhas, algodão, folhas ou trouxinhas de tecido. Para aromatizar qualquer um desses materiais, pingue algumas gotas de óleo essencial. Posteriormente, espalhe-os onde quiser. Para as sapateiras, o mais indicado é utilizar bolinhas de madeira ou chumaços de algodão, com gotas de óleos essenciais de tea tree, menta  ou cipreste que tem propriedades bactericidas.

Enfim, acredito que tenha lhe dado todas as ferramentas para entrar de cabeça, ou melhor, de nariz, nessa incrível arte que é a aromaterapia. Tire proveito das plantas como os antigos já faziam e trate não só seu corpo, mas todo o caminho por onde o aroma passar!

JAMAR TEJADA


Todas as quartas-feiras temos conteúdos exclusivos sobre métodos naturais para cuidarmos da saúde e do corpo… Daquele jeito que nós amamos!

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Contato: (11) 3063-1333

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